Confira artigo de Tulio Portella, diretor comercial da B&T Câmbio
O Brasil tem despontado no cenário em que natureza combina com desenvolvimento econômico. E o que é melhor: capaz de impulsionar parte substanciosa da nossa pauta de exportações e do nosso PIB.
Em 2022, quando a redução do volume de venture capital levou negócios relevantes quase à extinção, os fundos de investimento aportaram internacionalmente US$ 64 bilhões em soluções climáticas, segundo relatório da Climate Tech VC – o dobro do ano anterior. No Brasil, essa evolução abriga desde investidores-anjo a empresas com unidades exclusivas para investir em inovação verde.
As fintechs também encontram terreno fértil. Podem facilitar crédito a empreendedores de impacto, transparência, apoiar a sociedade e criar produtos financeiros que fomentem projetos. O país tem condições de gerar cerca de US$ 17 bilhões em negócios com base na natureza até 2030, conforme dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Como poucas vezes, temos boas oportunidades de exibir esse protagonismo dentro de casa. Se há cerca de 40 anos recebemos a Rio-92, com centenas de nações focadas na agenda ambiental, em 2024 o país sediará pela primeira vez o encontro do G20 – as 20 maiores economias do mundo – no momento em que discutir o tema se tornou crucial e existe disposição de grandes potências para contribuir. Em abril, por exemplo, o governo dos EUA prometeu repassar R$ 2,5 bilhões ao Fundo Amazônia. É preciso aproveitar esses espaços.
Enquanto a Inteligência Artificial ganha manchetes, a “Inteligência Florestal” também fortalece a economia. Um estudo de entidades de preservação indicou, em 2022, que restaurar biomas, como a Mata Atlântica, pode gerar 2,5 milhões de empregos nos próximos sete anos no país, o equivalente à população de Fortaleza (CE). A redução a zero do desmatamento ilegal na Amazônia até 2050 e de emissões de CO2 promete agregar até US$ 100 bilhões anuais ao PIB a partir de atividades agroflorestais.
De acordo com o Ministério da Fazenda, a participação de produtos brasileiros com origem na floresta é de 0,17% nas exportações, com chance de chegar a 2% nos próximos anos. Além de itens básicos, há mercado para painéis solares, captura de carbono e outras tecnologias.
Segundo a consultoria Bain & Company, práticas ESG permitem às empresas crescer até seis vezes mais, dobrar o valor da marca, quadruplicar participação no mercado e multiplicar a fidelização de clientes por três. Será que estamos alinhados para liderar tamanha revolução?