Especialista da iHUB destaca oportunidades e alertas com nova configuração de políticas econômicas norte-americanas
A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos trouxe incertezas para o mercado financeiro global, com investidores atentos ao possível retorno de políticas fiscais agressivas e desregulamentações. O resultado das urnas já se reflete na valorização histórica da moeda americana, que atingiu a marca de R$5,86 logo após o anúncio oficial do retorno de Trump à Casa Branca.
Para o economista e assessor de investimentos da iHUB, Daniel Abrahão, a política econômica de Trump tende pressionar o Federal Reserve a adotar uma postura monetária mais restritiva, deixando a moeda americana mais atrativa. “Cortes de impostos e estímulos fiscais tendem a impulsionar a inflação, forçando o Fed a elevar os juros para conter a alta dos preços. Esse cenário pode valorizar o dólar, tornando-o mais atraente para investidores internacionais que buscam retornos elevados nos EUA,” afirma Abrahão.
O economista ainda destaca que, embora o dólar inicialmente possa se fortalecer, o déficit fiscal elevado pode, a longo prazo, gerar incertezas sobre a sustentabilidade econômica americana.
Cortes de impostos e desregulamentação: o impacto na valorização do dólar
As propostas de Trump para cortes de impostos visam aumentar a renda disponível e estimular o consumo e os investimentos. Esse movimento, ao gerar um crescimento econômico acelerado, tende a impulsionar o dólar, já que a economia americana se torna mais atrativa para investidores globais.
Por outro lado, a desregulamentação econômica pode facilitar ainda mais a entrada de capital estrangeiro, especialmente em setores estratégicos como energia e infraestrutura. “Essas políticas têm um efeito imediato de fortalecimento do dólar, mas é preciso acompanhar como o déficit fiscal será tratado para entender os impactos de longo prazo”, comenta Daniel. O desafio será equilibrar crescimento econômico com sustentabilidade fiscal.
Política monetária e pressões sobre o Federal Reserve
A postura de Trump em relação ao Fed também é um fator que pode influenciar a cotação do dólar. Historicamente, Trump já criticou políticas de juros altos, pressionando por medidas que favoreçam o crescimento econômico. Caso essa pressão se intensifique, o mercado pode reagir com maior volatilidade.
“Se o Fed resistir a pressões e adotar uma postura firme contra a inflação, o dólar tende a se valorizar ainda mais. No entanto, caso ceda, pode haver um enfraquecimento da moeda devido à redução da atratividade de ativos americanos”, explica Daniel. A autonomia do Fed será, portanto, crucial para definir o equilíbrio entre estímulos econômicos e controle inflacionário.
Protecionismo e tensões comerciais: reflexos na confiança no dólar
As políticas protecionistas de Trump, como a imposição de tarifas sobre importações, podem trazer impactos imediatos e de longo prazo para o dólar. No curto prazo, essas medidas reduzem o déficit comercial, fortalecendo a moeda. Contudo, tensões com parceiros comerciais podem gerar incertezas que prejudicam a confiança no dólar como moeda de referência global.
“Se houver retaliações comerciais, como as vistas em governos anteriores, o papel do dólar no comércio internacional pode ser questionado, especialmente se outras economias buscarem alternativas para suas transações”, alerta Daniel. A longo prazo, um cenário de menor integração global pode impactar negativamente o fluxo de capitais para os Estados Unidos.