Presença feminina já representa 48% do mercado empreendedor, inovando nos mais diversos segmentos como saúde, finanças, e-commerce, marketing e comunicação
O Brasil tem mais de 30 milhões de mulheres empreendedoras, quase metade do mercado – mais precisamente, 48,7% desse universo, segundo a Global Entrepreneurship Monitor. Empresas que apresentam mais diversidade têm níveis mais altos de inovação e colaboração, segundo levantamento da McKinsey; no entanto, esse dado não é suficiente para atingir a equidade de gênero. No mundo corporativo, ela ainda não é uma realidade.
A boa notícia é que outro estudo, agora realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que a presença feminina no mercado de trabalho chegará a 64,3% no ano de 2030. O levantamento analisou as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Elas estão permeando ambientes antes vistos como essencialmente masculinos. Em setores como marketing, e-commerce, saúde, finanças e comunicação, a presença feminina é ainda mais significativa. Graças às profissionais que vêm fazendo a diferença e servindo de referência para a futura geração feminina, os setores estão em transformação.
Para começar 2023 inspirado, conheça a história de quatro mulheres empreendedoras que são referências em suas áreas:
Fernanda Hermanny, da Afilio
Fernanda Hermanny é CEO da Afilio, empresa de marketing de performance que conta com mais de 100 mil afiliados, e atua em cargos de liderança há mais de dez anos. Por isso, avalia os desafios de sua trajetória como essenciais para a carreira. “Ser uma mulher com destaque profissional pode causar estranheza em muitos meios, mas de forma alguma eu deixo que isso me afete. Quando se tem um objetivo e você enxerga sentido no seu dia a dia, não há nada que possa te parar”, diz.
Atualmente, o marketing de performance é um dos grandes focos do e-commerce. A importância dele só tende a crescer e se transformar de acordo com as necessidades dos consumidores. “Estar na linha de frente de uma empresa como a Afilio, que cresce ano após ano, é uma honra pra mim, e sei que a minha posição vem do fruto de anos de esforço e dedicação. A todas as mulheres que almejam possuir um cargo de CEO ou direção, só tenho a dizer que estudem, ajudem outras mulheres sempre, e não se deixem abater por nenhuma queda, isso só irá fortalecer e dar mais experiência para conquistar seus objetivos”, finaliza Hermanny.
Milene Rosenthal, da Telavita
Milene Rosenthal, cofundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental, é psicóloga formada há mais de 20 anos. Iniciou sua mudança de carreira para ingressar no empreendedorismo e foi peça-chave na aprovação da telemedicina para psicoterapia no Brasil. “Fui questionada sobre a ausência de atendimento psicológico via internet no país, então decidi ir a fundo no tema. Descobri uma resolução no Brasil que permitia ao psicólogo realizar orientações à distância desde 2005 e em determinados casos. Porém, nenhum site oferecia esse tipo de serviço na época”, afirma Rosenthal. Após conhecer Lucas Arthur e Andy Bookas – que atuavam na área de bem-estar -, juntos fundaram a Televita, reconhecida, em 2017, como a segunda startup mais inovadora da América Latina no G-Start Up Worldwide.
A Telavita busca promover e democratizar a saúde mental através do cuidado integral. Além do foco no atendimento corporativo, também atua no setor privado, e é pioneira na área de psicoterapia online, conectando psicólogos e pacientes por meio de uma tecnologia ágil e segura. “Concretizamos o propósito de democratizar o acesso à psicoterapia e à saúde mental. Hoje, qualquer cidadão que precise pode ser atendido, esteja onde estiver e no momento em que for mais conveniente, conforme sua rotina”, completa a cofundadora.
Ticiana Amorim, da Aarin
A baiana Ticiana Amorim é sócia-fundadora e CEO da Aarin, o primeiro hub tech-fin especializado em Pix e Open Finance no Brasil, e tem vida de empreendedora desde muito cedo. Formada em Comunicação Cultural, captou mais de R$ 400 mil para um projeto de dança aos 19 anos, antes de fundar a Aarin. Ela tem MBA em Empreendedorismo, Marketing e Gestão pela PUC-RS e entrou no mundo digital como growth manager na JusBrasil, além de ter seu primeiro exit como sócia da Zigpay.
A tech-fin Aarin nasceu em Salvador (BA), foi comprada pelo grupo Next e fornece serviços com enfoque financeiro embedados na experiência do usuário. Para Amorim, a atuação feminina nesse setor — majoritariamente masculino — é de extrema importância para inspirar mulheres que têm vontade de empreender, independente da área de atuação. “Sinto orgulho quando falo que a Aarin tem 85% da liderança composta por mulheres. A ideia é que a ocupação de cargos mais altos por nós nas empresas se torne algo cada vez mais presente, que mulheres na liderança não sejam vistas apenas como um protocolo a ser seguido”, finaliza a CEO.
Bruna Havresko, da Modab
Bruna Havresko é CEO e fundadora da Modab, e-commerce de moda feminina criado por uma mulher para todas as mulheres brasileiras. Publicitária de formação, trabalhou como fotógrafa de moda desde os 18 anos. Durante seu tempo frequentando estúdios, percebia com clareza os traumas das mulheres com as roupas que precisavam vestir para os ensaios. Ela também tinha seus próprios incômodos pessoais na busca por peças, principalmente calças jeans.
Hoje, gerencia a própria marca, unindo tecnologia e conforto com produtos para todos os tipos de corpo. “A ideia da Modab surgiu a partir de uma experiência própria, pois na época alguns modelos que eu experimentava não passavam no quadril ou ficavam longos demais e eram desconfortáveis. Com isso, pensei em criar produtos para que todas as mulheres pudessem se sentir bem consigo mesmas, com suas curvas e singularidades”, explica a CEO.
A empresa foi criada em 2013, e desde seu lançamento ao mercado, em 2018, cresceu 18 vezes. O portfólio traz calças jeans que vestem do 30 ao 56, além de quatro opções de tamanhos para as barras, que atendem das baixinhas às mais altas, sem que precisem recorrer às costureiras. A empresa também possui blusas, jaquetas e outras peças para compor os looks. “Prestamos muita atenção ao que nossas consumidoras falam, quais são suas dores e necessidades. Assim, conseguimos lançar coleções baseadas nos seus biotipos e contemplar seus maiores sonhos em formato de roupa”, finaliza Bruna.