Com o crescimento do mercado, se diferenciar virou uma regra para Corretores de Seguros
Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o setor de seguros brasileiro arrecadou R$ 400 bilhões em prêmios em 2023, um crescimento de cerca de 11% em relação ao ano anterior. No entanto, a expansão vem acompanhada de concorrência acirrada, principalmente com a entrada de novos players digitais e o avanço das insurtechs.
Além disso, o número de corretores de seguros no Brasil ultrapassa os 130 mil profissionais registrados, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep) — o que evidencia a necessidade de diferenciação no relacionamento com o cliente.
“Num cenário como esse, onde as ofertas são semelhantes e o cliente é bombardeado por opções, o que faz ele lembrar de você? A marca. A experiência. O posicionamento”, ressalta Arthur Moraes, especialista em comunicação e marketing e sócio da Gow Corretora de Seguros.
Segundo o especialista, muitas corretoras enfrentam o dilema de onde investir seus esforços e recursos quando o tempo (e o orçamento) estão apertados. A dúvida recorrente: “Invisto em divulgar minha marca ou foco nos produtos?”.
Arthur é categórico: “No mercado de seguros, o produto não é mais o diferencial. Todo mundo oferece basicamente as mesmas coberturas, com seguradoras similares. O que faz o cliente escolher uma corretora em vez de outra é a confiança — e ela nasce da marca”.
Produtos padronizados, decisões emocionais
Arthur compara o setor com o mercado de delivery gourmet: “Todo mundo oferece hambúrguer com cheddar e bacon, mas o cliente escolhe baseado em quem entrega melhor, quem tem presença, quem ele confia. No seguro, não é diferente. O cliente quer segurança, e segurança começa na imagem que sua corretora transmite”.
Embora os produtos continuem essenciais, Arthur explica que não precisam ser o foco constante da comunicação. “Divulgue um ou outro quando fizer sentido: quando resolver uma dor real, quando o tema estiver em alta. Mas o foco precisa ser a sua corretora como referência confiável no assunto”.
Investimento em marca gera retorno em valor
De acordo com o relatório “State of Brand Building” da Nielsen, as marcas mais fortes crescem até 3x mais rápido que seus concorrentes em mercados maduros. Outro estudo, da McKinsey & Company, aponta que empresas com estratégias de branding bem definidas têm lucros até 20% maiores em média, mesmo atuando com produtos semelhantes aos de seus concorrentes.
“Uma marca forte protege o corretor da guerra de preços. Ela gera valor, atrai pela confiança e fideliza o cliente”, destaca Arthur. “Investir em marca não é custo — é estratégia”.
Branding como ativo estratégico
Para Arthur Moraes, branding não é apenas sobre estética ou presença online — é sobre criar conexão emocional e gerar confiança. “Quando você constrói uma marca forte, está dizendo ao cliente: ‘Pode confiar. Eu tô aqui. Sou de verdade. Vou cuidar do que é seu’”.
E essa confiança, segundo ele, é o que sustenta negócios no segmento de seguros, especialmente nos momentos mais sensíveis da jornada do consumidor — como quando ele precisa acionar uma cobertura. “Ninguém quer descobrir que contratou o ‘Zé Seguradora’ na hora do perrengue”, brinca.
Marca como escudo competitivo
Para pequenas e médias corretoras com orçamento limitado, a recomendação é clara: invista na marca. “Poste, apareça, conte história, crie vínculos com seu público. Porque vender seguro é, antes de tudo, vender confiança. E confiança vem de quem está por trás do produto — não do produto em si”.
Arthur finaliza com uma metáfora bem-humorada, mas poderosa: “Pode até chover corretora por aí… Mas se você tiver uma marca forte, o cliente vai querer se molhar no seu guarda-chuva”.