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Combinação entre flexibilidade e tecnologia deve estar no radar da saúde suplementar

Farias Pereira de Sousa, presidente da Allcare Gestora de Saúde / Foto: Divulgação
Farias Pereira de Sousa, presidente da Allcare Gestora de Saúde / Foto: Divulgação

Confira artigo de Farias Pereira de Sousa, presidente da Allcare Gestora de Saúde

O plano de saúde está entre os benefícios corporativos mais desejados pelos trabalhadores, conforme já apontado por diversas pesquisas, entre elas um levantamento recente da consultoria de recrutamento Robert Half. É um dado importante, em especial numa realidade como a do Brasil, onde menos de 24% da população conta com esse tipo de seguro – desse montante, 70,9% correspondem a planos coletivos empresariais, de acordo com dados disponibilizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em junho de 2024.

Ofertar plano de saúde, nesse contexto, é uma estratégia que precisa ser considerada para a atração e a retenção de talentos. Ao mesmo tempo, o benefício, por mais que seja fundamental para encantar bons profissionais, é significativamente custoso para as empresas, chegando, em alguns casos, a ser o segundo maior gasto das companhias brasileiras, atrás somente da folha de pagamento.

Destaque-se que os custos dos planos de saúde coletivos têm aumentado de forma considerável nos últimos anos. Em 2023, enquanto o reajuste dos planos individuais ficou em 9,63%, os convênios empresariais aumentaram entre 13,91% e 18,51%, dependendo do número de vidas coberta.

A situação é delicada e não há “fórmula mágica” que a solucione, mas talvez a resposta esteja em unir flexibilidade e tecnologia, investindo em programas de benefícios que deem mais liberdade de escolha aos colaboradores quanto a serviços de saúde e bem-estar e tragam mais eficiência para as empresas. A personalização é outro fator relevante, pois os colaboradores vêm demonstrando o desejo de ter acesso a benefícios cada vez mais personalizáveis.

É interessante, assim, que as possibilidades abarcadas ultrapassem as consultas tradicionais e exames, englobando, por exemplo, modelos similares à da Estratégia Saúde da Família (ESF), com especialistas em atenção primária, essencial para prevenir e controlar doenças crônicas não transmissíveis (DNCT), que no Brasil vitimam mais de 700 mil pessoas por ano e têm alto potencial incapacitante. Mais do que tratar as enfermidades, a Atenção Primária à Saúde (APS) cuida das pessoas, agindo sobre as principais causas de problemas de saúde e ameaças ao bem-estar.

Além do mais, por experiência própria e prática em projetos dos quais participei nos últimos anos, posso afirmar que uma atenção primária de qualidade leva à redução gastos totais em saúde e melhora a eficiência, reduzindo internações. Para as empresas, ofertar benefícios corporativos relacionados à atenção primária certamente traz melhores resultados.

A tecnologia também é uma aliada primordial. Pensemos na telemedicina. No ano passado, mais de 30 milhões de consultas remotas foram realizadas no Brasil, segundo dados da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). O número representa um aumento de 172% em comparação com o que se teve no período compreendido entre 2020 e 2022, quando a prática foi regulamentada no país (Lei n. 14.510/2022).

Trata-se, ademais, de uma solução importante para democratizar o acesso à saúde, reduzindo o impacto da concentração de profissionais nos grandes centros. Ainda que haja mais de meio milhão de médicos em atividade no Brasil, eles se concentram em determinadas áreas, o que aprofunda um cenário de desigualdade. A telemedicina poderia ajudar a solucionar essa questão.

Mesmo assim, temos que frisar que, até o momento, a telemedicina não atingiu todo o seu potencial, o que deve mudar com o advento de novas tecnologias, atreladas ao suporte de outros profissionais de saúde, como enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros.

Lembremos, por fim, do fato de que a população está cada vez mais envelhecida, conforme a expectativa de vida aumenta anualmente (que bom!). Indispensável, então, que surjam alternativas ao tradicional modelo de saúde suplementar, seguindo a lógica de ecossistema, a fim de integrar e ampliar as possibilidades de atendimento de acordo com as necessidades do paciente e, consequentemente, impulsionar a satisfação dos beneficiários.

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