O Forfait, também chamado de “Risco Sacado”, é uma operação financeira disponibilizada pelas Instituições Financeiras e uma prática realizada pelas empresas como modalidade para antecipação de recebíveis
O anúncio de inconsistências em lançamentos contábeis da empresa Americanas S.A. tem feito analistas e especialistas do mercado acreditarem que o rombo calculado pode ter sido provocado por operações financeiras que não estariam inseridas no balanço da companhia – o Forfait ou operação risco-sacado. Mas como funciona este tipo de operação?
Wagner S. de Moraes, sócio fundador e Ceo da A&S Partners, empresa de negócios voltada para implementação e reestruturação de operações nas áreas de M&A, turnaround, project finance, real estate, fintechs, bancos digitais e meios de pagamentos explica: “O Forfait, também chamado de “Risco Sacado”, é uma operação financeira disponibilizada pelas Instituições Financeiras e uma prática realizada pelas empresas como modalidade para antecipação de recebíveis. Essa operação é bastante comum entre empresas do setor de varejo e funciona da seguinte forma: uma empresa recebe os produtos de seu fornecedor ou a execução dos seus serviços de forma antecipada ao pagamento. Assim, o valor e as formas de pagamento são acordados entre as partes de forma prévia. O fornecedor realiza a emissão de uma fatura com um prazo a ser financiado por um banco ou instituição financeira autorizada a oferecer essa modalidade, ou seja, o banco credor do risco sacado. No entanto, o valor de venda não é considerado pelo fornecedor em sua contabilidade quando essa operação é feita. Da mesma forma, a empresa que está pagando de forma antecipada também não reconhece o valor de saída em seu passivo oneroso. Ao invés de considerar como “passivo oneroso”, a empresa coloca o valor do montante pago como passivo de fornecedores”, detalha.
Segundo Moraes, no caso da Lojas Americanas, as operações de risco sacado não constavam no balanço da companhia. Assim, elas não eram divulgadas ao mercado como “dívidas”, mas como uma conta de fornecedores. Já os juros que seriam pagos ao banco eram contabilizados como redução na conta de fornecedores e não como uma despesa financeira da empresa varejista. “Assim, a empresa acumulou uma dívida bilionária com seus fornecedores que não era de conhecimento do mercado financeiro e dos investidores. Com isso, quando veio à tona, o mercado viu que a capacidade de pagamento da companhia havia se deteriorado completamente, beirando a insolvência”, argumenta.