Relatório do Swiss Re Institute aponta que tensões comerciais, incertezas políticas e riscos fiscais ameaçam o crescimento global, enquanto cortes de juros se tornam mais prováveis em 2025
O crescimento econômico global apresenta sinais claros de enfraquecimento, segundo o relatório Perspectivas de Riscos Econômicos e Financeiros de agosto de 2025, do Swiss Re Institute. A análise indica que a economia dos Estados Unidos começou a perder fôlego no terceiro trimestre, enquanto o impacto de novas tarifas comerciais pressiona a inflação americana. Na Europa, a inflação mantém-se próxima à meta do Banco Central Europeu (BCE), e na China os preços seguem fracos, apesar de leve recuperação no índice de preços ao consumidor.
Crescimento sob pressão
Nos EUA, dados de julho mostraram a criação de apenas 73 mil empregos, com revisões negativas nos trimestres anteriores. Apesar de o PIB do segundo trimestre ter surpreendido positivamente, com alta de 3,0%, o resultado foi influenciado por distorções comerciais. A projeção para 2025 foi elevada para 1,7%, mas o desempenho esperado para o restante do ano é abaixo da tendência.
Na Zona do Euro, a previsão de crescimento para 2025 subiu para 1,2%, impulsionada por exportações antecipadas. Já a China teve a estimativa ajustada para 4,8%, mas enfrenta enfraquecimento na indústria. Em outras economias asiáticas, o fim do impulso das exportações antecipadas devido a tarifas traz riscos adicionais.
Inflação e política monetária
Nos EUA, a inflação anual deve alcançar 2,8% tanto em 2025 quanto em 2026, com sinais de repasse de tarifas para bens duráveis. Em junho, o índice geral subiu para 2,7% e o núcleo, para 2,9%. Na Zona do Euro, o índice harmonizado ficou em 2%, com queda nos preços de bens compensando custos elevados de serviços. Na China, a inflação voltou levemente ao campo positivo, mas os preços ao produtor permanecem negativos.
O cenário pressiona bancos centrais a reduzirem juros. O Federal Reserve manteve a taxa entre 4,25% e 4,50% em julho, mas a expectativa é de dois cortes até o fim do ano. O BCE, após cortes acumulados de 100 pontos-base desde janeiro, deve reduzir mais uma vez até dezembro. O Banco Popular da China manteve a taxa de recompra reversa em 1,4%, mas pode realizar novos cortes.
Riscos no radar
O estudo alerta para riscos que podem alterar significativamente o cenário:
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Financeiros: falha em negociações comerciais pode agravar a desaceleração e provocar fuga para ativos de refúgio.
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Geopolíticos: tensões entre EUA e China, tarifas setoriais e conflitos regionais.
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Fiscais: déficits crescentes em grandes economias como EUA, Alemanha e Reino Unido.
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Mercado de trabalho: políticas de imigração restritivas podem aumentar pressões salariais.
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Políticos: mudanças abruptas de políticas nos EUA e instabilidade na Europa.
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Crédito: maior exposição de instituições não bancárias a ativos alternativos, com riscos de liquidez em cenários adversos.
Possíveis fatores positivos
Entre os elementos que poderiam impulsionar a economia global, o Swiss Re destaca a redução de tarifas, avanços tecnológicos, estabilização fiscal e resolução de conflitos militares. Na Europa, estímulos fiscais e aumento de gastos em defesa poderiam fortalecer a demanda interna e beneficiar o crescimento.
Segundo o relatório, a trajetória atual indica que o mundo caminha para uma desaceleração gradual, mas a evolução de fatores geopolíticos e comerciais será determinante para definir a intensidade desse movimento