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COP30: Organizações e profissionais da saúde farão marcha histórica nas ruas de Belém dia 11 de novembro

Foto: Pexels
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Mobilização inédita vai reunir médicos, enfermeiros, estudantes, organizações e movimentos sociais para romper silêncio sobre saúde nas negociações climáticas

Médicos, enfermeiros, terapeutas, estudantes e representantes de organizações sociais vão ocupar as ruas de Belém (PA), no dia 11 de novembro, para defender um ponto cada vez mais urgente: a saúde é diretamente afetada pela crise climática. A mobilização vai acontecer durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) e é organizada pelo Movimento Médicos pelo Clima, idealizado pelo Instituto Ar, e pelo Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). Também farão parte da mobilização os movimentos Manas da Periferia, Coletivo Pororoka e Movimento Saúde Sustentável, e organizações como Médicos Sem Fronteiras e Global Climate and Health Alliance.

Para a médica Evangelina Araújo, Embaixadora do Movimento Médicos pelo Clima e diretora executiva do Instituto Ar, a marcha é uma resposta à ausência histórica do setor saúde nos espaços decisórios sobre clima. “A crise climática é também uma crise de saúde emergencial e que impactará milhões de brasileiros. A marcha pretende chamar atenção para a necessidade de atuação imediata na proteção dos nossos povos, especialmente os mais vulneráveis”, afirma. 

A diretora executiva da Global Climate and Health Alliance, Jeni Miller, enfatiza que falar de COP é falar de pessoas. “Quando representantes nacionais participam das negociações da COP30, podem achar que discutem emissões de carbono ou custos e impactos econômicos da ação climática. Na realidade, negociam a vida das pessoas. Cada decisão que tomam, seja sobre combustíveis fósseis, financiamento e acompanhamento da adaptação, seja sobre os princípios que sustentam uma transição justa, como a agricultura e o uso da terra devem ser geridos ou a prevenção de conflitos de interesse, tem consequências diretas para a saúde das pessoas agora e no futuro. Cada negociador tem a oportunidade de desempenhar um papel histórico na garantia de um futuro saudável para os povos de todos os países. É isso que está fundamentalmente em jogo na COP”. 

Saúde foi colocada em segundo plano nas negociações climáticas

Danielle Cruz, coordenadora do Movimento Saúde Sustentável, avalia que o debate sobre saúde sempre apareceu como tema secundário nas conferências climáticas. “O meio ambiente precisa ser visto como parte da promoção da saúde e não só como uma fonte de doenças que depois serão tratadas nos hospitais”. Segundo Danielle, a marcha também é uma forma de pressionar para que os profissionais de saúde da região amazônica e das periferias sejam ouvidos nas decisões sobre clima. “Estamos falando de populações que já vivem as consequências da crise ambiental. É aqui que as pessoas enfrentam seca, cheia, falta de peixe, contaminação da água e queimadas que agravam problemas respiratórios. Isso impacta a vida, o sustento e a saúde de comunidades inteiras”.

Danielle ressalta que saúde, clima e justiça social são pautas interligadas. “A gente quer florestas de pé, mas também pessoas vivas e saudáveis. Queremos que o clima seja tratado como fator determinante da saúde. Queremos sustentabilidade com justiça social e não só protocolos técnicos distantes da realidade da maioria da população brasileira. Estamos nos mobilizando para que isso aconteça”. 

Na organização Médicos Sem Fronteiras, as consequências da crise climática sobre populações vulnerabilizadas são testemunhadas diariamente. “Os exemplos são muitos. A saúde física e mental destas pessoas tem sido afetada por água de chuvas e do mar que avança, secas e queimadas, doenças transmitidas por mosquitos que agora se proliferam mais rápido e estão em lugares onde antes não chegavam. E a mudança no regime de chuvas também afeta cultivos e a segurança alimentar, causando desnutrição”, explica a diretora executiva de Médicos Sem Fronteiras Brasil, Renata Reis.  “Por tudo isso, é mais do que urgente que as discussões sobre saúde tenham espaço nas negociações da COP”, conclui.

Mudança do clima agrava doenças e afeta modos de vida na Amazônia

Na Amazônia, os efeitos da crise são ainda mais intensos. “As populações indígenas, ribeirinhas e tradicionais veem seus modos de vida ameaçados por secas severas, cheias extremas e perda de biodiversidade. A escassez de peixes, a contaminação da água e o aumento de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, são realidades cada vez mais frequentes. Além disso, o desmatamento e as queimadas agravam problemas respiratórios e comprometem a saúde coletiva”, afirma Sila Mesquita, coordenadora geral do Grupo de Trabalho Amazônico.

Entre agosto de 2024 e junho de 2025, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia cresceu 8,4% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. No período, houve um aumento de 245,7% nas áreas atingidas pelo fogo, reflexo direto da temporada de incêndios que afetou o bioma e que, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, está ligada ao agravamento das mudanças climáticas. “É impossível pensar em justiça climática sem considerar a saúde dessas populações e a necessidade de políticas específicas que protejam seus territórios, saberes e formas de viver diante de um cenário climático cada vez mais hostil”, complementa Sila.

Marcha acontecerá na véspera do Dia da Saúde

A Marcha Global Saúde e Clima vai acontecer na véspera do Dia da Saúde da COP30, previsto para 12 de novembro, quando o tema da saúde deve ganhar espaço nos debates. Além da mobilização nas ruas, haverá atividades autogestionadas com oficinas artivistas, distribuição de materiais educativos e ações de engajamento. “Para a RD Saúde, apoiadora da ação, saúde e clima caminham juntos. Nosso apoio ao Médicos pelo Clima reforça a missão de promover bem-estar integral e de agir frente aos desafios da crise climática que impactam diretamente a vida das pessoas”, diz Giuliana Ortega, diretora de Sustentabilidade da empresa.

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