Sancor Seguros

Estudo da ESPM revela como consumidores brasileiros percebem os impactos do “tarifaço” dos EUA

cargo ships docked at the pier during day
Photo by Andy Li on Unsplash

Pesquisa nacional indica baixa compreensão sobre o tema, expectativa negativa para a economia e tendência de valorização de produtos nacionais

Um levantamento conduzido pelo Centro de Estudos Aplicados de Marketing da ESPM (CEAM), autoridade em marketing e inovação para negócios, com 1.000 participantes de todas as regiões do Brasil, revela que o chamado “tarifaço” – aumento das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros – é pouco compreendido pela população, mas desperta preocupação generalizada quanto aos seus efeitos sobre o consumo e a economia nacional.

A pesquisa mostra que a maioria dos brasileiros tem conhecimento limitado sobre o tema: 41% afirmam não entender bem o que é o tarifaço e apenas 19% dizem ter conhecimento claro sobre o assunto. Além disso, 45% dos respondentes se declaram com pouco ou nenhum conhecimento sobre política, o que pode dificultar ainda mais a compreensão do impacto dessas medidas.

Mesmo com o entendimento restrito, a percepção de que o tarifaço trará consequências negativas é predominante. Para 51,3% dos entrevistados, a medida afetará diretamente o Brasil, e 42,8% acreditam que também terá impacto em seu dia a dia. Quando questionados sobre os efeitos gerais, 68% preveem prejuízos para a economia, enquanto 41% avaliam que o impacto sobre a vida dos brasileiros será mais negativo do que positivo. Apenas 18,5% percebem algum benefício potencial.

Apesar de parte dos entrevistados acreditar que o tarifaço pode contribuir para a redução de preços e da inflação (45,3%), o sentimento mais comum é de apreensão quanto ao consumo cotidiano. Para 54% dos consumidores, os preços devem subir, especialmente nos alimentos (30%), combustíveis e energia (45%) e produtos importados em geral (27%). Como resposta, 60% afirmam que pretendem cortar gastos e dar preferência a alternativas nacionais.

Segundo Evandro Luiz Lopes, diretor acadêmico de Pesquisa e Pós Stricto da ESPM, esse movimento pode estimular um comportamento mais etnocentrista no consumo. “As pessoas tendem a comprar mais do que é daqui quando se sentem prejudicadas lá fora. É um jeito de proteger o que é nosso e reagir consumindo produtos nacionais.” De acordo com o levantamento, 57% dos participantes dizem que passarão a priorizar produtos brasileiros. Já em relação aos produtos dos Estados Unidos, 53,9% afirmam que o tarifaço não altera sua percepção, o que indica uma avaliação estável da imagem dos itens americanos, ainda que a confiança no país tenha se deteriorado.

 

Setores mais afetados e reações políticas

A percepção de impacto negativo se estende a setores estratégicos da economia. Para 73% dos entrevistados, o agronegócio será um dos segmentos mais prejudicados, seguido pela indústria (68%) e pelo comércio (53,9%), este último visto como menos exposto devido à menor dependência do mercado externo.

No campo político, 53,5% defendem que o Brasil adote medidas de resposta ao tarifaço. Ainda assim, a preferência é por soluções negociadas (21%) em vez de retaliações diretas, como a imposição de tarifas equivalentes (15%).

Sobre a confiança nas instituições brasileiras para lidar com a situação, os dados revelam um cenário de ceticismo. Para 48% dos entrevistados, o Governo Federal não transmite confiança, número semelhante ao registrado para o STF (49%). Ao todo, 41% avaliam negativamente a atuação das instituições, frente a apenas 31% que têm uma visão positiva.

Outro ponto de destaque é o potencial crescimento do sentimento antiamericano. Para 63% dos entrevistados, a medida adotada pelos EUA tende a piorar a imagem do país junto à população brasileira. Apenas 9% acreditam que a imagem dos EUA seguirá inalterada.

Total
0
Shares
Anterior
Demanda por crédito no Brasil cresce 8,5% em julho ante junho
A close up of a ten thousand dollars bill

Demanda por crédito no Brasil cresce 8,5% em julho ante junho

Índice da Neurotech destaca o impacto positivo das microempresas

Próximo
Câmara dos Deputados debate o papel do setor de seguros nas mudanças climáticas
Foto por: Guy Bowden/ Unsplash Images

Câmara dos Deputados debate o papel do setor de seguros nas mudanças climáticas

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos

Veja também