Em 48 horas, desenvolvedora brasileira cria plataforma de estudos com IA e conquista prêmio do Google

Giovanna Moeller, da Nero.AI
Giovanna Moeller, da Nero.AI

Giovanna Moeller, da Nero.AI, lidera nova versão do EduAI, ferramenta gratuita para alunos da rede pública, reconhecida como o melhor projeto da América Latina no hackathon global da Google Cloud

Em meio à desigualdade no acesso à educação no Brasil, abaixo da meta de 95% prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Uma iniciativa nascida dentro de uma startup brasileira mostrou como a tecnologia pode virar o jogo — e rápido. Em apenas 48 horas, durante o Google Cloud Hackathon: Agent Development Kit, a desenvolvedora Giovanna Moeller, da Nero.AI, liderou a recriação do EduAI, uma plataforma de estudos gratuita voltada a alunos da rede pública, que conquistou o prêmio de melhor projeto da América Latina na competição.

A trajetória do EduAI começou em 2023, quando na época Enrico Gazola e Gabriel Valentim, a dupla de fundadores da Nero participou da primeira edição do AI4Good, competição promovida pelas comunidades brasileiras de Harvard e MIT. A missão era clara: construir um professor particular gratuito, acessível por celular, que usasse inteligência artificial para preparar estudantes para o Enem.

“O projeto ficou marcado dentro da empresa como um exemplo do que a IA pode fazer por impacto social”, lembra Giovanna. Ao saber do hackathon global do Google em 2025, com foco em desenvolvimento de agentes autônomos, a equipe decidiu reviver o EduAI — agora com uma arquitetura técnica mais robusta e totalmente adaptada ao novo ambiente.

“Foi uma maratona”, relata a desenvolvedora. “Usei as primeiras horas para entender a fundo o ADK (Agent Development Kit) e mapear os agentes que precisariam ser criados: um para correção de redação, outro para gerar simulados, outro para gerir conteúdo educacional… Estruturei tudo como um ecossistema de oito agentes colaborativos, cada um responsável por uma parte da experiência do aluno”, ressalta.

O EduAI é projetado para funcionar 24 horas por dia, diretamente do celular e sem necessidade de conexão de alta velocidade. A plataforma oferece trilhas personalizadas de estudo, correção automática de redações (inclusive por imagem), vídeos explicativos e acompanhamento de progresso. “A ideia era combater, com tecnologia, a desigualdade no acesso à educação de qualidade”, reforça Enrico Gazola, cofundador da Nero.AI e um dos idealizadores do projeto original.

Valentim cresceu em escola pública no interior de Alagoas, e sua própria trajetória inspirou o nascimento do Edu. “Falo por experiência própria: sofri inúmeras vezes com a falta de professores e de estrutura. O desafio era oferecer conteúdo de qualidade mesmo com internet precária. A IA tornou isso possível”, explica.

Durante o hackathon, Giovanna enfrentou barreiras técnicas como a manutenção de contexto entre os agentes e a baixa documentação do ADK. “Tive que improvisar integrações customizadas, especialmente para o sistema de correção por imagem e para o acompanhamento do progresso do aluno”, conta. A experiência prévia da Nero em outras plataformas ajudou a acelerar o desenvolvimento.

Além da complexidade técnica, o desafio também carregava um forte componente simbólico: devolver ao EduAI seu propósito original. “Eu carrego o desejo de usar minha habilidade técnica para resolver problemas reais — não apenas criar mais uma ferramenta para grandes empresas, mas algo que mude a vida de quem mais precisa”, diz Giovanna.

A Nero.AI, criada por alunos do Insper, tem apostado alto em tecnologia com impacto social. Já venceu competições promovidas por empresas como Meta, AWS e OpenAI, e agora se prepara para dar um novo passo com o EduAI. A plataforma deve ser lançada em versão pública e gratuita nos próximos meses, em parceria com redes públicas de ensino, ONGs e cursinhos populares.

“Queremos que o EduAI se torne o ‘professor particular do Brasil’”, projeta Giovanna. O time também estuda adaptar o sistema para outros vestibulares, concursos públicos e reforço escolar contínuo.

Para Giovanna, que atua como desenvolvedora full-stack com foco em IA generativa dentro da Nero, o futuro inclui mais do que linhas de código. “Quero liderar um projeto técnico formado só por mulheres — não por exclusão, mas por representatividade. E, claro, quero ver o EduAI rodando em escala nacional.”

A mensagem dela para outras mulheres que desejam ingressar na tecnologia é clara: “Comece mesmo que pareça difícil. Aprender a programar é como aprender a construir pontes — você pode conectar problemas a soluções, ideias a pessoas. E o mundo precisa de mais pontes feitas por mulheres.”, finaliza.

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