Especialista aponta quais alocações podem ser mais interessantes para cada perfil
As medidas anunciadas por Donald Trump desde a sua volta à presidência dos EUA têm gerado um clima de incertezas no mercado financeiro. Na última semana, o presidente americano confirmou a taxação das importações de aço e alumínio em 25%, sem isenções ou exceções para alguns países. Com uma economia americana mais fechada, é esperada uma migração de capital para os EUA – sobretudo se houver incentivos tributários para empresas e investidores.
No Brasil, novas ações a partir de outra recente troca de presidência chamam a atenção dos investidores. A chegada de Gabriel Galípolo ao maior posto executivo do Banco Central acontece sob forte pressão do mercado financeiro, em um cenário de aumento dos juros e do dólar. Em janeiro, a Selic atingiu 13,25% com previsão de novas altas pelo Copom em razão da inflação. Mas a expectativa do mercado não descarta que a taxa básica supere 15% ao ano em 2025.
“Temos um quadro de crise de confiança, dilatado, em parte, pela confusão de expectativas do mercado no final de 2024, e que tem nos aproximado cada vez mais do topo desse ciclo de alta dos juros. Com isso, já temos sinais de desaceleração da atividade econômica no Brasil. Esse pano de fundo pode ganhar corpo ou se dissipar à medida que a atividade econômica sofre variações, exigindo do investidor brasileiro mais maturidade e olhos atentos em oportunidades para diversificar a carteira”, explica Daniel Alberini, diretor e sócio da Quartzo Capital.
Apesar do alerta sobre os mercados e ações pressionadas, alguns papeis ganham impulso e oferecem boas oportunidades para alocação de recursos. Outros merecem cautela e atenção do investidor, especialmente para quem pretende internacionalizar a carteira – como no caso da Bolsa Americana.
Mar positivo de liquidez para renda fixa
A primeira metade do ano pode ser vista com bons olhos para quem investe em papeis de renda fixa, com retornos relevantes – especialmente os com liquidez D +0. É o caso do Quartzo Cash da Quartzo Capital, que vem rendendo a 105% do CDI.
Para o especialista, operações pré-fixadas também ganham destaque, com maiores benefícios nas alocações em títulos públicos. “É um tipo de produto que sempre vai preencher uma parcela relevante da carteira do investidor na parte de renda fixa, então vale apostar em alocações pré-fixadas como um ativo relevante”, explica.
Segundo semestre pode favorecer perfis mais arrojados
Alberini analisa que a economia dos EUA pode se fortalecer com as medidas de Trump e garantir uma nova rodada, tornando alocações pontuais uma escolha interessante no primeiro semestre. No entanto, companhias de tecnologia podem não ser as melhores opções. “Muitas companhias sofreram nos últimos meses com tantas incertezas, então é importante ponderar quais estão mais atrativas”, ressalta.
Com a proximidade das eleições de 2026, o mercado brasileiro ganha tom de probabilidades no segundo semestre. Após altas nas taxas de juros nos primeiros meses de 2025, a expectativa é de quedas na segunda metade do ano – o que pode favorecer ativos como os FIIs.
Os fundos imobiliários têm enfrentado um cenário ruim com a alta dos juros e da vacância em alguns mercados. A possível taxação desses produtos também encobriu o assunto de incertezas por parte dos investidores, reflexo do ruído em torno do veto presidencial à isenção de impostos desses ativos. Mas há quem encontre boas oportunidades em alocações nesses papeis a partir do segundo semestre, com a previsão de queda dos juros.
Ativos de renda variável com juros prefixados também podem ser uma boa pedida. “É um mercado que está barato, pois vem sofrendo com essa incerteza. Há alguns anos a renda variável tem sido o patinho feio do desempenho nas carteiras dos investidores. A depender do apetite do investidor, é possível que esses papeis ganhem mais força, principalmente com abertura do cenário eleitoral”, aponta.