Cúpula do BRICS: fórum deve priorizar agenda climática e fortalecer multilateralismo internacional

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Após avanços tímidos na Conferência de Bonn e de resultados péssimos para os países em desenvolvimento na COP29, líderes do Brics precisam contribuir para preencher o vácuo de liderança global frente à emergência climática, alerta Greenpeace

Há cerca de quatro meses do início da COP30, a reunião da Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, nos próximos dias 6 e 7, representa uma oportunidade estratégica para que o fórum priorize a agenda climática, majoritariamente ainda deixada de lado nas suas negociações. 

Diante do atual cenário geopolítico global desafiador e, em especial, após avanços tímidos na Conferência de Bonn de 2025, os líderes dos Brics têm a responsabilidade de contribuir para preencher o vácuo de liderança global frente às mudanças climáticas, executando compromissos e ações que respondam aos desafios globais da crise do clima. 

“Com a retração da liderança dos Estados Unidos e a deterioração do cenário geopolítico internacional, o multilateralismo precisa de novos líderes que promovam o direcionamento e as reformas necessárias para a ação climática. Os Brics fazem parte do seleto grupo de atores capazes de assumir a liderança da agenda multilateral, em especial o Brasil, com a dobradinha de presidências no Brics e na COP30, seguidas da presidência do G20 no ano passado”, diz a especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim. 

Expectativa: financiamento climático

Uma das grandes expectativas da reunião da Cúpula do Brics, no Rio, é o documento com recomendações para a agenda de financiamento climático, apresentado no mês passado por representantes de alto nível do fórum. 

Se endossado pelos líderes da Cúpula do Brics, este documento será a primeira comunicação conjunta do fórum no contexto das negociações do clima. 

“Esperamos que os líderes do Brics assinem o documento com as recomendações de financiamento climático, no Rio de Janeiro, e que este seja o início de uma mudança de postura do fórum. O mundo precisa de muito mais liderança na agenda climática por parte dos Brics”, defende Jardim. 

O Financiamento climático foi o grande tema da COP29, em Baku, onde teve um resultado péssimo para os países em desenvolvimento. Este ano, após travar as salas de negociação na Conferência de Bonn, an agenda de financiamento climático deverá retornar, mais uma vez, nas negociações da COP30. 

Justiça social e crise climática

Para o Greenpeace, a crise climática deve ser tratada como eixo central das negociações multilaterais a partir do viés da justiça social. Avanços no combate à fome, no desenvolvimento do comércio internacional e na resolução pacífica de conflitos entre os países – assuntos centrais na Cúpula dos Brics – não são viáveis em um planeta que ruma para o colapso climático. 

“Daqui em diante, an agenda climática deve ser a liga que sustenta e fortalece o multilateralismo em seus múltiplos formatos, já que é a crise internacional que centraliza todas as demais. Não existe paz, desenvolvimento econômico, combate à fome e à pobreza ou comércio internacional possíveis em um cenário de colapso climático”, afirma Jardim.

Mineração em alto-mar

Importantes assuntos relacionados à proteção dos oceanos também podem aparecer nas discussões desta Cúpula, uma vez que os países do Brics estão no centro dos debates sobre poluição por plástico e a mineração em alto-mar. 

Sobre o tema, a coordenadora de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade, afirma que o Brics tem um papel importante para fortalecer o oceano como pilar de proteção das populações mais vulneráveis do Sul Global.

“O oceano é um eixo estratégico da diplomacia climática e da cooperação internacional. A exploração irresponsável das profundezas do mar trairia os princípios do multilateralismo que os países do BRICS têm defendido. Esta reunião no Rio de Janeiro é um momento importante para o Brics se comprometer com a proteção global do oceano, um patrimônio comum da humanidade, barrando a mineração em alto mar e se comprometendo a combater a poluição plástica”, afirma Andrade.

“O Brasil também precisa cumprir com suas responsabilidades globais e ratificar o Tratado Global dos Oceanos, além de avançar na construção de um Tratado Global de Plásticos ambicioso e pressionar outros membros do BRICS a fazerem o mesmo”.

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