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Economista analisa cenários na “Super Quarta”

O economista Rodney Ribeiro / Foto: Divulgação
O economista Rodney Ribeiro / Foto: Divulgação

Confira entrevista com Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos na WIT Invest

Em antecipação à “Super Quarta” – um dia marcado por decisões de política monetária críticas de bancos centrais ao redor do mundo – Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos na WIT Invest, oferece sua perspectiva sobre os possíveis cenários e suas implicações para investidores. Tradicionalmente, essa quarta-feira, que acontecerá em 20 de setembro, reserva anúncios relevantes sobre taxas de juros, tanto no Brasil, pelo Copom, quanto nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve. Enquanto os mercados precificam possíveis movimentações nas taxas de juros dessas grandes economias, as expectativas divergem amplamente, intensificadas por preocupações com a inflação e seus reflexos na economia global. Além disso, fatores externos, como a situação econômica da China, também entram em jogo, destacando ainda mais a importância e a complexidade das decisões dessa semana.

Confira a entrevista completa:

1. Quais são as expectativas para a reunião do Copom? O que se espera em relação à decisão de política monetária?

R: A expectativa do Copom é de manutenção da taxa de juros, embora o mercado tenha precificado uma queda de cerca de 0,5 pontos percentuais. Alguns analistas sugerem que essa redução pode chegar até 1 ponto percentual. Esse cenário de expectativas divergentes ocorre em meio ao contexto de controle da economia, no qual a desaceleração da inflação é um fator relevante.

2. Em dia de Super-Quarta, quais as expectativas para a reunião do Fed dia 20/09?

R: Existem dois cenários em jogo com o Fed. Há uma expectativa de manter a taxa de juros para continuar contendo o processo inflacionário. No entanto, os dados do mês de agosto apresentaram uma inflação acima do esperado, o que levou o presidente do Fed a considerar a possibilidade de aumentar as taxas de juros.

3. De que forma a aceleração da inflação nos Estados Unidos no último mês, mesmo dentro das expectativas, influenciará as decisões do Federal Reserve em relação às taxas de juros? Qual o impacto disso nas economias de países emergentes?

R: Até o mês de julho, observava-se um processo de desinflação, indicando que a economia estava começando a responder ao controle do consumo. Entretanto, em agosto, a economia americana mostrou resiliência, demonstrando capacidade de crescimento mesmo diante do cenário inflacionário. Isso levou o próprio Fed a repensar a expectativa de redução da taxa de juros americana, abrindo a possibilidade de um aumento nas taxas. Esse dilema tem sido um ponto crucial a se observar na postura do Fed.

Se a economia americana mantiver as taxas de juros inalteradas, isso representará uma excelente oportunidade não apenas para os países emergentes, mas para a economia global como um todo. No entanto, se o banco americano optar por elevar as taxas de juros, a economia global enfrentará um processo recessivo que afetará diretamente todo o mundo, com os países emergentes sofrendo mais, devido à sua dependência econômica em relação à economia americana.

No caso do Brasil, uma tendência de queda nas exportações pode se manifestar. Os investidores do mercado financeiro provavelmente direcionarão seu interesse para os títulos públicos americanos, aproveitando essa oportunidade. Isso, de certa forma, impactará o fluxo de crescimento econômico no Brasil.

4. Como a evolução da economia chinesa está influenciando o comportamento dos investidores em meio à expectativa das decisões da Super Quarta?

R: A economia chinesa ainda não vem demonstrando a sua força, apesar da redução da taxa de juros na China, estímulos no setor da construção civil entre outras medidas, ainda não estão sendo suficientes para elevar a atratividade desse mercado.

5. Como avaliar as posições ‘moderadas’ em bolsa diante da perspectiva de diminuição da taxa de juros no Brasil?

R: Com a redução da taxa de juros no Brasil, a economia começa a se aquecer, o que representa uma excelente oportunidade para aumentar a exposição na bolsa brasileira.

6. Quanto ficará a taxa no Brasil nesta Super Quarta? E nos EUA? E a expectativa de taxa final em dezembro?

R: No Brasil a expectativa é de uma taxa menor, nos EUA uma taxa sem alteração. O movimento de queda no Brasil tende a ficar até o começo de 2024, pelo que as projeções vêm apresentando, podendo a taxa de juros ficar entre 9% e 10%.

Já nos EUA, existe sim uma expectativa do Fed também começar a redução da taxa de juros até o final do ano, podendo ficar em torno de 2% e 2,2%.

7. É hora de sair da renda fixa?

R: Não devemos sair da Renda Fixa, por diversas estratégias. Uma das mais importantes é a gerar a manutenção da reserva de emergência, mas também gerar capital para novas oportunidades em Renda Variável.

Existem oportunidades muito interessantes em operações estruturadas em renda fixa, com operações ligadas à proteção de títulos, que geram bons resultados na carteira do cliente.

8. De que maneira as decisões de política econômica tomadas pela China, particularmente em relação às taxas de juros e ao estímulo econômico, estão afetando a estabilidade do câmbio brasileiro e a dinâmica das exportações do Brasil?

R: Apesar de todos os estímulos implementados pelo governo chinês, ainda não são suficientes para impulsionar a retomada da economia na China. A moeda americana está perdendo força, tornando a moeda chinesa atrativa, porém, ainda não tanto quanto o esperado.

A situação das exportações está condicionada à recuperação da economia chinesa, o que, até o momento, não apresenta boas perspectivas. O número de inadimplências na construção civil está elevado, e não há estabilidade na aquisição de minério de ferro, um recurso amplamente utilizado na construção civil.

9. Qual é a importância do diferencial de juros em relação aos Estados Unidos na tomada de decisões de investimento, especialmente se houver pouco prêmio para o investidor permanecer no Brasil?

R: Aqueles que desejam dolarizar seus investimentos tendem a buscar economias mais sólidas, e, por isso, os Estados Unidos ainda representam uma grande atração. No entanto, é importante lembrar que os EUA também podem passar por um processo recessivo. Os investidores estão compreendendo a importância da diversificação, ou seja, aproveitar as oportunidades tanto no mercado americano quanto no mercado brasileiro, especialmente com a queda das taxas de juros no Brasil.

10. Como o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, mantido em níveis elevados até pelo menos o início de 2024, afeta as estratégias de investimento no mercado brasileiro? E como pode afetar as decisões do Copom no país?

R: Caso de fato o Fed mantenha a elevação na taxa de juros ou em patamares elevados, os investidores brasileiros poderão partir parte dos do patrimônio em títulos do governo americano. Mesmo que a economia Americana mantenha esta condição, a economia brasileira vem mostrando um equilíbrio entre PIB e inflação, trazendo assim oportunidades de investimentos na bolsa brasileira. Isso faz com que o país se torne também extremamente atrativo no mercado Internacional, podendo aumentar o fluxo de moeda estrangeira.

11. Como a perspectiva de levar a taxa básica de juros do Brasil para cerca de um dígito no próximo ano influencia as estratégias de investimento em renda fixa e variável?

R: Na renda fixa, existe a possibilidade de redução de ganhos e isso abre uma janela de oportunidades para investimento em renda variável, pois esse cenário mostra que as empresas poderão gerar crescimento, gerar mais lucro, trazendo assim um aumento na economia real.

12. Quais setores ou ativos específicos podem ser mais impactados pelos movimentos das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos, e como os investidores podem se posicionar diante dessas mudanças?

R: Setores da economia que podem passar oportunidades no Brasil por conta da redução da taxa de juros são setores como imobiliário, tecnologia da informação, indústria de transformação, finanças. E nesse momento migrar parte dos investimentos que estão alocados em renda fixa, para empresas que tem pujança de crescimento.

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