Impactado pelo Dia do Consumidor, na metade de março, o tráfego do e-commerce brasileiro cresceu 5,6% no mês, registrando o melhor resultado desde dezembro do ano passado: 2,47 bilhões de acessos únicos.
Data em que o varejo oferece descontos para os consumidores, assim como melhores condições de pagamento, o Dia do Consumidor já tem sido chamado de “Black Friday do primeiro semestre” – referência à principal ocasião de vendas no calendário do consumo brasileiro hoje.
De acordo com o Relatório Setores do E-commerce, esse desempenho se observa em vários índices do relatório: o primeiro deles é a alta de 7% nas visitas via web, que somaram 1,95 bilhão no mês – sinal de que muita gente voltou a pesquisar produtos e serviços depois de fevereiro, quando esse volume havia sido de 1,82 bilhão.
Além disso, apenas um único setor perdeu tráfego em março: o Infantil (-2,9%). Todos os outros analisados melhoraram seus resultados.
Alguns, inclusive, cresceram significativamente, como o de Presente e Flores (12,6%), o de Comidas e Bebidas (10,5%) e o de Moda e Acessórios (9,8%).
O principal setor do e-commerce, o de marketplaces, também melhorou o seu desempenho em março (4,6%), chegando à marca de 1.09 bilhão de acessos. Ele corresponde a quase metade de todo o tráfego das plataformas do comércio eletrônico.
As marcas, da mesma forma, registraram curvas ascendentes no mês: o Mercado Livre aumentou seu tráfego em 2,4%, chegando a 338 milhões de visitas. A Amazon Brasil, mais do que isso, cresceu 11%, voltando à casa dos 200 milhões de acessos que havia perdido em fevereiro.
A Shopee teve alta de 3,5%, enquanto a Magalu (2,4%) e a OLX (2,6%), que completam as cinco marcas mais acessadas do comércio eletrônico brasileiro, tiveram melhoras mais tímidas.
Juntas, elas reúnem mais de um terço (38%) de todo o tráfego do e-commerce brasileiro atualmente.
Para Diego Ivo, CEO da Conversion, além do Dia do Consumidor, que fez as visitas aos sites voltarem a subir significativamente, entra nessa análise ainda um cenário econômico menos pesado para as famílias – que provavelmente já liquidaram parte significativa das dívidas contraídas no fim do ano.
“Uma suposição é que muita gente parcelou as compras dos presentes, em meados de dezembro, até o período entre março e abril deste ano. Isso sugere que essas pessoas estão recuperando a capacidade de consumo, uma vez que as despesas, especialmente as relacionadas ao final do ano, terminaram ou estão próximas do fim”, explica ele.
Além disso, a conjuntura com desemprego baixo (7,6% até janeiro, segundo o IBGE) e inflação estabilizada faz com que a maior massa de renda nas mãos das famílias pavimente o caminho para o consumo. “E, então, esse Dia do Consumidor pode ter se aproveitado desse cenário”, conjectura Ivo.
Praticamente metade (46%) dos acessos às plataformas de e-commerce foi feito de modo direto, isto é, com os usuários entrando nos sites diretamente pelo endereço.
A busca orgânica, resultado de pesquisas no Google e em outros buscadores, corresponde a 25,7% das visitas, enquanto a busca paga conforma outros 17,5%.
Tendência cada vez mais comum, oito em cada dez (77%) dos acessos de março foram feitos a partir de celulares. Em alguns setores, esse número é ainda maior, como no de Calçados, onde as visitas via mobile (77,3%) e via aplicativo (3,1%) fizeram com que 80,4% do tráfego viesse dessa forma. No setor Infantil, esse número é ainda maior: 82,7%.
“É impressionante como o uso de celular cada vez mais cresce e se torna importante nas compras, demonstrando que o consumidor já integrou o gadget à sua vida, enquanto o desktop fica para uma parcela cada vez menor e, em minha análise, ganha ares de uso profissional da tecnologia”, finaliza Diego Ivo.