O relatório BDO Construção Civil e Incorporação 2025 mostra que 90% das empresas do setor enfrentam dificuldade com mão de obra
A Construção Civil brasileira vive um paradoxo: crescimento robusto impulsionado pela demanda por moradia e desenvolvimento urbano, mas com a produtividade severamente limitada pela falta de capital humano. É o que mostra o Estudo BDO Construção Civil 2025: 70% das empresas cresceram, mas escassez de profissionais é o maior obstáculo à produtividade e exige foco em tecnologia e atração de talentos.
A pesquisa mapeou os desafios e oportunidades de 40 empresas do setor de todo o Brasil, revela que, embora 70% delas tenham crescido em 2024 (quase 60% com aumento superior a 15% na receita), a escassez de mão de obra qualificada de campo é o principal gargalo.
O levantamento aponta que 90% das empresas enfrentam dificuldades com a força de trabalho, e 65% veem esse fator como o maior obstáculo para o aumento da produtividade — superando até mesmo processos ineficientes.
“A Construção Civil está em um ciclo de recuperação e expansão, mas a falta de talentos se tornou o principal risco para a entrega e a rentabilidade. O setor precisa encarar a necessidade de investir na qualificação, retenção e no bem-estar de seus times”, afirma Diego Bastos sócio líder da área de Real Estate da BDO.
O estudo mostra, porém, que o setor não está parado. A despeito dos obstáculos, 83% das empresas conseguiram aumentar a produtividade. Essa melhoria está diretamente ligada às estratégias adotadas para contornar a falta de pessoal. A principal é a aposta na tecnologia, assinalada por 70% dos respondentes e do investimento em programas de treinamentos, ação adotada por 60%.
Em relação a inovação, 63% já utilizam Inteligência Artificial (IA) pontualmente ou regularmente, e 61% usam o Building Information Modeling (BIM) em algum nível. Apesar da utilização da IA, a maioria das empresas (73%) investe até 3% da receita em inovação tecnológica, sugerindo que há um grande potencial a ser explorado para mitigar o risco da mão de obra.
A alta dependência de subcontratações também é um ponto de vulnerabilidade das empresas do setor. Quase 60% dos respondentes operam com até 100 subcontratados, o que aumenta a complexidade da cadeia e exige um controle rigoroso de compliance e qualidade.
A pesquisa mostra que 32,5% das empresas sofreram perdas por insolvência de parceiros, e apenas 36,6% realizam avaliação financeira em todos os contratos, evidenciando uma lacuna na gestão de riscos da cadeia de suprimentos.
Apesar dos riscos, o setor demonstra solidez e uma visão de longo prazo: 83% das empresas aumentaram a produtividade e a principal estratégia é a tecnologia (70% utilizam), seguida por treinamento (65%). O otimismo é sustentado por contratos de longo prazo: 40% das empresas já têm trabalho contratado para mais de 18 meses, e 37% já possuem mais de 70% da receita de 2026 assegurada.
2026
As expectativas para o ano que vem são positivas, com 65% dos entrevistados esperam melhora nas condições de mercado em 2026. Para alcançar essas metas, as empresas do setor definiram suas prioridades estratégicas, colocando o fator humano no centro.
“A solução para a escassez de talentos passa pela modernização estrutural. Não basta adotar mais tecnologia; é preciso criar uma cultura que valorize e retenha o profissional qualificado. O setor deve enxergar a ‘Força de Trabalho’ não apenas como um custo, mas como uma prioridade estratégica que define a capacidade de entrega e o futuro do pipeline de projetos. Além disso, é essencial conscientizar que existe um plano de carreira sólido para a profissão: o trabalhador pode começar como ajudante e evoluir até se tornar mestre de obras, conquistando salários bastante atrativos. Essa perspectiva de crescimento é um diferencial para atrair novos talentos e manter os atuais engajados”, conclui Bastos.
