Confira artigo de Sara Paes, Head Administrativa da DS Beline
Quando falamos sobre o auxílio-acidente, o olhar costuma recair sobre o aspecto legal ou financeiro do benefício. Mas, por trás de cada caso, existe uma história interrompida, uma trajetória que precisou ser revista e, muitas vezes, reinventada. O retorno ao trabalho após um acidente é um processo complexo, que exige muito mais do que liberações médicas ou documentos em dia, necessita de acolhimento, orientação e estrutura.
É a partir da experiência com assessoria especializada em vítimas de acidentes que compreendi, com profundidade, o verdadeiro impacto da reabilitação profissional.
Mais do que um recomeço, a reabilitação representa uma etapa realista, que deve ser planejada, humanizada e voltada para o futuro. Envolve escuta ativa, adaptação às novas condições de vida e trabalho, desenvolvimento de competências e, sobretudo, acompanhamento contínuo. É um processo que precisa ser tão técnico quanto sensível.
Nesse contexto, tive contato com inúmeras histórias que revelam como essa abordagem pode ser transformadora. Pessoas que, após longos afastamentos, reencontraram um caminho profissional, muitas vezes em áreas totalmente diferentes daquelas em que atuavam antes. Não se trata de “voltar ao que era antes”, mas de reconhecer potenciais, respeitar limites e descobrir novas possibilidades.
Uma profissional que, depois de um acidente de trajeto, passou a atuar com excelência na área administrativa. Um trabalhador que, ao conviver com uma limitação física, encontrou na tecnologia um campo propício para recomeçar. São casos que ilustram que a reinserção é possível e, mais do que isso, pode ser bem-sucedida e significativa quando há um suporte adequado.
Sabemos que o caminho até esse benefício costuma ser marcado por burocracia, dificuldades de comprovação e falta de informação, o que torna o momento ainda mais vulnerável para quem já está fragilizado. Muitas pessoas sequer sabem que têm direito ao auxílio-acidente ou enfrentam processos longos e desgastantes para conquistá-lo. Para as vítimas, o primeiro passo é buscar informação qualificada, orientação segura e apoio especializado.
É justamente aqui que contar com um apoio comprometido faz a diferença: ao esclarecer direitos, auxiliar na comprovação documental e viabilizar o acesso ao benefício, contribui-se para reduzir o peso de um momento delicado.
Diante disso, tão importante quanto garantir esse acesso é oferecer estrutura no pós-benefício. Se empresas e organizações conseguem facilitar e estruturar o que vem depois para seus colaboradores, oferecendo suporte de qualidade, garantem não apenas a continuidade do trabalho, mas uma chance real de reconstrução com dignidade.
É sobre fortalecer a autoestima de quem precisou parar e, agora, precisa de apoio para continuar. É, principalmente, reconhecer que nenhum talento deve ser descartado por causa de um imprevisto ou limitação permanente. É preciso criar condições reais para que a reinserção no mercado de trabalho seja mais do que um desejo — seja um direito garantido.
Por isso, cabe a nós, enquanto lideranças e profissionais envolvidos com gestão de pessoas, olhar com responsabilidade para esse processo. Promover e apoiar a reabilitação profissional é um ato de maturidade organizacional e, acima de tudo, de respeito ao ser humano. Afinal, quando criamos caminhos para que pessoas possam se reconstruir, estamos, na verdade, reconstruindo uma sociedade mais justa, inclusiva e empática.