O mês de fevereiro foi marcado por forte volatilidade no mercado cambial, com o dólar iniciando a R$ 5,87, recuando para R$ 5,68 no dia 18 e voltando a subir nos últimos dias do mês. Segundo Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange, a queda foi impulsionada pela expectativa de que as medidas do Banco Central fossem suficientes para conter a inflação e pelo menor fluxo de saída de capital. “Por outro lado, o aumento do IPCA-15 e a geração de empregos acima do esperado reacenderam temores inflacionários, o que enfraqueceu o real”, explica.
Impacto do câmbio na economia brasileira
As oscilações cambiais afetaram diretamente setores da economia. “As importações recuaram, enquanto o superávit comercial se beneficiou de bons números das exportações”, destaca Tavares. O período também coincidiu com o Ano Novo Chinês, o que reduziu as operações comerciais com um dos principais parceiros do Brasil.
No cenário político, incertezas fiscais e o temor de um déficit orçamentário mais alto seguiram pressionando o real. Além disso, a política monetária dos Estados Unidos e o retorno das tarifas comerciais de Donald Trump sobre produtos do México e Canadá contribuíram para um ambiente de maior instabilidade. “Essas medidas fortalecem o dólar frente a moedas de países emergentes e podem aumentar o custo de importação de diversos produtos”, analisa o especialista.
Perspectivas para o câmbio em março
Para o próximo mês, as expectativas giram em torno das decisões do Banco Central brasileiro e do Federal Reserve (FED). “O mercado espera que a Selic suba para 14,25% em março. A dúvida é se o Copom manterá o ritmo de alta de um ponto percentual ou aumentará ainda mais os juros devido aos últimos dados do IPCA-15”, destaca Tavares. Nos EUA, a expectativa é de manutenção das taxas de juros, o que pode impactar a relação entre dólar e real.
A previsão para o comportamento da moeda também segue incerta. “O real variou bastante e voltou a se desvalorizar no fim do mês. O mercado trabalha com um piso de R$ 5,70 e um teto de R$ 5,90 para março, a depender dos próximos desdobramentos”, projeta o especialista.
Impacto do câmbio para empresas e consumidores
Diante desse cenário, empresas buscam estratégias de proteção cambial para mitigar riscos. “O hedge cambial, câmbio futuro e instrumentos de crédito ou derivativos são alternativas para reduzir a volatilidade”, recomenda Tavares. Para investidores, ele sugere manter parte do patrimônio dolarizado e diversificar a carteira, com uma fração alocada em renda fixa para maior segurança.
A oscilação também afeta consumidores, especialmente os que viajam para o exterior ou realizam compras em moeda estrangeira. “O dólar turismo segue acima do comercial devido às margens e impostos, sendo negociado a R$ 5,967. Uma alternativa é usar contas globais para converter real em dólar com base na taxa comercial”, sugere o especialista.