Confira artigo de Pedro Barreiro, líder de Parcerias Bancárias e Expansão da Wise no Brasil
Em uma definição simples, Embedded Finance é a oferta de produtos e serviços financeiros no portfólio de empresas de outros setores. Falando assim, não parece novidade, né? Há décadas a gente vê lojas de eletros, supermercados e companhias aéreas oferecendo cartão de crédito de marca própria.
Mas não é a mesma coisa. O que torna Embedded Finance tão poderoso e faz com que grandes players como o HSBC olhem para este mercado, são as possibilidades quase infinitas de integrar ofertas financeiras a interfaces digitais que os consumidores utilizam no dia a dia e moldar uma experiência perfeita enquanto eles pagam, fazem empréstimos, contratam seguros ou convertem e enviam dinheiro internacionalmente, por exemplo.
Hoje, a escolha de um produto ou serviço não tem a ver só com o preço ou a qualidade deles em si, mas também com o jeito que estão “embutidos” na jornada do cliente, em vez de serem interações isoladas. O modelo “as-a-service” oferece uma alternativa para atingir uma base maior de usuários ao facilitar a vida deles, sem pedir que mudem seus hábitos atuais, como por exemplo, baixar um novo app, fazer um cadastro novo, etc.
O futuro das fintechs não está só em produtos
Eu já escrevi sobre como as fintechs revolucionaram o setor financeiro tradicional e o que cada player poderia aprender com o outro nessa troca. Mas o assunto agora é o olhar para futuro, e o futuro das fintechs não está nos aplicativos em si, mas na força das suas infraestruturas.
O “as-a-service” permite levar os produtos diretamente aos clientes onde eles já estão, atendendo necessidades reais e com a conveniência que eles já estão acostumados. É mais eficiente e proporciona uma melhor experiência (e melhores resultados) do que esperar que eles venham até você. Para as fintechs, isso quer dizer um canal de distribuição muito mais que o alcance direto do serviço direto ao consumidor final.
Na Wise, fazemos isso através da Wise Platform. Nos últimos anos, a empresa construiu, por trás dos produtos B2C que praticamente todo mundo conhece, uma infraestrutura de pagamentos global poderosa. Essa API permite que bancos, e-commerces e outras organizações, grandes ou pequenas, incorporem serviços de envio, recebimento e gestão de pagamentos internacionais e locais às suas infraestruturas existentes. Assim, os usuários desses serviços não precisam vir até a Wise – a Wise chega, indiretamente, até eles.
Potencial do mercado de Embedded Finance no Brasil
Os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços, que movimentam mais de 35% do PIB brasileiro, têm potencial de capturar juntos receitas de R$ 23 bilhões ao ano em até cinco anos com a ampliação de ofertas financeiras, segundo estudo da Deloitte. Além de desbloquear essa nova fonte de receita, isso cria diferenciação e permite às empresas manterem-se à frente, oferecendo aos seus clientes novos produtos e serviços e uma experiência sem atrito do início ao fim da jornada.
Estes serviços podem ser difíceis de desenvolver por conta própria por quem não está no setor financeiro ou até mesmo por instituições bancárias tradicionais. E as fintechs estão bem posicionadas para impulsionar o crescimento das ofertas as-a-service graças à sua agilidade e inovação e muitas vezes serem focadas em um nicho de negócio específico. Segundo insights da McKinsey sobre o assunto, as fintechs são facilitadoras do Embedded Finance por fornecer a tecnologia e a plataforma por meio da qual outras instituições parceiras podem expandir suas próprias ofertas de serviços e produtos.
As fintechs têm transformado os serviços financeiros há mais de uma década, mas o as-a-service pode ser a mudança definitiva. E bancos e outras empresas dispostas a se unirem a elas estarão à frente para aproveitar as oportunidades desse mercado em rápido crescimento. E aí, qual a sua aposta?