O Índice de Confiança de Serviços (ICS), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) caiu 2,7 pontos em janeiro. Com 89,5 pontos, este é o menor nível desde fevereiro de 2022 (89,2 pontos), e o quarto mês consecutivo de queda. O índice também recuou 3,2 pontos em médias móveis trimestrais, mantendo a tendência negativa.
Segundo o economista Felipe Ohana, a condição de incerteza quanto às contas fiscais cria uma insegurança para os empresários sobre o que vai acontecer com a inflação nos próximos meses. “A taxa de juros crescendo, ou seja, acima do que estava previsto antes, é um ponto importante para quem vai fazer investimento e para quem vai desenvolver a confiança no sistema, porque taxa de juros mais elevada significa transações econômicas menores. Considerado isso, a renda vai ser menor, seja associado à taxa de Selic mais alta e ao PIB previsto menor, por isso que a renda crescente de 3% em 2022 vai crescer somente 0,8% em 2023”, explica Ohana.
Ainda de acordo com a sondagem de serviços, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) cedeu 0,7 ponto, para 93,6 pontos, menor nível desde março de 2022 (90,9 pontos). A piora do indicador situação atual dos negócios, cuja queda foi de 2,0 pontos, para 92,8 pontos, contribuiu para esse resultado. Já o indicador de volume de demanda atual se acomodou, após cair nos últimos três meses com uma variação de 0,5 ponto, para 94,3 pontos.
Para Ohana, quando a renda cresce menos, a demanda por serviços que são muito elásticos cai. “A confiança nesse segmento cai, ou seja, se você fosse um empresário dessa área, você ia dizer, o crescimento da renda vai ser menor, não vamos gerar tantos empregos e, portanto, é de se esperar que a procura por serviços seja menor. Gastos maiores, pressão inflacionária e elevação da taxa de juros, esses três componentes fazem com que os empresários que vão alocar recursos tenham medo do futuro e, portanto, travem os seus investimentos”, aponta.
O Índice de Expectativas (IE-S) também caiu 4,6 pontos, para 85,5 pontos, menor nível desde março de 2021 (81,3 pontos). Os dois componentes do IE-S também caíram: o indicador de demanda prevista nos próximos três meses recuou 5,6 pontos, para 85,6 pontos; e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses recuou 3,7 pontos, para 85,5 pontos, menor patamar desde março de 2021 (84,3 pontos).
A Sondagem de Serviços de dezembro coletou informações de 1.520 empresas entre os dias 1º e 26 do mês.