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Dia Mundial do Diabetes: avanço da doença no Brasil acende alerta para a saúde óssea

Dia Mundial do Diabetes: avanço da doença no Brasil acende alerta para a saúde óssea / Foto: Freepik
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No dia 14 de novembro, o mundo volta os olhos ao Dia Mundial do Diabetes, data que reforça a urgência de ampliar a consciência sobre uma condição que segue crescendo em ritmo acelerado no Brasil e no mundo.

Os números mais recentes do Atlas do Diabetes 2025, da Federação Internacional de Diabetes (IDF), mostram um cenário que demanda atenção imediata:

  • 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes no mundo;
  • 16,6 milhões estão no Brasil — 6º país com maior número de casos;
  • Houve crescimento de 5,7% desde 2021;
  • Em 2024, a doença foi responsável por 3,4 milhões de mortes globalmente, sendo 111 mil no Brasil, o equivalente a uma morte a cada seis segundos.

Apesar da ampla cobertura sobre diabetes, um impacto ainda subestimado persiste: o risco aumentado de fragilidade óssea e fraturas, mesmo sem diagnósticos tradicionais de osteoporose. A Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) destaca que tanto o diabetes tipo 1 quanto o tipo 2 podem comprometer a qualidade do osso, embora por mecanismos diferentes. Para esclarecer essa relação e orientar a população, o Universo do Seguro entrevistou dois especialistas da entidade: Dra. Manuela Rocha Braz, endocrinologista, e Prof. Dr. Francisco de Paula, pesquisador e ex-presidente da Associação.

Diabetes aumenta o risco de fraturas: mulheres pós-menopausa merecem atenção redobrada

Segundo a endocrinologista Dra. Manuela Rocha Braz, o diabetes é um fator adicional que potencializa o risco de osteoporose e fraturas — risco esse já ampliado naturalmente em mulheres após a menopausa. “As mulheres pós-menopausa já têm maior propensão à osteoporose, e quando somamos o diabetes como fator adicional, a atenção deve ser redobrada”, explica Manuela. “Também merecem cuidado pacientes tabagistas, pessoas com doenças reumatológicas, condições disabsortivas e quem usa glicocorticoides cronicamente”, completa.

Um dado importante reforçado pela especialista é que mesmo pacientes com densitometria óssea normal podem sofrer fraturas. Isso acontece porque o diabetes compromete a qualidade do tecido ósseo, o que não é captado pelos exames tradicionais. “Radiografias de coluna fazem parte da investigação, porque fraturas vertebrais podem ocorrer com poucos sintomas. Já sinais como perda de altura superior a 4 cm ou fraturas vertebrais e de colo de fêmur precisam acender o alerta”, orienta a endocrinologista.

Quando investigar a saúde óssea em pessoas com diabetes?

A avaliação óssea, segundo a Dra. Manuela, é indicada em:

  • Mulheres pós-menopausa
  • Homens acima de 50 anos
  • Pessoas com histórico de fraturas vertebrais ou de colo de fêmur por fragilidade

Medidas preventivas continuam sendo essenciais e se baseiam em três pilares:

  1. Controle glicêmico e de peso:
    – Fundamentais para reduzir os danos da hiperglicemia sobre o tecido ósseo.
  2. Alimentação e suplementação quando necessária:
    – Aproximadamente 3 porções de laticínios por dia;
    – Vitamina D e cálcio conforme recomendação médica.
  3. Exercícios com impacto e musculação:
    – Caminhada vigorosa
    – Corrida
    – Treinos de resistência

DM1 x DM2: mecanismos diferentes, mesmo risco aumentado

Para o Prof. Dr. Francisco de Paula, entender as diferenças entre os tipos de diabetes é fundamental para compreender o impacto sobre o esqueleto.

No diabetes tipo 1 (DM1), a doença geralmente se instala durante a infância ou adolescência — período crucial para formação óssea. “Há perda de massa óssea no início da doença, e embora parte seja recuperada, o impacto inicial persiste. Além disso, pacientes com DM1 costumam ter menor peso corporal e níveis reduzidos de IGF-1, hormônio importante para formação óssea”, menciona o especialista.

No diabetes tipo 2 (DM2), o quadro é distinto:

  • Cerca de 80% das pessoas têm obesidade, o que aumenta a carga sobre o esqueleto e, consequentemente, a massa óssea.
  • Porém, mesmo com densitometria normal ou elevada, o risco de fraturas é maior.

Isso acontece principalmente pela ação dos produtos avançados de glicação (AGEs), formados devido à hiperglicemia crônica. “Os AGEs alteram a estrutura do colágeno, reduzindo sua elasticidade e deixando o osso mais frágil. Além disso, exames mais avançados mostram porosidade na cortical óssea que não aparece na densitometria comum”, explica Dr. Francisco.

Outro agravante é que complicações do diabetes, como neuropatia, retinopatia e redução da massa muscular, aumentam o risco de quedas.

Fraturas em diabéticos: por que acontecem mesmo com densitometria normal?

A ciência já reconhece que a densidade mineral óssea nem sempre reflete a qualidade do osso, especialmente em pessoas com diabetes. “Estudos de metanálise mostram risco aumentado de fraturas tanto em DM2 quanto, especialmente, em DM1. A alteração na microarquitetura óssea e o acúmulo de AGEs ajudam a explicar esse fenômeno”, afirma o pesquisador.

Exames mais avançados, como o HR-pQCT, conseguem detectar essas alterações, mas ainda não fazem parte da rotina clínica.

Medicamentos para diabetes podem afetar o osso — positiva ou negativamente

O Dr. Francisco de Paula ressalta que a influência das terapias para diabetes sobre a saúde óssea é variável:

Podem ser benéficos ou neutros:

  • Metformina: geralmente neutra e possivelmente protetora.
  • Agonistas de GLP-1: estimulam formação óssea, mas podem reduzir massa magra devido à perda de peso.

Requerem atenção maior:

  • Sulfonilureias: risco indireto por causarem hipoglicemia (quedas).
  • Tiazolidinedionas (como pioglitazona): reduzem massa óssea, especialmente em mulheres pós-menopausa.
  • Canagliflozina (SGLT2): evidências do estudo CANVAS apontam aumento de fraturas.

O especialista reforça que, independentemente do tratamento, atividade física resistida, proteína adequada, cálcio e vitamina D devem ser preservados para proteger músculos e ossos.

Conscientização e prevenção: os próximos passos

No Brasil e no mundo, o diabetes continua avançando, mas seus impactos vão muito além do controle glicêmico. A saúde óssea, frequentemente negligenciada, precisa entrar no radar de médicos, pacientes e formuladores de políticas públicas.

A ABRASSO reforça que a prevenção passa por:

  • Diagnóstico precoce.
  • Estilo de vida ativo.
  • Controle adequado da doença.
  • Atenção especial a grupos mais vulneráveis.

No Dia Mundial do Diabetes, a mensagem do Universo do Seguro é clara: cuidar do osso também é cuidar da diabetes.

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