Lançamento aborda como a presença, escuta e consistência podem reorganizar a relação com o corpo e suas próprias necessidades, proporcionando uma melhor qualidade de vida
Pesquisas, métricas, avanços tecnológicos e recomendações circulam por todos os espaços quando o assunto é a saúde e os melhores caminhos para viver com qualidade. Isso inclui ambientes desde os consultórios até as redes sociais. Mesmo assim, apesar dessa infinidade de informações que circulam sobre o tema, o número de pessoas que têm dificuldade de encontrar um melhor caminho para ter um modo de vida mais saudável é crescente. São constantes as reclamações, tanto no ambiente clínico quanto no universo virtual, sobre pessoas que sentem cansaço extremo, lidam com processos inflamatórios, têm dificuldade para dormir, oscilação de humor, corpo sobrecarregado e uma sensação persistente de nunca dar conta do recado.
É nesse ambiente que a médica endocrinologista PhD e diretora da clínica Atma Soma, Alessandra Rascovski, faz várias reflexões a respeito do assunto. O resultado disso está no livro “AtmaSoma – O equilíbrio entre a ciência e o prazer para viver mais e melhor” (EV Publicações, 2026), uma obra que acaba de chegar ao mercado e propõe colocar o indivíduo no centro do autocuidado.
O nome “AtmaSoma” traduz a essência do conceito desenvolvido pela autora: “Atma”, que vem do sânscrito, significa alma; e “Soma”, do grego, significa corpo. Ao unir as duas palavras em uma só, Alessandra reforça que corpo e alma são dimensões indissolúveis do ser humano e que cuidar da saúde é, necessariamente, cuidar das duas esferas de forma integrada.
O livro nasceu de uma inquietação vivenciada por ela, ao observar um grande número de jovens médicos adotando protocolos mais rígidos em seus atendimentos, assim como pacientes seguindo as “prescrições” das redes sociais.
Ponto de partida: autoconhecimento
A discussão trazida no livro parte de uma premissa simples e profunda: ninguém pode cuidar de si sem se reconhecer. Alessandra propõe um método que convida o leitor a identificar onde estão suas forças e suas fragilidades, com o intuito de não se ajustar para alcançar um padrão, mas para estabelecer um ponto de partida real para esse caminho. Esse ponto de partida se desdobra ao longo da obra com várias reflexões feitas por ela, traduzido em um convite a adquirir responsabilidade com gentileza, ou seja, assumir o próprio cuidado com a saúde sem que isso desperte sentimentos negativos ou de culpa.
“Não se trata de idealizar um corpo ou uma rotina perfeita, mas sim de reconquistar a capacidade de escutar o que está vivo dentro de nós. Cuidar da saúde não é se corrigir. É se acolher para poder se transformar”, reflete a autora.
A experiência clínica de Alessandra Rascovski, que transita desde a endocrinologia tradicional até o estudo da neuroplasticidade e da medicina mente-corpo, é refletida na tese central do livro: o corpo não é um conjunto de partes, mas um sistema integrado que responde ao que pensamos, sentimos, metabolizamos e vivemos.
Na obra, as interligações entre os órgãos e os comportamentos do organismo são claras: o cérebro conversa com o intestino, o sono interfere no humor, a força muscular sustenta a vitalidade. Já os hormônios modulam presença, libido, energia e disposição. Quando um pilar se desregula, os outros respondem à altura. Isso sinaliza que a saúde não funciona de forma individual ou com protocolos isolados, mas sim de forma totalmente interligada.
“Quando entendemos que há influência e correlação entre um e outro órgão do corpo, o ato de cuidar deixa de ser uma lista de tarefas e passa a ser um movimento de escuta. Não adianta ajustar a alimentação se o sono está sofrendo, ou trabalhar força muscular se a mente está exausta. A saúde acontece no encontro: é quando corpo, pensamento e afeto começam a caminhar na mesma direção”, reforça a autora.
Tecnologia com propósito
O livro também se debruça sobre o uso crescente de “gadgets” utilizados em favor da saúde, como relógios inteligentes, sensores corporais, aplicativos de monitoramento e dispositivos de análise de sono, glicemia e atividade física. Para a médica PhD, a tecnologia pode ser uma grande aliada, desde que esteja a serviço da melhora da qualidade de vida do paciente, e não como uma ferramenta de cobrança ou que estimule a vigilância permanente. Para ela, há uma diferença profunda entre monitorar e controlar, entre observar e vigiar.
A autora aponta que, em muitos casos, o excesso de dados tem gerado mais ansiedade do que clareza nas pessoas. Elas passam a “vigiar” o corpo com um comportamento semelhante de quem monitora uma máquina que está prestes a falhar, transformando os hábitos de saúde em microcorreções exaustivas e constantes. Com isso, o cuidado perde sentido e se torna performance.
“Medir mais não significa viver melhor. O que faz diferença é saber quais dados orientam decisões reais. Quando medimos o que importa, deixamos de reagir ao acaso e começamos a conduzir a própria saúde com consciência”, comenta.
Um convite ao tempo
O livro AtmaSoma não oferece atalhos, modismos ou métodos de transformação súbita. A obra da médica endocrinologista adota uma postura contrária à lógica da urgência que domina o discurso atual sobre saúde, incluindo a promessa permanente de resultados imediatos, metas rígidas e reinícios exaustos. Em vez disso, propõe recuperar aquilo que se perdeu na rotina acelerada: o tempo como aliado, e não como adversário.
Cuidar de si exige continuidade, e não velocidade. Envolve a compreensão de que a saúde não é um estado fixo a ser alcançado, mas sim um processo vivo, que está sempre em processo de ajustes e adequações: se acomoda, amadurece, recua, avança e se reinventa conforme a vida vai acontecendo. O bem-estar sustentável nasce de pequenas decisões mantidas ao longo dos dias, com decisões que englobam contexto de vida, história, cansaço, desejos e fases – boas ou ruins.
Além disso, a autora ressalta que a busca por viver mais e melhor deve vir acompanhada da capacidade de viver bem o agora: com satisfação, prazer e presença. O futuro saudável é consequência de um presente vivido com consciência e alegria. “Não se trata apenas de prolongar os anos de vida, mas de ampliar a qualidade dos dias que temos hoje”, reforça.
“Quando pensamos em saúde, muitas vezes buscamos fórmulas prontas e rotinas rígidas. Mas a verdade é que nosso corpo e nossa mente não funcionam assim. A vida tem ciclos, e a saúde acompanha esses movimentos. O cuidado é dinâmico e se transforma. Nesse sentido, não existe uma linha reta, mas uma constância possível. Essa perspectiva nos convida a abandonar a rigidez e abraçar uma abordagem mais fluida e compassiva com nós mesmos”, finaliza Alessandra Rascovski.
