Saiba os passos necessários para implantar uma política séria que estabeleça, de fato, ações sociais, de governança e sustentabilidade
Sustentabilidade e governança são palavras da moda no mundo corporativo. O que não faltam são propagandas de empresas que alardeiam adotar uma política ESG para conquistar consumidores e investidores. Mas não basta que as empresas pareçam sustentáveis, elas precisam, de fato, ser. “Se não houver uma política clara que implemente medidas e atendam aos preceitos do ESG, as pessoas vão descobrir e o efeito pode ser desastroso para as marcas”, comenta Maria Heloisa Chiaverini de Melo, advogada especialista em Compliance, Governança e Direito Digital, e mestre em Ciências Sociais.
Ela e o especialista em ESG Marcelo Pereira, diretor da BrevenLaw, detalham os passos que as empresas precisam seguir para implantar políticas eficazes de governança e sustentabilidade. “O primeiro é avaliar todos os riscos e impactos ambientais, sociais e de governança da empresa. Isso envolve a utilização de sistemas que permitem uma análise interativa, com mapas de calor e matrizes de riscos, além da criação de relatórios detalhados para garantir transparência”, comenta Pereira.
Após a identificação dos riscos, diz a advogada, é preciso mitigá-los. “É recomendável documentar cada passo das ações, seguindo processos como o 5W2H, e implementar sistemas de monitoramento. Essa avaliação de riscos deve se estender à cadeia de suprimentos, utilizando tecnologia para otimizar o processo e garantir uma análise completa. Documentar esse passo a passo é a forma de a empresa comprovar que seguiu a cartilha à risca”, detalha Maria Heloísa.
Mas nem só de tecnologia se constrói uma política de governança. As empresas precisam do capital humano para que essa cultura funcione de fato. Para tanto, é imprescindível criar canais de comunicação interativos com os colaboradores para que todos estejam informados e treinados sobre os regulamentos de ESG. “Além disso, é preciso engajar a equipe no processo e isso começa com o envolvimento da liderança, que precisa incentivar uma cultura de governança e sustentabilidade”, explica a advogada.
Consistência
A governança deve ser robusta, com ferramentas de gestão das informações e avaliação contínua de todos os setores. “O compromisso com a transparência implica na geração de relatórios de sustentabilidade que sigam protocolos reconhecidos, como GRI e SASB, evidenciando o progresso em relação aos objetivos de ESG. É preciso prestar contas de todo o processo”, explica a especialista.
Uma política séria de ESG pressupõe transparência e honestidade sobre os desafios e conquistas. “É preciso evitar promessas que não possam ser cumpridas para construir uma relação de confiança com colaboradores, fornecedores, parceiros, investidores e, principalmente, com o público”, conta Pereira.
A busca por melhorias contínuas, investimento em novas tecnologias e no aprendizado com as melhores práticas do mercado são a chave para o sucesso do programa de ESG. “Implementar uma política ESG exige comprometimento, transparência e uma abordagem sistemática. Seguindo essas diretrizes, as empresas podem evitar o greenwashing, mas também se posicionar como líderes responsáveis no cenário global”, define Maria Heloísa.