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Espanha: seguradoras superam obstáculos e veem arrecadação crescer em 2022

Espanha: seguradoras superam obstáculos e veem arrecadação crescer em 2022 / Foto: Daniel Prado / Unsplash Images
Foto: Daniel Prado / Unsplash Images

Unespa representa pouco mais de 230 companhias de seguros, o que significa mais de 97% do mercado espanhol de seguros

A 38ª. Conferência Hemisférica de Seguros reunirá representantes de entidades de seguros privados de 20 países da América Latina, mais Estados Unidos e Espanha, no Rio de Janeiro, de 24 a 26 de setembro de 2023. Para apresentar um pouco da realidade do mercado segurador espanhol, a presidente da União Espanhola das Entidades de Seguros e Resseguros (Unespa), Pilar González de Frutos, informa alguns dados. A Unespa representa pouco mais de 230 companhias de seguros, o que significa mais de 97% do mercado espanhol de seguros.

Mesmo em um quadro de inflação alta, juros ascendentes e corte dos incentivos fiscais para os planos de previdência privada individual, o mercado segurador espanhol superou as dificuldades e avançou em 2022. Segundo a Unespa, as seguradoras da Espanha geraram, no ano passado, US$ 68,2 bilhões em prêmios totais, sendo US$ 42,3 bilhões em seguros do ramo não vida e US$ 25,8 bilhões em seguros de vida.

Confira a seguir a íntegra da entrevista com Pilar de Frutos.

Como a senhora avalia o comportamento do mercado de seguros em seu país em 2022? Qual foi o crescimento nominal do mercado em relação a 2021, projetado e real? Em dólares, qual foi o valor em prêmios?

O mercado espanhol de seguros fechou o ano 2022 com cerca de US$ 68,2 bilhões em prêmios totais, sendo US$ 42,3 bilhões em seguros do ramo não vida e US$ 25,8 bilhões em seguros de vida. Estamos falando, portanto, de um crescimento de 4,8% para os seguros como um todo. O aumento foi de 5,2% para os seguros não vida e de 4,2% para os seguros de vida.

Nesse cenário mais adverso para o negócio de seguros (inflação global/taxas de juros elevadas/custos de insumos mais elevados), quais ramos de seguros tiveram melhor ou pior desempenho e quais foram as razões para o alto ou baixo desempenho?

Em 2022, o setor conseguiu recuperar todo o terreno perdido em decorrência da pandemia, com um faturamento nominal superior ao de 2019. Os ramos mais dinâmicos foram os de saúde, cobertura dos negócios e o seguro multirriscos.

Dentro do ramo não vida, o seguro de saúde cresceu 7% de um ano para outro e geraram uma receita de € 10.543 milhões, o que representou um máximo histórico. Esse crescimento reflete, em parte, as consequências da pandemia e, principalmente, o crescente interesse social percebido por essa modalidade de seguro, caracterizada pela eficiência na gestão e no serviço.

Outro destaque é o crescimento dos seguros multirriscos, que aumentaram 5,69% em relação ao ano anterior, ou seja, uma porcentagem muito sólida, principalmente nos seguros residenciais e industriais. Esse seguro também se beneficiou de um ano relativamente moderado em termos de sinistros relacionados ao clima. Além disso, as apólices de negócios, incluídas na categoria “outras não vida”, subiram mais de 5,14%.

O seguro de automóvel cresceu 3,3%. Embora o aumento seja um pouco menor que o restante dos ramos de seguros não vida, devido ao alto nível de concorrência, é importante ressaltar que houve um desenvolvimento positivo, e deve ser valorizado o fato do ramo ter conseguido crescer num ano muito difícil marcado pela inflação.

Quanto aos ramos com um desempenho mais moderado, vale ressaltar o seguro de vida em seu aspecto de poupança, pois ainda estava abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Em todo caso, é preciso observar que o seguro de vida já mostrava fraqueza antes da pandemia, em decorrência do ambiente de baixa taxa de juros, no entanto, cabe destacar que já existem indicadores que apontam para uma recuperação significativa e rápida em 2023.

Algum problema específico impactou o mercado local (regulamentação, situações climáticas extremas, judicialização etc.) em 2022?

Um dos principais obstáculos que condicionam o desenvolvimento do seguro na Espanha é a inexplicável decisão do governo espanhol de retirar os incentivos fiscais à poupança previdenciária individual. Os produtos previdenciários individuais possuíam um regime de tributação diferenciada, com isenção fiscal na fonte e no resgate ou processo de desacumulação. Esse tratamento tem piorado notoriamente, sendo esta decisão muito prejudicial para a poupança previdenciária na Espanha. As contribuições de poupança para a aposentadoria diminuíram significativamente nos últimos anos, justamente quando deveriam ter aumentado.

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