O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com o trimestre anterior, de acordo com dados divulgados pelo IBGE na última terça-feira (3). O desempenho coloca o Brasil ao lado da China entre as economias que mais cresceram no período no G20, ficando atrás apenas de Indonésia e México.
Apesar do otimismo gerado pelos números, especialistas alertam para a necessidade de reformas estruturais para transformar esse crescimento em um avanço sustentável.
Um retrato do momento econômico
Segundo Raul Sena, educador financeiro e fundador da AUVP Capital, o resultado positivo reflete o potencial de crescimento do país, mas evidencia problemas de fundo que ainda restringem o desempenho econômico.
“O índice de hoje mostra um Brasil com potencial para crescer, mas ainda amarrado a problemas estruturais que só reformas sérias podem resolver. Apesar do crescimento do PIB demonstrar resiliência no setor produtivo, o país segue enfrentando obstáculos como burocracia, uma carga tributária excessiva e um governo que, muitas vezes, atrapalha mais do que ajuda”, afirma Sena.
Os pilares do crescimento têm sido o consumo das famílias e os investimentos. Contudo, ele alerta que o país precisa avançar em questões como simplificação tributária, redução de regulamentações excessivas e controle dos gastos públicos para garantir um ambiente mais competitivo e atrativo para investidores.
O impacto no cenário internacional
Com um dos melhores desempenhos entre as maiores economias do mundo, o Brasil se fortalece no cenário internacional. “Esse crescimento atrai mais investimentos estrangeiros, aumenta a credibilidade do país e abre portas para maior acesso a mercados globais. Pode, inclusive, impulsionar acordos comerciais estratégicos”, explica Sena.
No entanto, ele reforça que a continuidade desse crescimento depende de uma agenda econômica sólida. Sem isso, o país corre o risco de apresentar apenas um “voo de galinha” – crescimento pontual sem sustentação a longo prazo.
Câmbio: expectativa de queda?
Embora o crescimento do PIB traga sinais positivos, Sena destaca que a cotação do dólar depende de fatores internos e externos, sendo difícil prever seu comportamento apenas com base no desempenho econômico.
“A taxa de juros americana mantém o dólar forte, enquanto o descontrole fiscal no Brasil aumenta as incertezas. Sem responsabilidade fiscal e um compromisso claro com a estabilidade econômica, o câmbio continuará imprevisível”, alerta.
O que esperar do futuro?
Raul Sena vê o momento como uma oportunidade para o governo implementar reformas que estimulem a liberdade econômica e o crescimento sustentável. “O futuro dependerá da coragem do governo para cortar privilégios, respeitar o teto de gastos e criar um ambiente que transmita segurança e competitividade para investidores e empreendedores”.
O Brasil está em um ponto de inflexão, onde as escolhas políticas e econômicas definirão se o país conseguirá transformar esse crescimento em um ciclo de prosperidade ou se continuará a enfrentar os mesmos entraves que dificultam avanços consistentes.
*Com a colaboração de agencia.pub