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Compliance: será o fim da gambiarra corporativa?

Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria / Foto: Isaque Martins
Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria / Foto: Isaque Martins

Confira artigo de Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria

O Brasil é o país da criatividade, da solução improvisada, do famoso “jeitinho”. Mas quando falamos de empresas, essa flexibilidade pode custar caro. Aqui entra o conceito de compliance, uma palavra que virou mantra no mundo corporativo e que, a rigor, significa algo simples: seguir regras. Parece óbvio, mas a prática mostra que não é tão simples assim.

O termo vem Inglês, to comply, que significa estar em conformidade. No contexto empresarial, trata-se de garantir que uma organização siga todas as leis, normas e regulamentos aplicáveis ao seu setor. Mas não se trata apenas de evitar multas ou problemas legais; é, sobretudo, um compromisso com a ética e a transparência.

Nos últimos anos, o termo ganhou força no Brasil, impulsionado por escândalos de corrupção e pela necessidade de empresas se adequarem a padrões internacionais. Setores como financeiro, saúde e tecnologia viram a regulamentação aumentar e, com isso, cresceu a demanda por estruturas robustas de governança e integridade.

Se antes as empresas viam o compliance como um custo desnecessário, hoje ele se tornou essencial para a sobrevivência e competitividade dos negócios. Um bom programa de compliance inclui códigos de conduta claros, com regras bem definidas para orientar as ações dos funcionários; treinamentos constantes, pois a cultura de integridade precisa ser ensinada e reforçada; canais de denúncia, garantindo meios seguros para que irregularidades possam ser reportadas sem medo de represálias; e monitoramento e auditorias, assegurando que as regras estão sendo seguidas e permitindo a correção de desvios.

Desafios e perspectivas para a implementação do compliance

Um dos maiores desafios dessa prática no Brasil não está na legislação, mas na cultura. Há um histórico de desconfiança nas instituições, um ceticismo generalizado de que “quem segue as regras sai perdendo”. Esse pensamento, profundamente arraigado, faz com que muitos enxerguem compliance como burocracia excessiva, um entrave à eficiência. Mas será mesmo?

Os casos de empresas que adotaram uma cultura forte de compliance mostram o contrário. Negócios que investem em transparência ganham credibilidade no mercado, evitam perdas financeiras com fraudes e multas e ainda atraem talentos que valorizam um ambiente ético.

Muitas startups e empresas de tecnologia questionam se compliance e inovação são compatíveis. A resposta é sim. Empresas que inovam dentro das regras têm mais chances de crescimento sustentável. Regulamentações não são inimigas da criatividade, mas sim balizas que garantem que o jogo seja justo para todos.

Cada vez mais, compliance deixará de ser visto como um diferencial para se tornar um pré-requisito. Empresas que ignoram essa realidade correm riscos significativos, tanto financeiros quanto reputacionais. Os investidores, os clientes e a sociedade estão atentos. Não há mais espaço para improviso quando o assunto é integridade.

A era da gambiarra corporativa está com os dias contados, mas será que o “jeitinho” vai realmente desaparecer? O que é certo é que o compliance vem ganhando cada vez mais força, impondo limites aos que não têm compromissos com as regras. No entanto, o Brasil, com sua criatividade ímpar, sempre tem um jeito de dar um novo contorno às regras. A questão é: até onde esse “jeitinho” vai resistir, enquanto as empresas enfrentam os desafios de um mercado cada vez mais atento e exigente em relação à ética e à transparência? É preciso se adaptar – e a tempo!

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