Grandes eventos esportivos mundiais e regionais, como Olimpíadas, Copa do Mundo, Eurocopa e Copa América, abrem oportunidades para fraudadores digitais
É uma percepção comum que o grande interesse de torcedores pelas competições esportivas, sejam elas regionais ou mundiais, aumenta a movimentação de turistas em seus locais de acontecimento. Mas um espetáculo esportivo pode interferir nas fraudes bancárias? A resposta é sim, e com o início dos Jogos Olímpicos de Verão, que este ano acontecem em Paris, França, a chance de isso se comprovar é bastante grande.
De acordo com dados analisados pela Biocatch, empresa especialista na detecção de fraudes digitais e na prevenção de crimes financeiros por meio de inteligência biométrica comportamental, a movimentação aumentada de pessoas representa uma janela de oportunidade para os fraudadores. Em uma pesquisa para as Olimpíadas de Paris, realizada pela BioCatch, os dados mostram que o aumento da população, devido a adição dos turistas, deve ampliar consideravelmente o número de golpes. “A capital francesa espera receber mais de 15 milhões de turistas durante os Jogos Olímpicos, gerando uma estimativa de € 3,75 bilhões em benefícios econômicos”, disse Tom Peacock, Diretor de Inteligência Global de Fraudes da empresa. “Porém, isso cria um terreno fértil para fraudadores, que buscarão tirar sua parte. O espetáculo dos Jogos tem o potencial de distrair tanto parisienses, quanto visitantes das melhores práticas de segurança, tornando-os mais vulneráveis a fraudes”.
Mais pessoas, mais chances de golpes. Mas o momento menos perigoso durante uma grande competição envolvendo nações é exatamente enquanto a disputa acontece. Uma análise de dados de eventos esportivos passados, como as Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar) mostra uma tendência impactante: a redução significativa dos ciberataques durante os jogos de países que possuem uma grande base de amantes de futebol, como o México (87% de diminuição nos ataques) e o Brasil (21%). Tais tendências também podem ser estendidas a campeonatos regionais, como o caso da Copa América, realizada entre junho e julho. No Brasil, na Argentina e no México, o tráfego geral de pessoas conectadas diminuiu em 6%, 12% e 31%, respectivamente, no número de acessos a bancos online durante o período das partidas. Ou seja: fraudadores também gostam de assistir às partidas dos seus esportes favoritos.
Roubo de dispositivos é primeiro passo para fraudes
O promotor-chefe de Paris alertou sobre gangues europeias e sul-americanas especializadas em roubos de rua que inundarão as ruas de Paris durante os Jogos. A BioCatch alerta que isso pode levar a um aumento no roubo de dispositivos – um problema já crescente no continente. “Londres registrou um aumento de 151% em fraudes de dispositivos móveis no ano passado”, disse Peacock. “A maior parte desses dispositivos roubados acaba na China, onde são desmontados em peças. Mas, em muitos casos, os ladrões são também fraudadores digitais e utilizam o aparelho para fazer login em aplicativos de bancos on-line, causando estragos”.
Os consumidores devem ficar alerta e, se ainda não observaram, devem esperar uma enxurrada de ataques de phishing relacionados aos Jogos Olímpicos, em que cibercriminosos enchem caixas de e-mail com promessas de vendas de ingressos de última hora. “A fraude é um processo de seleção natural”, afirmou Matthew Platten, Gerente de Pré-Vendas da BioCatch França. “Não podemos subestimar a criatividade desses cibercriminosos. Eles não apenas buscarão se passar pela marca olímpica, mas também como patrocinadores dos Jogos – Coca-Cola, Samsung e Visa, para citar alguns – que oferecem aos fraudadores uma grande variedade de oportunidades adicionais de phishing e golpes de personificação”.