Conheça a história da campanha que colocou a prevenção do suicídio em pauta no Brasil

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Photo by Priscilla Du Preez 🇨🇦 on Unsplash

Iniciativa partiu do presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria após se aprofundar na história que originou a campanha

A Campanha Setembro Amarelo teve início nos Estados Unidos, em 1994, a partir de uma tragédia que comoveu uma comunidade. Naquele ano, o jovem Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou a própria vida. Mike era apaixonado por carros e havia restaurado um Mustang 1968, que pintou de amarelo. No funeral, familiares e amigos distribuíram cartões com laços amarelos e mensagens de apoio visando sensibilizar pessoas que enfrentavam dificuldades semelhantes às de Mike e também tivessem dificuldade em compartilhar. Depois da iniciativa da comunidade, isso virou uma campanha nos Estados Unidos. 

Inspirado por essa iniciativa da comunidade, Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), decidiu trazer a campanha ao Brasil em 2013. Ao conhecer a campanha, nos Estados Unidos, percebeu que o Brasil também precisava falar mais sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. A partir de 2014, a ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), inseriu a Campanha Setembro Amarelo no calendário nacional.

O suicídio é uma questão de saúde pública que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro. Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil no Brasil. A maioria dos casos está ligada a transtornos mentais não diagnosticados ou não tratados adequadamente, o que reforça a importância do acesso a tratamento psiquiátrico.

Nestes 11 anos de campanha, a ABP tem atuado ativamente na promoção de ações de conscientização em todo o Brasil, já tendo colaborado com empresas, instituições de ensino, órgãos governamentais e organizações da sociedade civil, realizando milhares de eventos, palestras e ações educativas que incentivam o diálogo aberto sobre saúde mental e prevenção de doenças. A campanha também levou a ABP para as principais Casas Legislativas do país, além de parcerias estratégicas, como a que fez com o Ministério da Defesa no ano passado, ampliando seu alcance em todo o território nacional.

A ABP desenvolveu cartilhas para que as pessoas tenham acesso facilitado a informações de qualidade e com embasamento científico de forma gratuita. As cartilhas têm orientações para pais e responsáveis sobre como abordar saúde mental com crianças e adolescentes, cartilha para profissionais da imprensa orientando como informar sobre casos de suicídio, pois esse tema quando tratado de forma inadequada pode gerar efeitos negativos como o aumento de casos. Também estão disponíveis cartilhas e outros materiais voltados para a população em geral sobre como e onde buscar ajuda.

O suicídio pode ser prevenido. Há diversas formas de prevenção e a principal delas é investir na prevenção de doenças mentais, especialmente nos serviços públicos de saúde. É fundamental garantir o acesso a atendimentos ambulatoriais com psiquiatras e equipes de saúde multiprofissionais e políticas públicas mais eficazes. Também é preciso ampliar o alcance de ações voltadas para a promoção da saúde, prevenção do suicídio e de campanhas para reduzir o estigma em relação às pessoas que sofrem de doenças mentais. 

Com o lema “Se precisar, peça ajuda”, a Campanha Setembro Amarelo busca justamente incentivar as pessoas a buscarem ajuda profissional e que a doença mental tratada de forma adequada e com o acolhido devido, pode previnir o suicídio de forma efetiva. Após mais de uma década, o Setembro Amarelo se consolidou como uma das maiores campanhas de conscientização sobre o tema no Brasil e a missão continua. O mês de setembro é simbólico, mas falar sobre saúde mental, prevenção de doenças e reivindicar tratamento gratuito e acessível para todos deve ser feito 365 dias no ano.

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