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Como combater a liderança tóxica nas organizações?

Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP) / Foto: Divulgação
Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP) / Foto: Divulgação

Saiba mais sobre o que as organizações podem fazer para combater a liderança tóxica

Uma pesquisa conduzida pelo Talenses Group revelou um cenário alarmante no ambiente corporativo brasileiro: 87% dos profissionais entrevistados afirmaram já ter convivido com líderes tóxicos, enquanto 62% decidiram se demitir devido a essa convivência prejudicial. O estudo, realizado em maio com 590 profissionais de diferentes níveis hierárquicos, destaca como o abuso de poder, a manipulação emocional e a comunicação violenta estão entre os principais traços de uma liderança destrutiva.

Os impactos vão além da carreira profissional

Os entrevistados que enfrentaram esse tipo de liderança relataram consequências graves, como piora na saúde mental, baixa autoestima e desmotivação. Essas práticas, muitas vezes veladas, configuram o que especialistas chamam de “violência silenciosa”, capaz de instaurar o medo e inibir o espírito de colaboração essencial para a produtividade e inovação no trabalho.

A psicóloga organizacional Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP), alerta que líderes tóxicos comprometem não só o bem-estar dos funcionários, mas também a sustentabilidade das organizações. “Mesmo em organizações que buscam altos padrões de desempenho e excelência, é importante reconhecer que a perfeição é inatingível e que os líderes também são humanos, com falhas e imperfeições. Organizações que não estão neste estágio de consciência vão perder funcionários engajados e não vão sobreviver a longo prazo”, destaca Patricia.

O papel do líder imperfeito na transformação organizacional

No livro Livre para Falar – Como a Segurança Psicológica Pode Ser a Principal Alavanca para Garantir a Sustentabilidade do Seu Negócio (Editora Paraquedas, 2023), Patrícia aborda como criar “organizações não violentas”. Segundo ela, a chave para superar a violência silenciosa está em desenvolver líderes imperfeitos, mas conscientes de seu papel como embaixadores da segurança psicológica.

Em entrevista exclusiva, Patrícia detalha cinco ações fundamentais que podem transformar líderes tóxicos em agentes de mudança:

  1. Aceitar a vulnerabilidade
    “Para um líder, é essencial reconhecer e aceitar a própria vulnerabilidade e imperfeição. Ele precisa ter autoconsciência de suas limitações e estar disposto a aprender com os erros”.
  2. Promover uma cultura de aprendizado
    Substituir a busca pela perfeição por um ambiente de aprendizado contínuo encoraja a experimentação e valoriza novas ideias. “Isso inclui aceitar erros quando há intenção de acertar”, explica Patrícia.
  3. Valorizar a autenticidade
    “Um líder é o reflexo da própria pessoa. Seremos líderes incompletos se deixarmos parte de nós do lado de fora ou se continuarmos colocando ‘máscaras’”, reforça.
  4. Encorajar a colaboração
    Em tempos de mudanças rápidas, a colaboração é indispensável. “Hoje, os processos de decisão são cocriativos e colaborativos. Valorizar diferentes contribuições é essencial”.
  5. Humanizar as relações
    Patrícia defende que líderes devem criar espaços onde todos se sintam livres para falar sem julgamento e valorizados por suas contribuições. “Esse ambiente é crucial para aumentar o desejo de colaborar e contribuir para o sucesso da organização”.

Um alerta para o futuro

Se as empresas desejam prosperar no longo prazo, a transformação começa pelo reconhecimento de que líderes têm falhas, mas também possuem a capacidade de se tornarem aliados na construção de ambientes saudáveis e produtivos. Ignorar a presença de lideranças tóxicas não é mais uma opção: trata-se de um compromisso com o bem-estar dos profissionais e com a sustentabilidade do negócio.

Essa reflexão é mais urgente do que nunca, especialmente em tempos em que a saúde mental e a valorização humana se tornaram fatores críticos para o sucesso corporativo.

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