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Enxaqueca e a Saúde Bucal: relações, diagnóstico e tratamento

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Photo by Kamal Hoseinianzade on Unsplash

A cefaleia, popularmente conhecida como dor de cabeça, é uma condição extremamente comum na população brasileira

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 140 milhões de pessoas no país convivem com esse problema em algum momento da vida. Estudos mostram que 99% das mulheres e 94% dos homens já tiveram ou terão pelo menos um episódio de cefaleia ao longo da vida.

Embora muitas vezes seja associada ao estresse, cansaço ou alterações neurológicas, a cefaleia também pode ter causas relacionadas à saúde bucal, especialmente quando existe uma disfunção na articulação temporomandibular. 

Membro da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Alain Haggiag explica que a cefaleia associada à disfunção temporomandibular (DTM) costuma se manifestar na região das têmporas, da mandíbula, dos músculos da mastigação, do pescoço ou ao redor dos ouvidos. Esse tipo de dor é mais frequentemente do tipo pressão, peso, tensão, mas pode ser latejante e piorar durante atividades de mastigação, fala prolongada, bocejo e apertamento dentário. Quando ocorre por mais de 15 dias no mês, pode ser considerada crônica. O profissional destaca que estalos na articulação da mandíbula, travamentos ao abrir ou fechar a boca e sensibilidade ao toque dos músculos temporais e masseteres são sintomas que ajudam a diferenciar a cefaleia causada por DTM de outras dores de cabeça, como enxaquecas e cefaleias tensionais de origem neurológica. 

A importância do Diagnóstico Odontológico 

“O cirurgião-dentista especialista em Dor Orofacial tem papel essencial na avaliação do tipo de cefaleia que o paciente é acometido. Por meio de exame clínico detalhado, palpação muscular, avaliação da função mandibular e articular, exames complementares como a eletromiografia e questionários específicos, o profissional pode identificar sinais de sobrecarga funcional e outras desencadeantes e mantenedores desta dor orofacial. O profissional também é responsável por indicar terapias conservadoras eficazes, como aquelas que promovem reeducação neuromuscular, que diminuem a sobrecarga muscular e articular e que aliviam a dor, além de tratar infecções buco-dentais”, explica o cirurgião-dentista.  

Para identificar as possíveis causas da cefaleia ligadas à Odontologia é necessário o diagnóstico clínico, que deve considerar as características do paciente (gênero, idade, raça, histórico da dor, localização, frequência e intensidade). A avaliação dos hábitos parafuncionais, como apertar e ranger os dentes, mascar chiclete, roer as unhas e mordiscar os lábios, é de fundamental importância no diagnóstico, já que são os principais fatores de sobrecarga na região dos músculos e articulações da face. O tratamento de focos dentários (cáries, infecções endodônticas) e periodontais também são de responsabilidade do profissional e fundamentais no controle da dor orofacial.

Por meio de questionários padronizados e exames complementares funcionais, o profissional consegue refinar o seu diagnóstico destas dores de origem multifatorial.

Por que a dor bucal é percebida como dor de cabeça?

“O sistema estomatognático (conjunto de músculos, articulações e estruturas orais) é interligado às áreas da cabeça e pescoço por meio do nervo trigêmeo, o que permite que dores originadas na boca sejam percebidas como cefaleia. Além disso, a tensão muscular crônica, comum em disfunções temporomandibulares, pode desencadear ou agravar dores de cabeça”, esclarece o Dr Alain. 

Saúde Geral do Paciente 

Além da saúde bucal, os pacientes com cefaleia costumam relatar dificuldade de concentração, alterações no humor, queda de produtividade, problemas na qualidade do sono, além de dificuldades na mastigação. A dor recorrente pode levar ao uso de remédios, afetar a saúde emocional e contribuir para quadros de ansiedade e depressão. Se não tratada adequadamente, a condição tende a persistir e se agravar. 

Tratamento e Cura 

O integrante da Câmara Técnica de DTM orienta que o tratamento é conservador e não invasivo, focado no controle das afecções buco-dentais, na redução da sobrecarga muscular e articular e na regularização do sono. Dispositivos intraorais específicos do sono, como aparelhos para controle de ronco e apneia, e placas de bruxismo do sono, são bastante utilizados. Ferramentas para controlar o bruxismo de vigília, como aplicativos ou dispositivos intraorais, também são recomendados. Terapias físicas como fisioterapia orofacial, termoterapia, tens, acupuntura, orientações posturais e mudanças de comportamento são fundamentais. Para o controle da dor aguda e inflamações (principalmente intra articulares), podem ser indicados medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e relaxante muscular. 

As cefaleias primárias são, normalmente, crônicas e requerem controle contínuo. As cefaleias secundárias relacionadas à hiperatividade muscular orofacial costumam ter um bom prognóstico e podem ser totalmente resolvidas com o tratamento adequado. Além da atuação precoce e multidisciplinar — envolvendo o dentista, fisioterapeuta e, quando necessário, psicólogo ou médico — aumentam as chances de sucesso e devolvem ao paciente sua qualidade de vida, explica o cirurgião-dentista, Dr. Alain Haggiag.  

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