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Endividamento recorde pressiona consumo e dificulta vida de bares e restaurantes

STF vai definir se vales alimentação e de transporte e planos de saúde integram base de cálculo da previdência / Foto: Anoushka Puri / Unsplash
Foto: Anoushka Puri / Unsplash

Com dívida média acima do salário mínimo, brasileiros consomem menos; bares e restaurantes sentem impacto

O número de inadimplentes no Brasil chegou a 77 milhões em maio, segundo dados do Serasa. Mas não é apenas a quantidade que preocupa: a dívida média por pessoa subiu de R$ 1.489,90 em janeiro para R$ 1.558,68 em maio — valor superior ao salário mínimo atual, de R$ 1.518. O crescimento acumulado no montante foi de 4,62% no primeiro semestre, com o total da dívida saltando de R$ 419 bilhões para R$ 465 bilhões, de acordo com o relatório “Indicadores de Mercado”, da plataforma Pagou Fácil.

A origem das dívidas permanece concentrada em bancos e cartões de crédito (27,85%), contas básicas como água e luz (20,17%), financeiras (19,38%) e serviços diversos como TV e internet (11,94%). Os principais motivos da inadimplência são atraso no salário (40,8%), endividamento excessivo (22,3%) e desemprego (20,3%).

Esse cenário tem reflexos diretos sobre o setor de alimentação fora do lar. Em junho, bares e restaurantes registraram queda real de 3,7% no faturamento, conforme o índice Abrasel-Stone. A retração ocorre em um ambiente de renda comprimida, crédito mais caro e aumento de custos operacionais.

Além disso, a elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para fintechs, anunciada pelo governo em julho, deve impactar diretamente os pequenos negócios e diminuir as opções de crédito para os cidadãos. A alíquota subiu de 9% para 15% – um aumento de 70%. Na prática, isso pode encarecer serviços como maquininhas de cartão, contas digitais e antecipações de recebíveis — ferramentas essenciais para bares e restaurantes manterem o fluxo de caixa. As fintechs também são essenciais para a bancarização da população. Segundo dados de junho do IBGE, nos últimos dois anos aumentou em 22,5 milhões o número de pessoas que usaram a internet para transações bancárias, totalizando o recorde de 119,6 milhões.

Outro fator de preocupação é o avanço das plataformas de apostas esportivas. Com forte apelo publicitário e acesso facilitado, elas têm captado recursos que antes circulavam na economia real. Estimativa recente do Banco Central é de que o setor movimente mais de R$ 360 bilhões por ano no Brasil, com parte significativa desses valores sendo remetida ao exterior, sem contrapartida produtiva ou geração de empregos locais. Pior: muitos recorrem a empréstimos para sustentar o vício, agravando o endividamento das famílias.

“O consumidor está mais endividado e inseguro, o que impacta a frequência em bares e restaurantes. O setor sente isso no caixa, especialmente os pequenos negócios, que têm menos reservas. Soma-se a isso o aumento de custos com serviços financeiros e a fuga de recursos para as apostas online, que drenam dinheiro da economia real”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

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