Clientes de fundos de investimentos e instituições financeiras sofreram os impactos do rombo contábil que afetou a empresa
O rombo contábil da Americanas estampou as páginas dos principais jornais e sites de notícias no começo de 2023. As estimativas indicam que o buraco nas contas da empresa seja de R$ 20 bilhões, com dívidas que superam os R$ 40 bilhões. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial e a chance dessa crise gerar um efeito dominó assusta o mercado financeiro.
Especialistas demonstraram que a Americanas realizou por anos uma operação conhecida como risco sacado, onde a varejista tinha uma dívida com um fornecedor e fazia a venda dessa dívida para uma instituição financeira. Entretanto, o erro se deu na contabilização dessas dívidas. Não foi considerada a incidência dos juros com os bancos no balanço financeiro da empresa, o que influenciou e maquiou os resultados.
Fundos de investimento foram impactados
E essa crise tem tido diversos desdobramentos. Clientes do Nubank, por exemplo, também foram afetados pelas perdas envolvendo a Americanas.
Com aplicação mínima de R$ 1, o fundo “Nu Reserva Imediata” é indicado para investidores que não querem ter muitos riscos e desejam retorno melhor que o da poupança.
O problema é que a performance da Americanas fez os ganhos equivalentes a 109% do CDI despencassem para 37% do CDI em questão de dias. O fundo é uma das opções que o Nubank oferece para que seus clientes formem uma reserva de emergência através das “Caixinhas”, onde os correntistas conseguem juntar dinheiro conforme objetivos estabelecidos.
Em nota, a Nu Asset Management disse que o fundo tem objetivos voltados para a rentabilidade em longo prazo e que esse impacto deve ser amenizado ao longo do tempo conforme a estratégia da gestora.
Diversos outros fundos também foram impactados pelo problema, assim como as próprias instituições financeiras. Os principais bancos do país divulgaram seus balanços financeiros considerando a alocação de recursos para cobrir o rombo nas contas da Americanas.
Foi o caso do Bradesco, que provisionou R$ 4,9 bilhões e viu o lucro cair 75,9% no último trimestre de 2022. O Itaú Unibanco provisionou outros R$ 1,3 bilhão no balanço referente aos três últimos meses do ano passado. O Santander Brasil também alocou recursos para a exposição financeira, mas não apresentou os valores ao mercado.
Administradores e gestores podem ser responsabilizados
Tais acontecimentos reforçam a responsabilidade que pesa sobre gestores e administradores de empresas em casos de erros e omissões. Além disso, os contadores e as empresas de auditoria também precisam estar precavidos contra condutas prejudiciais que possam afetar os resultados e até mesmo inviabilizar a continuidade de uma organização.
Foi o que explicou o sócio da Genebra Seguros, Renê Augusto Lima Alves. “Existem seguros de responsabilidade civil profissional voltados para contadores e escritórios de contabilidade. Esse instrumento protege a empresa e terceiros contra prejuízos financeiros por conta de falhas no exercício da atividade”, revelou.
Renê lembrou ainda que os administradores e gestores podem contar com os seguros D&O (voltados para executivos, conselho de administração ou diretores de uma empresa) e também E&O (voltado para erros e omissões).
Na visão de Guilherme Silveira, CEO da Genebra Seguros, é recomendável que as empresas tenham uma ampla gama de proteções financeiras. “Neste sentido, os seguros de responsabilidade civil são aliados dos gestores e colaboradores. Este tipo de solução oferece sustentabilidade para todos os envolvidos em uma relação financeira, além de fomentar um melhor ambiente econômico para o país de uma maneira geral”, afirmou.
O especialista também demonstrou a relevância dos seguros de crédito neste contexto econômico. “A inadimplência pode contar com a mitigação de riscos através do seguro de crédito. Essa é uma ferramenta que garante indenização ao credor que não receber os valores de créditos a prazo concedido para seus clientes e é extremamente útil e acessível”, finalizou Guilherme.