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Deportações nos EUA podem alcançar 500 mil por ano, afirma Allianz Trade

Desempenho do PIB dos EUA supera expectativas e reforça preocupações sobre inflação / Foto: Luke Michael / Unsplash Images
Foto: Luke Michael / Unsplash Images

Economistas da seguradora de crédito Allianz Trade analisam o impacto das ordens executivas do novo governo Trump

Segundo nova análise publicada pelo time de economistas da Allianz Research, divisão de análise da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito, as deportações nos EUA podem alcançar 500.000 por ano, o que pode desacelerar o crescimento populacional do país (0,2%), reduzindo o crescimento potencial da economia para abaixo de +2%.

O documento The playbook of Trumponomics analisa que, no curto prazo, é provável que os fluxos de imigração na fronteira diminuam drasticamente, embora já estivessem caindo significativamente desde a assinatura de uma ordem executiva pelo ex-presidente Biden em junho de 2024. No entanto, as deportações de imigrantes indocumentados de outras partes dos EUA (“deportações internas”) foram inferiores a 50.000 por ano desde 2021, bem abaixo dos recordes alcançados durante o governo Obama (250.000 por ano). “Sob o novo governo Trump, esperamos que as deportações internas aumentem drasticamente para 500.000 por ano. A meta de 1 milhão, sugerida por vários membros do governo Trump, parece muito difícil de alcançar devido a obstáculos logísticos e administrativos”, afirmam os economistas.

Crescimento populacional e força de trabalho

Os economistas acreditam ainda que se o governo Trump avançar com políticas mais rígidas de imigração legal nos próximos meses, o crescimento populacional dos EUA poderá desacelerar de 3,4 milhões no ano passado para 1,5 milhão neste ano, e para cerca de 0,5 milhão até 2027 (Tabela 1). Isso pesará significativamente no crescimento da força de trabalho, que tem sido impulsionado quase inteiramente por pessoas nascidas no exterior nos últimos anos, enquanto o crescimento de pessoas nascidas nos EUA está estagnado (Figura 1).

O crescimento da força de trabalho é um dos dois principais motores do crescimento do PIB, junto com o crescimento da produtividade. Nesse contexto, sob políticas de imigração muito mais restritivas, o crescimento potencial dos EUA provavelmente cairá para abaixo de +2% até 2026.

Sobre metas econômicas, o documento lembra que o novo governo pretende aumentar o crescimento do PIB enquanto controla a inflação excessiva, mas algumas políticas podem ser contraditórias. Os cortes de impostos visam estimular investimentos e consumo, impulsionando o crescimento do PIB. Ao mesmo tempo, aumentos tarifários trariam novas receitas alfandegárias para financiar subsídios industriais e promover a competitividade das exportações dos EUA. Uma política cambial, defendida por assessores de Trump e pelo vice-presidente Vance durante a campanha, poderia enfraquecer o dólar frente a outras moedas, servindo ao mesmo propósito.

Além disso, preços mais baixos de energia, estimulados pela desregulamentação do setor, e o aumento da oferta econômica por meio de cortes de impostos (aumento da força de trabalho e dos investimentos) visam reduzir a inflação. No entanto, alguns objetivos podem entrar em conflito. Por exemplo, a pressão sobre o Fed para reduzir as taxas de juros pode reacender pressões inflacionárias. A redução drástica dos fluxos migratórios pode afetar o crescimento potencial do PIB dos EUA. Por fim, os cortes de impostos podem impulsionar mais o lado da demanda da economia (gasto agregado) do que o lado da oferta, novamente elevando a inflação.

A redução do déficit público também parece difícil sem economias substanciais, mesmo que o crescimento se estabilize em +3% ao ano. O governo Trump provavelmente não conseguirá reduzir significativamente o déficit sem cortes drásticos nos gastos com bem-estar social (e/ou aumento de impostos). O desfinanciamento de agências federais deve ser insuficiente para equilibrar o orçamento. Além disso, as receitas alfandegárias provavelmente não serão suficientes: para uma redução de 1% do déficit em relação ao PIB (USD 290 bilhões), a tarifa efetiva dos EUA precisaria subir de 2,7% para 13%. Nesse cenário, o crescimento do PIB dos EUA seria negativamente impactado, com interrupções nas cadeias de suprimentos nas fronteiras com Canadá e México, desafiando as metas de crescimento robusto do PIB e de baixa inflação.

Para os autores, o sucesso da “Trumponomics” dependerá principalmente da capacidade do governo Trump de reduzir substancialmente o déficit público. Uma redução grande e sustentada do déficit público provavelmente levará a uma inflação mais baixa e a taxas de juros menores. O dólar também poderá se depreciar devido às taxas de juros mais baixas, o que ajudará a aumentar a competitividade das exportações dos EUA.

Enquanto isso, a redução do déficit público (bem como um dólar mais fraco) provavelmente diminuirá o déficit comercial dos EUA, restringindo a demanda por importações. No entanto, nesse cenário, o governo provavelmente terá que abrir mão de sua premissa de forte crescimento do PIB – pelo menos no curto prazo.

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