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Dólar em alta reflete incertezas fiscais e cenário econômico global

Renda fixa nos EUA: título similar ao CDB rende 5,65% em dólar / Foto: Alexander Mils / Unsplash Images
Foto: Alexander Mils / Unsplash Images

Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, o cenário fiscal brasileiro e a política econômica dos EUA elevam tensão no mercado, que aguarda sinais de comprometimento com ajustes no Brasil

O mercado financeiro brasileiro enfrentou um dia de tensão ontem, com o dólar fechando em alta a R$ 5,7917. A combinação de incertezas fiscais no Brasil e os desdobramentos da política econômica nos Estados Unidos pressionaram a moeda americana, que chegou a superar R$ 5,80 durante a tarde antes de recuar.

Cenário doméstico e medidas do Banco Central

O Banco Central brasileiro buscou conter a volatilidade do câmbio com dois leilões de linha, que totalizaram US$ 4 bilhões. Essas operações, que envolvem a recompra da moeda estrangeira, haviam sido previamente anunciadas, mas precisaram ser reagendadas devido a falhas na plataforma do Bacen. A demora aumentou a tensão no mercado, evidenciando a sensibilidade do câmbio às indefinições locais.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o pacote fiscal em desenvolvimento terá impacto significativo. Segundo analistas, a falta de medidas concretas que reforcem o comprometimento com o ajuste fiscal prolonga a ansiedade no mercado. “O dólar reflete a expectativa por sinais claros de responsabilidade fiscal no Brasil”, destacou Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

Política fiscal em foco

O presidente da Câmara, Arthur Lira, reuniu-se com Haddad para discutir cortes de gastos públicos. No entanto, a demora na apresentação de ações concretas alimenta a valorização da moeda americana. Economistas apontam que apenas um pacote fiscal robusto pode conter o avanço do dólar, mas tudo dependerá do detalhamento das medidas.

Influências externas: política monetária dos EUA

Nos Estados Unidos, a postura do Federal Reserve também tem contribuído para a instabilidade cambial. Apesar dos cortes recentes de 0,75% na taxa de juros, o banco central americano deve adotar moderação nos próximos ajustes para evitar pressões inflacionárias. O protecionismo econômico durante o governo Trump também gera incertezas que reverberam no câmbio global.

Impacto limitado de fatores externos positivos

Nem mesmo notícias otimistas vindas da China, como a redução de impostos sobre moradia, têm ajudado a aliviar a pressão sobre o câmbio. No Brasil, o aumento da taxa de juros local também não foi suficiente para atrair capital estrangeiro, mantendo o dólar em alta.

Expectativas para os próximos dias

O mercado agora aguarda a divulgação de dados econômicos relevantes, como o IGP-10 e o IBC-Br, que podem fornecer sinais sobre a atividade econômica brasileira. Além disso, o feriado de Dia da República amanhã deve trazer menor liquidez ao mercado local, ampliando a expectativa sobre o tão aguardado pacote fiscal.

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