Pesquisas mostram que 87% dos profissionais consideram oportunidades de voluntariado um fator na decisão de permanecer ou ingressar em uma empresa
“Ninguém me pediu dinheiro; eles só queriam conversar”. Foi assim que a economista Gabriela Caiuby decidiu fundar a ONG Gamboa Ação, ao encontrar crianças em situação de miséria pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, em 2014. Celebrando o Dia Nacional do Voluntariado no Brasil, 28 de agosto, uma história que narra como programas empresariais de voluntariado está impactando o mundo.

Na prática: o que acontece quando você decide transformar
No Brasil, dados do BISC 2024 apontam 27% de colaboradores engajados nas empresas participantes, o que representa 134.825 voluntários em 2023 — sinal de escala e profissionalização. Para a empresa, os benefícios também são claros: além do impacto comunitário, o voluntariado melhora a experiência de trabalho, reforçando vínculos e promovendo uma cultura organizacional leve e integrada.
O Reconect, programa de voluntariado da Petronect, mostra como uma empresa pode impactar a sociedade para além da sua operação. Desde 2021, o programa vem realizando ações de responsabilidade socioambiental que agregam tanto à marca da Petronect enquanto empresa sustentável quanto ao meio ambiente e a sociedade como um todo.
A Gamboa Ação, organização parceira do Reconect desde o início de 2025, atua assistindo jovens e crianças da zona portuária do Rio, que estão em situação de vulnerabilidade social. A economista e fundadora da ONG, Gabriela Caiuby, conta que tudo começou em 2014, com um encontro casual com crianças fora da escola e em situação de extrema miséria: “Ninguém me pediu dinheiro; eles só queriam conversar”, lembra. O que veio depois foi uma rede de apoio, a formalização da ONG e um método com atividades de educação, arte, esporte, tecnologia, saúde e hábitos de higiene.
A Gamboa Ação conta com uma gestão de voluntariado com imersão na infância. Os dias destinados a receber voluntários são utilizados para “infantilizar” de novo crianças que foram adultizadas pela violência: “É um dia de brincadeira, arte e cuidado. Isso transforma comportamento, as famílias e o território”, explicou a fundadora.

No Reconect, algumas organizações acompanham a história do programa desde o início. A Associação Beneficente São Martinho, no centro do Rio, foi a primeira a integrar o programa de voluntariado da Petronect. Com a missão de atender os mais vulneráveis de forma humanizada e acolhedora, a associação vem transformando a realidade de crianças e adolescentes dos arredores da Lapa por meio da educação desde a década de 80.
O Programa de Aprendizagem Profissional da associação, que atua de acordo com a Lei 10.097, promove cursos e palestras de capacitação a aprendizes que estão se preparando para ingressar no mercado de trabalho, tudo isso por meio de empresas parceiras que cedem seus colaboradores como voluntários. A Petronect faz parte do programa desde 2022, onde já ajudou a capacitar mais de 300 jovens.
O coordenador do programa, Arnaldo Lobo, destaca a importância dos voluntários na formação dos futuros profissionais: “Com os voluntários e parceiros, ampliamos a visão do jovem para além do mundo do trabalho. Eles trazem temas de empregabilidade e habilidades digitais que conversam com a realidade dos nossos aprendizes. Isso abre caminhos e portas”, explicou.
Em sala de aula, a mudança aparece no dia a dia.“Eles entram de um jeito e saem de outro”, diz a instrutora da associação, Grazielle Santiago, sobre os joves assitidos pelo projeto. Por meio do programa de voluntariado, os colaboradores da Petronect abordam uma diversidade de temas que vão desde Finanças a Uso Estratégico do LinkedIn.
A diversidade de perfis também faz diferença: “Quando o palestrante tem idade próxima a dos aprendizes, a identificação é imediata. Eles saem dizendo ‘eu posso chegar lá’ ”, destacou a instrutora.
Segundo a associação, muitos dos jovens aprendizes são efetivados antes mesmo do contrato terminar, por conta da evolução que apresentam ao longo do programa de aprendizagem. A pedagoga da São Martinho, Eliane Lopes, reforça: “Vimos jovens sendo efetivados em marketing, comunicação e administração, por exemplo. A preparação que eles recebem ao longo do programa, somada às ações de voluntariado, muda comportamento e expectativa de futuro.”
O que faz um bom programa?
As melhores práticas mostram caminhos simples: definir objetivos de impacto e metas para os empregados, oferecer trilhas complementares para quem quer se aprofundar no voluntariado, facilitar a adesão com comunicação interna contínua, tempo liberado e reconhecimento.
Além disso, é muito importante conectar-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), a parceiros qualificados (redes locais, universidades, ONGs) e dar visibilidade às histórias reais que nascem das ações — porque elas mobilizam mais do que números. No fim, quando empresas, ONGs e voluntários se encontram com intencionalidade, quem ganha é a comunidade, o time e o próprio negócio. Afinal, não há maior vantagem competitiva que se diferenciar por sua atuação responsável com aquele que é o lar de todos: o planeta Terra.
A gestora do programa de voluntariado da Petronect, Clarissa Silveira, destacou: “O Reconect fortalece nosso compromisso com o valor sustentabilidade e com a Agenda 2030, atuando para além do ambiente corporativo e reforçando nossa responsabilidade enquanto instituição privada de contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade e da preservação ambiental”.
Do ponto de vista de quem veste a camisa, o especialista em Operações na Petronect, Evando de Souza, diz o que o motiva a se voluntariar: “Eu me sinto um privilegiado pela vida e pelas oportunidades que tive. Sei que nem todo mundo teve essa mesma sorte, então poder ajudar de alguma maneira é muito gratificante para mim”, contou.

Em 2024, a Petronect realizou mais de 30 ações, mais de 60 dias de trabalho doados por colaboradores em trabalhos voluntários e 1.200 livros infantis distribuídos, além de mobilizações solidárias na crise do Rio Grande do Sul. Em parceria com a São Martinho, o Projeto Capacita impacta mais de 300 jovens por ano desde 2022. A empresa libera participação durante o expediente e concede folgas, reconhecendo o papel transformador do engajamento voluntário.