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Contar apenas com o seguro do cartão de crédito pode barrar viajantes no setor de imigração

Procura por seguro viagem aumenta mais de 200% em 2023, aponta SulAmérica/ Foto: Unsplash
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Seguro viagem só do cartão de crédito é insuficiente e pode gerar problemas; Desde restrições de cobertura, até necessidade de arcar com as despesas para depois haver reembolso, ou até ser barrado na migração estão entre os perrengues geralmente constatados só na hora em que se precisa do amparo

De acordo com dados do Banco Central, no Brasil, há cerca de 85 milhões de usuários de cartões de crédito. As bandeiras desses cartões costumam incluir, entre os benefícios, seguro viagem gratuito para categorias mais elevadas (gold, platinum, black, infinite e similares). No entanto, é preciso estar atento: para boa parte das viagens, esse seguro dos cartões de crédito não é suficiente, e o viajante pode se dar conta disso tarde demais.

O alerta é do especialista Hugo Reichenbach, diretor de operações e sócio da Real Seguro Viagem, o primeiro comparador online de seguros de viagem do Brasil. Ele explica que, na grande maioria dos casos, o valor do seguro viagem oferecido pelas bandeiras de cartão de crédito como benefício sequer cobre o mínimo exigido em países que estão entre os destinos mais procurados. “Nesse caso, o viajante não consegue nem passar pelo setor de migração”, afirma.

Em média, o valor do seguro viagem dos cartões de crédito é de US$ 15 mil. Na Europa, por exemplo, o mínimo exigido é de 30 mil euros. Vale destacar que o seguro viagem é obrigatório para entrada em 29 países europeus listados no Tratado de Schengen (sobre a circulação de pessoas no continente), além de Cuba, Venezuela, Equador e no Oriente Médio (Afeganistão, Emirados Árabes, Irã, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia). Austrália e Irlanda exigem seguro para intercambistas.

Outro problema, adverte o especialista, é que a cobertura do seguro viagem dos cartões de crédito é feita, na maior parte, por reembolso. Ou seja, o viajante arca com as despesas do imprevisto (como o atendimento médico) e, posteriormente, é ressarcido. Com os planos das seguradoras, não: os custos já são supridos diretamente por essas empresas.

“Muitas vezes, o viajante não está em condições financeiras de arcar com aquela despesa para depois ser reembolsado, especialmente despesas com assistência médica, que são muito elevadas, sobretudo em alguns países, como os Estados Unidos. Além disso, o reembolso é burocrático: o segurado precisa primeiro contatar a bandeira do cartão de crédito, que, então, aciona a seguradora”, pontua Reichenbach.

Há ainda um detalhe que, por vezes, escapa da atenção do viajante: o benefício do seguro viagem do cartão de crédito só costuma valer se a compra da viagem (passagem, pacote) for feita com o cartão de crédito. “A pessoa pode achar que está segurada, mas só percebe que não está quando precisar e então se dá conta de que a ativação do benefício estava condicionada a essa forma de pagamento”, ressalta.

De qualquer maneira, ainda que todos esses detalhes sejam observados, há limitações de cobertura. Os seguros de cartões de crédito são menos abrangentes que os planos de seguro viagem, observa Reichenbach.

Há variações de bandeira para bandeira, todavia, em geral, não costumam contemplar dois dos problemas mais recorrentes: o extravio de bagagem e o cancelamento de voos. São restritas também as despesas com assistência médica, geralmente limitadas a atendimentos emergenciais, com tetos de valores quase sempre inferiores ao custo real desses atendimentos.

Diante desse cenário, o diretor de operações da Real Seguro Viagem avalia que o seguro dos cartões de crédito deve ser entendido como complementar a um plano de seguro viagem. “O seguro de viagem tradicional permite personalização, para cobrir aspectos específicos de cada viajante e sua viagem. O seguro dos cartões de crédito, além das restrições, é padronizado”, compara.

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