Conduzido pela Pipe.Social e pelo Quintessa, o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental chega à quarta edição, destacando análises de 1.011 negócios de impacto
A distribuição dos fundadores e/ou das lideranças pelos 1.011 negócios de impacto socioambiental analisados pela Pipe.Social e pelo Quintessa na edição 2023 do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental aponta para lideranças com um misto de homens e mulheres (42%), representando equilíbrio entre fundadores e fundadoras: 22% e 21%, respectivamente. Quando a análise recai para a base de 11.174 pessoas – que leva em consideração o número total de empreendedores da amostra –, o mapeamento mostra que 51% dos fundadores/lideranças são homens; 48%, mulheres; e 1%, outros gêneros. A íntegra do mapeamento pode ser acessada no site https://mapa2023.pipelabo.com/.
Segundo Mariana Fonseca, fundadora da Pipe.Social e uma das coordenadoras do estudo, os times mistos deram um salto de 19% – edição 2021 do Mapa – para 42% em 2023. “Além disso, as equipes formadas apenas por mulheres e apenas por homens estão praticamente equiparadas. Apareceram, também, pela primeira vez na série histórica do mapeamento, negócios com lideranças de outros gêneros, ou seja, há mais diversidade de gênero no pipeline. É a primeira vez, inclusive, que o levantamento faz essa leitura dentro da composição de lideranças/fundadores que representaram mais de 11 mil indivíduos. Por outro lado, os negócios fundados/liderados por pessoas pretas e pardas tendem a se concentrar nos estágios iniciais da jornada de empreendedorismo e são minoria ainda entre os negócios com maior volume de faturamento. Ainda há diversidade a ser trabalhada em raça/etnia, por exemplo”, afirma.
Os negócios que resolvem problemas sociais e ambientais – foco das análises do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, a maior pesquisa da temática no país – compõem um modelo em franca expansão no Brasil: o empreendedorismo de impacto. Com a proposta de contribuir para a transformação positiva da sociedade, essas empresas atuam com produtos e serviços que endereçam respostas – tecnológicas, inovadoras e com base em ciência – para desafios contemporâneos nas áreas de inclusão produtiva, saúde, habitação, educação e serviços financeiros, entre outras. Com um ecossistema mais maduro, os negócios de impacto sobreviveram à pandemia de covid-19 e seguem ampliando os faturamentos, influenciando a criação de mecanismos financeiros de captação de recursos e alimentando novos setores como das Economias Verde e Prateada, além de mercados emergentes como o de Carbono.
Retrato dos empreendedores: raça, etnia, faixa etária, PcD e orientação sexual
Por pessoas (base 11.174 pessoas)
Sobre a raça e etnia, há 49% de brancos; 19% de indígenas; 17% de pardos; 13% de pretos; e 2% de amarelos. Mariana aponta que o número de indígenas se refere a negócios ligados a associações/cooperativas, especialmente no Norte do país, que concentram algo em torno de 200/300 associados considerados como sócios. “É importante notar que os empreendedores brancos eram 66% em 2021; enquanto pardos e pretos somavam 25%; e indígenas, 1%. Apesar de alguns negócios pesarem sozinhos nesses dados – especialmente cooperativas no Norte do país –, há mais diversidade de raça e etnia quando olhamos para o volume de fundadores e de lideranças no total”, aponta Mariana Fonseca.
Na faixa etária, considerando uma base de 910 entrevistados, temos: 2% (18 a 24 anos); 8% (25 a 29 anos); 15% (30 a 34 anos); 18% (35 a 39 anos); 16% (40 a 44 anos): 11% (45 a 49 anos); 10% (50 a 54 anos); 5% (55 a 59 anos); 4%(60 a 64 anos); e 2% (65 anos ou mais). Na escolaridade, a maioria (61%) possui pós-graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado; número seguido por 29% com ensino superior completo.
“A leitura que fazemos é que há mais maturidade entre os empreendedores. Diminuiu o número de empreendedores entre 18 e 29 anos: em 2021, eram 22% da base. Cresceu o volume de empreendedores maduros, acima de 50 anos: 21% da base está nessa faixa. Comparando com os dados de 2021, acima dos 45 anos, o número subiu de 26% para 32% das lideranças nessa faixa etária. O maior volume, 60%, está entre 30 e 49 anos”, afirma Mariana, acrescentando que há um volume grande de lideranças com um nível educacional elevado, inclusive, entre os com mais de 60 anos.
“Esse dado acompanha tendências de longevidade da população, mostrando que há uma parcela que empreende no momento que antes era marcado como o início da aposentadoria, como mostram estudos da Pipe.Social e Hype60+, como o Tsunami 60+. Um outro ponto importante na análise do perfil é que muitos empreendedores técnicos – vindos de áreas como Educação, Saúde e Ambiental – acabam criando negócios a partir de soluções encontradas em suas formações e expertises em campo”, revela.
Por negócios de impacto (base 1.011 empresas)
A leitura de diversidade de raça e etnia – considerando a análise de mais de mil empresas – aponta para um ambiente mais inclusivo e diverso. Por outro lado, os negócios com fundadoras, pessoas pretas e pardas tendem a se concentrar nos estágios iniciais da jornada de empreendedorismo e são minoria ainda entre os negócios com maior volume de faturamento.
Na análise sobre a orientação sexual, 15% dos negócios têm na equipe fundadores/lideranças que integram o grupo LGBTQIAP+. A leitura sobre pessoas com deficiência aponta que 5% dos negócios declararam ter fundadores e lideranças com esse perfil. Um dos destaques da edição 2023 é que, pela primeira vez, o Mapa tem uma base declarada suficiente para apontar o número de pessoas entre lideranças/fundadores que estão nos grupos LGBTQIAP+ e PcD.
A análise da formação aponta que 72% dos negócios contam com pelo menos um empreendedor formado em Administração, Economia, Contábeis e/ou STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) – graduações que aumentam a facilidade desses empreendedores de acessar e serem acessados por investidores, porque esses conseguem dialogar melhor com o mundo dos negócios.
“Seja na leitura por negócio, seja na leitura total dos empreendedores, vemos um equilíbrio entre homens e mulheres. O desafio, em termos quantitativos, está no cenário de raça e etnia que, apesar de mais diverso, ainda não mostra um retrato proporcional à realidade brasileira”, finaliza Mariana.
A edição 2023 conta com o patrocínio da Coalizão pelo Impacto, do Cubo Itaú ESG, Fundo Vale, Instituto Helda Gerdau e Instituto Sabin. A iniciativa do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental é resultado da união da Pipe.Social e do Quintessa – protagonistas no ecossistema de impacto nacional –, que formam a Base de Impacto: responsável por aumentar a oferta de benefícios aos empreendedores, ampliando a conexão com os mercados.
Conceito-chave
Os negócios de impacto são empreendimentos que têm a intenção clara de endereçar um problema socioambiental por meio de sua atividade principal, ou seja, produto/serviço e/ou sua forma de operação. Esses negócios atuam de acordo com a lógica de mercado, com um modelo de negócio que busca retornos financeiros, e se comprometem a medir o impacto que geram.
Metodologia
O Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental é composto a partir de uma chamada nacional focada em empreendedores que lideram negócios de impacto socioambiental. Entre maio e agosto de 2023, mais de 66 organizações do ecossistema e cinco patrocinadores se mobilizaram para falar diretamente com 2.187 empreendedores. Foram realizados sete eventos de apoio e conexão, que resultaram em 1.036 cadastros com dados autodeclarados e respostas a 65 questões. Os dados coletados foram analisados, tendo por base conceitual o estudo O que são negócios de impacto (Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, com análise da Pipe.Social, 2019). A infografia e os dados destacados no mapeamento têm base final de 1.011 negócios de impacto operacionais.
As estatísticas foram produzidas a partir do cruzamento de dados coletados em 2023 e da leitura comparativa com as bases de Mapas anteriores (2019 e 2021), tendo uma margem de erro de três pontos percentuais e um nível de confiança de 95% para leituras na amostra geral. No campo qualitativo – por meio de conteúdos digitais disponibilizados por parceiros e organizações nacionais e internacionais de negócios de impacto –, a equipe da Pipe.Social analisou as falas recorrentes e tendências apontadas pelos empreendedores, repercutindo-as via escuta de 14 especialistas (entrevistas em profundidade). Como resultado, a edição 2023 do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental traz uma retrospectiva e as movimentações dos últimos dois anos do campo; perfil dos empreendedores e dos negócios brasileiros de impacto socioambiental; tendências e recomendações que emergem do ecossistema.
Pipe.Social
A pesquisa e a inteligência na leitura de dados e cenários são a vocação da Pipe.Social – startup especializada em pesquisa e análises de negócios de impacto social e ambiental do Brasil e da América Latina. Fundada em 2016 por Mariana Fonseca, um dos principais produtos de conhecimento é o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, que compõe a vitrine de negócios Pipe.Social. Desde 2016, produz estudos sobre o setor de impacto socioambiental no Brasil, publicando mapeamentos, desenvolvendo taxonomias e ferramentas para apoiar o ecossistema e o empreendedor em sua jornada. A empresa se tornou referência sobre o setor no país e, via Pipe.Labo, criou um centro de estudos e conhecimento aplicado sobre o mercado de impacto socioambiental no Brasil. Mais informações e estudos: www.pipelabo.com.
Quintessa
Ecossistema de soluções empreendedoras e inovadoras para os desafios sociais e ambientais centrais do país, o Quintessa trabalha, desde 2009, pela integração estratégica entre o impacto positivo e o resultado financeiro, atuando em parceria com empreendedores de negócios de impacto, grandes empresas, investidores, institutos e fundações para promover as agendas de inovação, impacto positivo e ESG. Mais informações: www.quintessa.org.br.