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Copom e Fed definem os cenários econômicos do Brasil e dos EUA na primeira Super Quarta de 2025

Marcello Carvalho, economista da WIT Invest / Foto: Divulgação
Marcello Carvalho, economista da WIT Invest / Foto: Divulgação

Confira entrevista com Marcello Carvalho, economista da WIT Invest

Quais são as expectativas do mercado para a decisão do Banco Central brasileiro em relação à taxa Selic na próxima Super Quarta?

Devido à situação atual da inflação, o mercado espera que tenhamos um aumento dos juros brasileiros na próxima reunião. Tudo indica que o Banco Central manterá sua palavra e elevará os juros em um ponto percentual. Com isso, nossa taxa de juros deve ir para 13,25%.

Quais são as expectativas para a decisão do Federal Reserve sobre os juros nos Estados Unidos? Como ela afeta os investidores brasileiros?

Diferente do Banco Central brasileiro, o Federal Reserve deve encerrar a sequência de cortes dos juros nos EUA, deixando a banda de juros entre 4,25% e 4,50%. Apesar da manutenção dos juros ser melhor que seu aumento, o fato das taxas de juros norte-americanas permanecerem elevadas reduzirão as possíveis entradas de dólar que teríamos com nossos juros elevados, mantendo o câmbio alto por mais tempo.

Como o fortalecimento do dólar frente ao real, impulsionado pelas decisões do Fed, pode afetar a economia brasileira e os investimentos?

Como ainda somos um país que depende muito de suas exportações na balança comercial, o dólar mais forte pode ajudar nesses setores que são um grande, mas não o maior, gerador de empregos no Brasil. Porém, setores ligados ao consumo devem sofrer bastante com o aumento do preço de seus produtos, uma vez que hoje ainda importamos muitos dos bens da China.

A desaceleração econômica na China também influencia as expectativas para a Super Quarta? De que forma?

Influenciam, mas de forma indireta. Com uma China não aumentando o consumo dos produtos bases brasileiros, podemos ter uma desaceleração dos setores exportadores, o que por sua vez trará menos dólares e outras moedas para o Brasil. Isso mantém o câmbio elevado por mais tempo.

Quais setores da economia ou tipos de investimentos podem se beneficiar ou sofrer com as decisões anunciadas?

Os primeiros setores serão os que estão mais alavancados. Como passamos por uma crise sanitária há alguns anos atrás, seguida de um aumento nos juros, alguns setores tiveram que contratar dívidas para que conseguissem manter os negócios de pé. O aumento de janeiro fará com que as empresas tenham uma redução das margens, porém, caso não seja temporário, poderá levar a um repasse do aumento do custo para o consumidor via preço.

Para os investidores que buscam segurança neste momento, o que deve ser feito para se prevenir?

Pode parecer estranho a afirmação, mas o momento é bom para investidores que buscam segurança. Como o rendimento dos investimentos mais seguros, como Títulos Públicos, CDBs e fundos de liquidez, estão ligados ao CDI, que por sua vez é ligado à Selic, com o aumento da Selic, mesmo os investimentos mais conservadores vão render uma boa taxa nominal.

Quais estratégias podem ser consideradas pelos investidores em um cenário de maior volatilidade causada pelas decisões simultâneas dos bancos centrais?

Existem duas estratégias simples, mas que geram grande resultado no momento de decisão de juros simultânea. A primeira é a diversificação de investimento, uma carteira de investimentos diversificada consegue aguentar quase qualquer risco não sistêmico. A segunda forma é acompanhar os comunicados e pronunciamentos de ambos os presidentes dos bancos centrais, eles tendem a comentar, seja em entrevistas, seja em comunicados, como está o pensamento do comitê e, por consequência, como deve se caminhar os juros para os próximos meses.

Existe algum risco de surpresas nas decisões do Copom ou do Federal Reserve? Como o mercado pode reagir a isso?

Sempre existe um risco de surpresa e da taxa de juros variar de forma diferente do que foi previsto. Quando isso ocorre temos dois efeitos. O efeito imediato em que os preços dos ativos sobem ou cedem a depender de como eram as expectativas do mercado. O segundo efeito é a reação às falas dos presidentes dos bancos centrais e o conteúdo da ata, que irá mostrar se a reação do mercado à decisão foi correta ou exagerada.

O aumento dos preços do petróleo e de outras commodities pode levar o Copom a adotar uma postura mais conservadora?

O aumento dos preços das commodities acaba gerando mais inflação no país. Por conta disso, caso os aumentos não sejam temporários, o Copom pode ser levado a elevar mais os juros do que o previsto.

Como as decisões atuais podem moldar as expectativas para o primeiro trimestre de 2025 em termos de crescimento econômico e desempenho dos mercados?

Como os aumentos da Selic demoram alguns trimestres para gerar impactos, no primeiro trimestre esse não será um drive que gerará tanto impacto. Porem, como o mercado acionário reage mais rapidamente, devemos ter um começo de ano conturbado para a bolsa Brasileira.

Após um período de baixa atividade de IPOs no Brasil, há sinais de uma retomada em 2025?

Infelizmente não. Para termos um mercado propenso para IPOs, uma das condições é termos taxas de juros estáveis, situação que não temos no momento atual.

Quais são as expectativas do mercado para a condução de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central?

Apesar de ser um nome indicado pelo governo, pelas falas ditas até o momento, parece que teremos uma política monetária muito alinhada com a que era pregada na condução do presidente anterior. Porém, o mercado ainda está de olho em cada decisão tomada e entrevista dada.

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