Emissões atingiram 66,33 gCO2eq/MJ no quarto trimestre de 2022, segundo Observatório de Bioeconomia da FGV
O Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) acaba de lançar a segunda edição do dashboard de descarbonização na matriz de combustíveis leves. O objetivo é acompanhar, trimestralmente, a dinâmica de consumo de combustíveis no Brasil, com atenção especial à análise e compreensão dos efeitos da bioenergia na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE). Entre os resultados, as emissões de GEE na matriz de combustíveis leves originadas da queima de gasolina e do etanol atingiram 66,33 gCO2eq/MJ no quarto trimestre de 2022. O índice ficou praticamente estável em relação ao valor observado no quarto trimestre de 2021, quando foram registrados 66,21 gCO2eq/MJ.
A participação dos biocombustíveis no total de energia consumida pelos veículos leves totalizou 35,19% no quarto trimestre de 2022, representando uma retração de 1,10% em comparação a igual período do ano anterior (35,58%).
Em contrapartida, as emissões de GEE evitadas pela presença de bioenergia melhoraram em 7,66% no quarto trimestre de 2022, registrando 9,26 milhões de toneladas de CO2eq, ante as 8,60 milhões de toneladas de CO2eq que deixaram de ser lançadas na atmosfera no quarto trimestre de 2021. O número é equivalente ao plantio de 22,58 mil hectares de árvores nativas.
Intensidade média de carbono (gCO2eq/MJ) nas unidades federativas
O relatório mostra ainda que ao utilizar o ano de 2021 como base de comparação, Mato Grosso e São Paulo estão entre os estados que mais reduziram a intensidade média de carbono dos combustíveis leves, sendo essas reduções de, respectivamente, 5,50% e 2,29%.
Das 27 unidades da federação (incluindo o Distrito Federal), 11 aumentaram a intensidade de carbono dos combustíveis a no quarto trimestre de 2022, comparativamente aos índices observados em igual período em 2021. Esse aumento foi particularmente expressivo nos estados do Rio de Janeiro (4,09%), Goiás (3,26%), Minas Gerais (3,00%) e Pernambuco (2,61%).
Consumo e intensidade de carbono dos biocombustíveis
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram consumidos 3,83 bilhões de litros de etanol hidratado e 3,26 bilhões de litros de etanol anidro no quarto trimestre de 2022. Na comparação com o mesmo período de 2021, esses valores representam um crescimento de 5,48% na demanda por hidratado (3,63 bilhões de litros no ano anterior) e de 8,90% na de etanol anidro (2,99 bilhões de litros).
O maior consumo de etanol no quarto trimestre de 2022 está relacionado ao aumento da oferta do biocombustível neste último ano na comparação com o volume registrado em 2021, quando a seca e geadas afetaram o desenvolvimento das lavouras no país.
No caso do etanol anidro, o aumento no consumo também está relacionado ao crescimento da demanda total por energia no setor de combustíveis leves, que registrou crescimento de 8,25% no último trimestre de 2022.
Com relação à intensidade média de carbono (IC) dos biocombustíveis, observa-se que, no último trimestre do ano passado, o etanol anidro atingiu 26,51 gCO2eq/MJ, registrando queda de 1,11% na comparação com a IC verificada no mesmo período do ano anterior. No caso do etanol hidratado, o índice avaliado no quarto trimestre de 2022 alcançou 28,41 gCO2eq/MJ, com redução de -1,15% na comparação com o valor registrado em igual período de 2021.
Os índices contabilizados no quarto trimestre de 2022 evidenciaram um melhor desempenho ambiental da produção de biocombustíveis pelas usinas em comparação àqueles observados no mesmo trimestre do ano anterior.
O melhor desempenho está relacionado ao ganho de eficiência energético-ambiental alcançado por quase 30 unidades produtoras que foram certificadas nesse último trimestre.
Consumo e intensidade de carbono dos biocombustíveis no ano completo de 2022
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022 o consumo total de etanol combustível no mercado nacional atingiu 27,15 bilhões de litros, apresentando ligeira queda de 0,94% na comparação com o volume registrado em 2021 (27,41 bilhões de litros).
Embora o volume total de etanol consido não tenha apresentado redução acentuada, a participação do biocombustível na matriz nacional caiu de 39,11% em 2021 para 36,80% em 2022. Isso porque, enquanto o consumo energético de combustíveis leves cresceu 5,47% em 2022, a demanda por etanol caiu e o consumo energético de gasolina cresceu mais de 9%. Em relação à intensidade média de carbono (IC) dos biocombustíveis, observa-se que, em 2022, o etanol anidro atingiu 26,96 gCO2eq/MJ. No caso do etanol hidratado, o índice avaliado em 2022 alcançou 28,59 gCO2eq/MJ.
“Em 2022, observamos um avanço importante no consumo de combustíveis leves. Esse movimento, as mudanças na tributação dos combustíveis e a recuperação mais lenta na oferta de etanol ampliaram as emissões de GEE no setor de combustíveis leves. Apesar dessa condição, as emissões evitadas pela bioenergia atingiram cerca de 35 milhões de toneladas de CO2eq., valor equivalente ao plantio de 86 mil hectares de floresta tropical”, explicam os autores do relatório de descarbonização na matriz de combustíveis e pesquisadores do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV, Luciano Rodrigues, Fernanda Valente e Sabrina Matos.
Acesse o dashboard com os dados detalhados neste endereço.