Segundo uma pesquisa realizada pelo Serasa, 67% dos consumidores brasileiros têm receio de cair em golpes durante essa época
Marcada para a próxima sexta-feira (24), a Black Friday é, indiscutivelmente, uma das datas mais aguardadas pelos consumidores, já que são oferecidos descontos tentadores em uma ampla quantidade de produtos. No final do ano, as pessoas se animam com as compras, impulsionadas pelos presentes de Natal e, em alguns casos, pelo recebimento do 13.º salário. No entanto, essa busca por ofertas também atrai um aumento nas atividades fraudulentas, tornando os consumidores mais vulneráveis a golpes.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Serasa, 67% dos consumidores brasileiros têm receio de cair em golpes durante essa época. A pesquisa também revelou um dado preocupante: oito em cada 10 brasileiros já foram vítimas de pelo menos um golpe na Black Friday. Para o professor de comportamento do consumidor nos cursos de pós-graduação e MBA da Universidade Positivo, Sérgio Czajkowski Júnior, durante a Black Friday, os consumidores precisam ficar atentos ao finalizar suas compras para evitar golpes. “Qualquer oferta que pareça excessivamente vantajosa, que fuja significativamente do padrão ao qual estamos acostumados, deve ser recebida com cautela pelo consumidor. Como diz o ditado, ‘quando a esmola é grande, o santo desconfia’. Grupos que operam de maneira ilícita, muitas vezes articulados internacionalmente, exploram estratégias para atrair potenciais vítimas, apresentando ofertas irresistíveis com preços muito abaixo do praticado pelo mercado ou condições de pagamento fora do comum. É importante notar que descontos moderados, na faixa de 5%, 10% ou 15%, durante eventos como a Black Friday, podem ser oportunidades legítimas. No entanto, se a oferta apresentar um desconto excessivamente elevado, é prudente ficar de olho”, alerta. “O ideal, principalmente durante as compras on-line, é dar uma olhadinha no site, conferir se é confiável – quando passar o cursor em cima da oferta, conferir se o link que aparece é de uma loja confiável… Esses são cuidados que, se tomarmos durante o processo de aquisição, vão evitar que o consumidor caia em fraudes”, orienta o professor.
Quando se trata dos produtos mais propensos a golpes, o professor alerta especialmente para roupas, eletrodomésticos e eletrônicos. “Na área de vestuário, observamos que existem grupos internacionais que alcançaram um nível elevado de sofisticação nas falsificações. Mesmo indivíduos com conhecimento mais específico podem ter dificuldade em discernir entre o produto original e o falsificado. A compra é efetuada, o produto chega em sua casa, a embalagem é muito semelhante, o produto é muito similar ao original, e só depois de algum tempo você percebe que foi enganado”. Quanto aos eletrodomésticos e eletrônicos, muitas vezes, nem chegam às mãos do consumidor. “Devido ao desejo de aproveitar promoções irresistíveis, o consumidor faz a compra de um produto e, depois de inúmeras desculpas, o site sai do ar, você é bloqueado e acaba não recebendo o produto que comprou”, explica Czajkowski Júnior.
E quem vende? O que está fazendo para ajudar os consumidores na prevenção de golpes? Muitas empresas do setor varejista estão dando informações e orientações mais específicas para alertar os clientes. “Os grandes magazines querem fortalecer, naturalmente, o vínculo de confiança com o consumidor e aumentar a segurança tanto com seus clientes atuais quanto potenciais. Para alcançar esse objetivo, estão compartilhando dicas e até mesmo oferecendo uma espécie de Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), abordando as questões que surgem com maior frequência. Isso é feito justamente para capacitar os clientes, para que tenham a maior segurança possível ao realizar esse tipo de transação”, finaliza o especialista.
Caí em um golpe. E agora?
Mesmo depois de tomar todos os cuidados, se o consumidor cair em um golpe, como deve proceder? Segundo Gabriel Schulman, coordenador da pós-graduação em Direito Civil, Processo e Consumo e professor do mestrado em Direito da Universidade Positivo (UP), o mais importante é agir rápido. “Solicite informações por escrito à empresa. Se disponível, registre imediatamente a reclamação no site ou envie um e-mail. É importante sempre guardar as trocas de mensagens. Caso você considere que o golpe é mais grave, é possível também registrar um boletim de ocorrência, como nos casos em que o vendedor desaparece ou a venda foi realizada de maneira fraudulenta. Além disso, é possível recorrer ao Procon e ao Poder Judiciário para cancelar compras ou reaver o dinheiro”, esclarece Schulman.
Em meio à empolgação das compras da Black Friday, é imperativo que os consumidores estejam cientes dos desafios e se armem com conhecimento. “A prevenção de golpes não é apenas responsabilidade das companhias, mas uma jornada compartilhada entre empresas, consumidores e autoridades. Ao adotar uma abordagem proativa, é possível transformar essa data de descontos em uma experiência segura e gratificante para todos”, finaliza o especialista.