Com taxas até cinco vezes menores, entidades fechadas ganham força no mercado, algumas com crescimento de mais de 16% em 2024
Enquanto os grandes bancos seguem liderando o mercado de previdência privada no Brasil, com gigantes como Brasilprev, Bradesco, Itaú e Caixa detendo boa parte dos ativos, uma movimentação consistente e estratégica começa a alterar a dinâmica do setor. Trata-se do avanço das entidades fechadas de previdência complementar (EFPCs) com planos instituídos, capitaneadas por organizações associativistas, cooperativas e entidades sem fins lucrativos.
E essa mudança não é apenas de discurso, mas de entrega. Embora os bancos seguem liderando em volume de ativos, são as entidades fechadas que respondem pela maior parte dos pagamentos a quem já está usufruindo da previdência. De acordo com dados do Ministério da Previdência, em 2024, dos cerca de R$ 98 bilhões pagos em benefícios pela Previdência Complementar, 95% saíram das EFPCs, o que reforça seu papel central na construção de soluções sustentáveis e de longo prazo para quase um milhão de aposentados no país.
Um dos principais protagonistas dessa virada é a entidade catarinense com sede em Florianópolis, a Quanta Previdência, que registrou crescimento de 16,33% no patrimônio em 2024, mais que o dobro da média das EFPCs (1,56%) e superior ao desempenho da previdência privada como um todo (7,3%). O resultado alçou a entidade ao patamar de 38ª colocada no ranking geral por patrimônio, com R$ 7,12 bilhões sob gestão, superando a marca de R$ 6,12 bilhões em 2023.
EFPCs ganham espaço com planos mais acessíveis
Diferentemente das previdências tradicionais, que oferecem planos abertos com taxas médias de 1,3% ao ano, as entidades fechadas instituídas operam com estruturas mais enxutas e taxas significativamente menores. No caso da Quanta, os custos variam entre 0,25% e 0,48% ao ano, viabilizando acessibilidade e maior rentabilidade líquida de longo prazo para os participantes.
“A eficiência do modelo está na robustez da gestão de investimentos e no compromisso com o futuro dos participantes, o que permite ganhos de escala e políticas alinhadas ao interesse coletivo, não ao lucro”, destaca Denise Maidanchen, CEO da Quanta Previdência e vice-diretora da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar).
Em 2024, a entidade deu um novo salto e passou a ocupar a terceira colocação entre as EFPCs em número de participantes, com 214 mil ativos e 1.140 beneficiários em recebimento. Hoje, a Quanta opera planos como o Precaver (exclusivo do sistema Unicred), o Prevcoop (presente em 13 cooperativas do Sistema Ailos) e o Cooprev (voltado para associações, empresas e pessoas físicas). A capilaridade do cooperativismo é considerada uma das alavancas do crescimento.
Gestão de vanguarda com visão de longo prazo
Com cinco perfis de investimento, de Conservador Renda Fixa a Arrojado, a Quanta estrutura suas alocações com foco em preservação de capital e diversificação de portfólio. “Contamos com 11 fundos exclusivos, acessíveis desde a primeira contribuição, todos geridos por casas reconhecidas e criteriosamente selecionadas. Diferente do que ocorre em bancos ou gestoras, aqui não é preciso aportar grandes valores para acessar uma gestão de excelência. E os resultados comprovam isso: nos últimos cinco anos, os perfis conservadores entregaram 120% do CDI, e, nos últimos vinte anos, a rentabilidade acumulada chegou a 106% do CDI”, destaca Denise Maidanchen.
Nos perfis mais conservadores, que concentram grande parte dos participantes e beneficiários, os investimentos em títulos públicos mantiveram sua predominância, refletindo a política de resiliência em contextos de alta de juros. Já nos perfis com maior apetite por risco, a alocação em títulos públicos atrelados à inflação foi ampliada de 10% para 20% nos últimos 12 meses, aproveitando janelas de oportunidade no Tesouro IPCA.
Já em renda variável e investimentos estruturados, o momento é de manutenção dos percentuais máximos previstos na política — até 15% nos perfis mais arrojados. Além disso, a diversificação internacional também está nos planos da fundação.
“A Quanta conta, há alguns anos, com um fundo exclusivo de investimentos no exterior, cuja estratégia tem como principal objetivo diversificar e melhorar a correlação com os ativos locais, contribuindo de forma relevante para a composição dos perfis de investimento. Em 2024, essa alocação gerou um retorno nominal expressivo de 38%, reforçando a importância da diversificação internacional dentro de uma gestão bem estruturada”, afirma Maidanchen.
Uma nova lógica previdenciária
Com presença consolidada no Sul do país e em franca expansão nacional, a Quanta já detém 5,5% da cobertura de previdência fechada no Brasil e 1,4% da previdência privada total, segundo dados da Previc e Susep. Apesar de apenas 0,27% da população brasileira estar coberta por entidades fechadas, esse índice sobe para impressionantes 13,8% quando se observa a base da Quanta.
Com políticas de governança robustas, alinhamento com os interesses do participante e gestão orientada para o longo prazo, a Quanta Previdência surge como exemplo de um novo caminho possível para a previdência brasileira — menos bancarizado, mais democrático e financeiramente inteligente.
Para Eduardo Vieira Ferrari da cooperativa Únilos e representante dos participantes no Conselho Deliberativo da Quanta, as entidades fechadas têm um papel fundamental na evolução do modelo previdenciário, ao desenvolver planos acessíveis, incentivar a cultura da poupança e adaptar os produtos às transformações sociais e do mercado de trabalho.
“É preciso estar atento às constantes mudanças na sociedade, que podem ser demográficas ao registrar o envelhecimento da população, ou no mercado de trabalho através de fenômenos como a “pejotização”, e as consequentes ações para adequação dos produtos previdenciários aos novos cenários, destaca o Conselheiro.