Confira artigo de Adriano Bruni, diretor comercial da Ademicon formado em Direito com Pós-Graduação em Gestão e Planejamento de Negócios
O setor de consórcios segue em plena ascensão. Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), nos primeiros nove meses de 2025, o segmento alcançou 3,83 milhões de cotas comercializadas, o que aponta um crescimento de 13,6% sobre o mesmo período de 2024. Além disso, acumulou R$ 367,23 bilhões em negócios, ficando 29,8% acima dos R$ 282,98 bilhões alcançados no ano passado.
Criada há mais de 60 anos, a modalidade é uma das formas tradicionais para aquisição de bens e serviços no Brasil. Ao longo do tempo, porém, o sistema colecionou rótulos que ainda persistem no imaginário popular como: “consórcio é só para quem não tem pressa” ou “consórcio é complicado demais”. Estes são alguns exemplos de mitos que envolvem o produto e que não resistem a uma análise atenta, especialmente diante da evolução do setor e das novas possibilidades que ele oferece.
A verdade é que o consórcio nunca foi sinônimo de espera indefinida. Ele é, em sua essência, uma ferramenta de planejamento financeiro. Explico: nesta modalidade o participante escolhe o valor de crédito desejado, seja para aquisição de imóveis, veículos, serviços ou outros bens móveis, e paga parcelas mensais compatíveis com seu orçamento. A contemplação acontece por sorteio ou lance, e há diferentes caminhos que permitem acelerar esse processo, de acordo com a estratégia e a capacidade financeira de cada consorciado.
Diferentemente do que alguns pensam, trata-se de um sistema sério e seguro, com sorteios feitos pela loteria federal, regulado pelo Banco Central do Brasil e com uma lei própria (Lei 11.795), desde 2008. Tais características, além de regras claras, segurança jurídica e gestão profissional, comprovam que o resultado do consórcio depende de planejamento e disciplina.
A ideia de que o consórcio tem um processo complicado também já ficou para trás. A digitalização do setor transformou a experiência do cliente: hoje, é possível simular planos, acompanhar lances e outros trâmites com total transparência e praticidade. Administradoras de consórcio têm sido protagonistas nessa transformação, aliando uma jornada de compra simples ao atendimento consultivo e a soluções que se adaptam ao perfil e necessidades de cada consumidor.
No que diz respeito às vantagens do sistema, entre as principais estão a ausência de juros e a correção anual do crédito, que preserva o poder de compra mesmo frente à inflação. Além disso, não existe entrada, e algumas empresas do setor até permitem o pagamento de parcelas reduzidas até a contemplação, tornando o acesso mais democrático e o planejamento viável.
Além de uma alternativa de compra, a modalidade se consolidou como um instrumento de educação financeira ao incentivar o consumo consciente, o investimento de forma disciplinada e a realização de planos sem comprometer as finanças. Em um país onde o crédito ainda é caro e escasso e o endividamento é alto, planejar-se por meio do produto representa não só uma escolha inteligente, mas também uma mudança cultural.
O maior desafio, portanto, não está no modelo, mas na percepção. Desfazer mitos e entender o consórcio como uma estratégia é o primeiro passo para que mais brasileiros descubram que o planejamento pode sim ser o melhor aliado na conquista de seus projetos e sonhos.
