Com piora na percepção dos consumidores sobre sua situação financeira atual e futura, o índice diminui desde dezembro de 2023
O Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela PiniOn para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), alcançou, em março, 99 pontos, diminuindo 2,9% em relação a fevereiro e 3,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, respectivamente. A sondagem foi realizada com uma amostra de 1.711 famílias, a nível nacional, residentes em capitais e cidades do interior.
Trata-se da quarta queda mensal consecutiva e da terceira contração em relação a igual mês do ano anterior desde janeiro de 2021, época marcada pela pandemia e pelo isolamento social. O nível alcançado pelo INC passa a situar a confiança do consumidor no campo pessimista (abaixo de 100 pontos).
Houve queda da confiança em todas as regiões do país, com exceção do Sul, onde o índice mostrou estabilidade. No recorte por classes socioeconômicas, houve diminuição nas classes C e DE e estabilidade para a classe AB.
Para o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, em termos gerais, houve maior deterioração da percepção das famílias em relação à sua situação financeira futura, embora tenha aumentado a segurança no emprego.
“O recuo da confiança do consumidor resultou em diminuição da disposição a comprar itens de maior valor, como carro e casa, e também da intenção de adquirir bens duráveis. A propensão a investir, por outro lado, mostrou leve aumento”, completa Ruiz de Gamboa.
Em síntese, o INC de março continuou mostrando diminuição da confiança do consumidor em relação ao mês anterior e na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A tendência negativa do indicador reflete o processo de desaceleração da economia, iniciado no ano passado, num contexto de elevado endividamento das famílias, juros ainda muito altos e aumentos dos preços dos alimentos, que prejudicam relativamente mais as famílias pertencentes aos segmentos de renda mais baixos.
“A evolução da confiança do consumidor durante os próximos meses dependerá fundamentalmente das perspectivas da renda e do emprego, que, até o presente momento, são de menor crescimento em relação ao ano passado.” conclui o economista da ACSP.