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Dólar vai baixar de R$ 5,50? Especialista analisa cenário econômico global diante da alta da moeda americana

Renda fixa nos EUA: título similar ao CDB rende 5,65% em dólar / Foto: Alexander Mils / Unsplash Images
Foto: Alexander Mils / Unsplash Images

Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange / Foto: Divulgação
Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange / Foto: Divulgação

A oscilação do dólar tem sido uma preocupação constante para investidores e empresas brasileiras. Atualmente cotado abaixo de R$ 5,80, o questionamento que se impõe é: a moeda americana pode recuar ainda mais? Para entender melhor esse cenário, conversamos com Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange, que analisou os impactos do mercado global e as políticas econômicas recentes.

Dólar pode continuar em queda?

“Sim, pode acontecer. O dólar acumula 12 dias seguidos de desvalorização frente ao real, e alguns fatores contribuem para essa tendência”, afirma Tavares. “Internamente, o aumento da taxa Selic em um ponto percentual tornou os títulos de renda fixa mais atrativos para investidores estrangeiros. No entanto, acredito que o principal fator está na conjuntura global, especialmente nas ações adotadas no início do mandato do governo Trump e na guerra comercial com México, Canadá e China”.

Setores mais impactados pela alta do dólar

A valorização do dólar afeta diversos segmentos da economia, sobretudo aqueles que dependem da importação de insumos. “Os setores mais vulneráveis são os que dependem fortemente de importados, como o de eletrônicos, automobilístico, farmacêutico e de maquinários”, pontua o especialista.

Reflexo nos preços ao consumidor

Quando o dólar sobe, empresas brasileiras que dependem da importação acabam sentindo um aumento nos custos de produção. “Essas empresas pagam mais caro pelos insumos e, na maioria dos casos, essa alta é repassada ao consumidor final, resultando em produtos mais caros nas prateleiras”, explica Tavares.

Pequenas e médias empresas sofrem mais

Para as pequenas e médias empresas (PMEs), a volatilidade cambial pode ser ainda mais desafiadora. “Grandes corporações conseguem acessar instrumentos financeiros para se proteger dessas oscilações. Já as PMEs, muitas vezes, não têm esse privilégio e precisam pagar antecipadamente por suas mercadorias importadas, o que as deixa mais expostas às variações do dólar”.

Impactos da guerra comercial entre China e EUA

A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo também gera impactos indiretos no Brasil. “Se essa guerra tarifária desacelerar a economia desses países, a demanda por exportação de commodities brasileiras pode diminuir”, alerta Tavares. “Ao mesmo tempo, isso pode levar à reestruturação do comércio global, criando oportunidades para que o Brasil diversifique seus parceiros comerciais”.

Efeito das tarifas impostas pelos EUA

As tarifas impostas pelo governo americano sobre produtos do Canadá, México e China causaram um efeito inesperado no mercado. “Trump foi eleito prometendo tarifas de até 60% para produtos chineses e 25% para canadenses e mexicanos. Na prática, aplicou 10% para a China e 25% para os demais. Dias depois, suspendeu temporariamente essas tarifas para o Canadá e o México por 30 dias. Isso fortaleceu as moedas dos países emergentes, incluindo o real”, explica o especialista.

Repercussão no mercado americano

As medidas protecionistas também trazem consequências para os consumidores nos Estados Unidos. “A Câmara de Comércio dos EUA já alertou que essas tarifas podem aumentar os preços para os americanos”, lembra Tavares. “Se os custos de importação subirem, há uma tendência de aumento da inflação nos EUA, o que pode pressionar ainda mais os juros e afetar a economia global”.

Prioridades econômicas no Brasil

No Brasil, as decisões do Congresso Nacional também podem impactar o cenário cambial. “Duas pautas que devem ter grande impacto são as novas etapas da Reforma Tributária e a discussão sobre o arcabouço fiscal”, analisa Tavares. “A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e medidas para garantir a estabilidade da dívida e dos gastos públicos são fundamentais para o equilíbrio econômico”.

Com um cenário global instável e as decisões políticas impactando diretamente o mercado cambial, a oscilação do dólar deve continuar sendo um fator determinante para a economia brasileira nos próximos meses.

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