Especialista também aponta que dolarização de 30 a 40% da carteira pode ser essencial para fugir da volatilidade econômica e dos riscos fiscais do Brasil
O mercado financeiro começou o ano de 2025 aquecido. Com a posse de Donald Trump, o impacto político global e as possíveis mudanças nas políticas econômicas dos Estados Unidos tornam esse um ano crucial para os investidores. Além disso, no Brasil, o mercado financeiro aumentou a projeção da inflação e do crescimento da economia para este ano. De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, 10 de fevereiro, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,58%. Em relação à taxa básica de juros, a Selic, o Focus manteve sua projeção de 15%.
Diante destes cenários, especialistas do mercado financeiro acreditam que identificar os melhores e mais seguros investimentos exige atenção às tendências emergentes, como o setor de tecnologia, os investimentos sustentáveis e a diversificação da carteira.
Para Rodrigo Gualtero, agente certificado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e especialista em investimentos, os melhores produtos de renda fixa para 2025 são aqueles que oferecem proteção contra a inflação e estabilidade em um cenário de juros elevados.
“Alguns exemplos incluem os Títulos do Tesouro IPCA+, que protegem contra a inflação e garantem rendimento real; LCIs e LCAs, que são isentos de imposto de renda e com boa rentabilidade; CDBs de bancos médios com alta rentabilidade, desde que cobertos pelo FGC; Fundos de Renda Fixa no Exterior, que permitem a exposição cambial e diversificação internacional. Além dos fundos de renda fixa atrelados à taxa Selic, que são uma boa alternativa para quem busca liquidez e segurança”, comenta o especialista.
Gualtero também explica que o investidor deve considerar quatro fatores principais antes de investir em renda fixa. “Rentabilidade real, comparando os rendimentos com a inflação para garantir um ganho real; Risco de crédito, verificando se o emissor do título é sólido e confiável; Liquidez, analisar se o investimento permite resgate antecipado sem prejuízo e Tributação, levando em consideração que alguns produtos têm isenção de imposto de renda (LCI, LCA), enquanto outros sofrem incidência de IR regressivo”.
Assim como boa parte dos especialistas, Gualtero considera que, neste ano, as novas oportunidades em renda variável estão relacionadas a empresas de tecnologia e inteligência artificial, que continuam crescendo com a revolução digital.
“Ações de empresas ligadas à inovação financeira e fintechs, que se beneficiam de avanços tecnológicos. ETFs setoriais e internacionais, que permitem exposição diversificada em mercados emergentes e de tecnologia. Fundos imobiliários (FIIs), principalmente de logística e lajes corporativas, que podem se beneficiar da recuperação econômica e ações de commodities (como ouro e petróleo), que podem servir como hedge contra incertezas econômicas, são algumas das principais oportunidades em renda variável que enxergo neste início de 2025”, adiciona o profissional.
Dentre as considerações essenciais que os investidores em renda variável devem levar em consideração, Rodrigo destaca três pilares fundamentais: Valuation, ou seja, se a empresa está barata ou cara em relação aos fundamentos; Crescimento e inovação, levando em consideração que empresas que investem em tecnologia e expansão tendem a se valorizar no longo prazo; Gestão de risco, com a diversificação da carteira para mitigar perdas e acompanhar indicadores macroeconômicos.
“Para evitar prejuízos, o investidor deve sempre fazer análises baseadas em dados e otimizar com ajuda de inteligência artificial, além de diversificar seus investimentos e evitar decisões impulsivas”, complementa Gualtero.
Segundo o especialista, o mais importante neste momento não é escolher entre renda fixa ou variável, mas, sim, diversificar de forma inteligente. “Uma estratégia eficiente deve incluir tanto renda fixa quanto variável, garantindo equilíbrio entre segurança e crescimento”, pontua.
Por fim, Gualtero deixa uma recomendação essencial para 2025: “Independente do perfil do investidor, ter um percentual relevante de ativos dolarizados será essencial. Acredito que pelo menos 30% a 40% do patrimônio em dólar será importante para a rentabilidade de sua carteira. A volatilidade econômica e os riscos fiscais do Brasil tornam essa estratégia indispensável para a preservação e crescimento do patrimônio”.