A redução da confiança dos consumidores paulistas resultou em menor propensão à compra de itens de maior valor, como carro e imóveis, e bens duráveis, como geladeiras e fogões
O Índice de Confiança do Consumidor Paulista (ICCP), elaborado pela PiniOn para o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), alcançou 95 pontos em julho, registrando quedas de 5,0% em relação a junho e de 7,8% na comparação com o mesmo mês de 2024.
A retração mensal faz o ICCP retornar ao campo pessimista (abaixo de 100 pontos), marcando o quarto recuo consecutivo no ano.
No recorte por classes socioeconômicas, o ICCP apresentou resultados mistos: houve aumento de confiança entre famílias da classe DE e queda entre aquelas das classes AB e C.
A percepção das famílias quanto à situação financeira atual piorou, com destaque para a redução da segurança no emprego. Além disso, houve deterioração nas expectativas futuras em relação à renda e ao mercado de trabalho.
Esse cenário de menor confiança levou à redução da intenção de compra de bens de maior valor, como veículos e imóveis, além de itens duráveis, como geladeiras e fogões. Também diminuiu a disposição dos consumidores em investir no futuro.
Cidade de São Paulo
Por sua vez, o Índice de Confiança do Consumidor da Cidade de São Paulo (ICCSP) alcançou 87 pontos em julho, com quedas de 6,4% em relação a junho e de 7,4% na comparação interanual. O resultado mensal intensifica o pessimismo, mantendo o indicador abaixo da linha dos 100 pontos.
Na capital, a confiança caiu em todas as classes sociais, com destaque para a classe AB que apresentou a maior retração.
Também houve piora das percepções em relação à situação atual, com redução da segurança no emprego, e das expectativas futuras de emprego e renda. A maioria dos entrevistados demonstrou menor interesse em adquirir bens de maior valor e itens duráveis, além de menor disposição para investir.
Em síntese, em julho, tanto o ICCP quanto o ICCSP mostraram retração, tanto na comparação mensal quanto na anual. O primeiro retornou ao campo pessimista, enquanto o segundo aprofundou seu grau de pessimismo.
Para o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, “a piora da confiança dos consumidores paulistas e paulistanos poderia ser explicada pelo alto grau de endividamento das famílias e pelos efeitos negativos das elevadas taxas de juros sobre a atividade econômica, que já começam a ser percebidos, apesar da resiliência do emprego e da renda”, afirma.
O economista ainda conclui: “A desaceleração econômica, que já se manifesta no Estado de São Paulo, poderá continuar gerando queda na confiança dos consumidores ao longo dos próximos meses”.