Modelos adotados por Estônia, Finlândia, Reino Unido e Índia são caminhos possíveis para a construção de uma gestão digital mais integrada, segura e centrada no paciente
Intitulado “Open Health: Uma nova era para a Gestão Digital da Saúde Suplementar Brasileira”, um novo trabalho produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) apresenta casos concretos de países que já implementaram modelos avançados de compartilhamento seguro e consentido de dados de saúde, promovendo maior integração entre sistemas e melhorando a experiência do paciente. O estudo completo está disponível para leitura e download gratuito em https://www.iess.org.br/
O material faz parte da série “Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035”, que reúne análises estratégicas e tendências sobre o futuro do setor no Brasil. O foco está em temas inovadores e transformadores e que estão na agenda da saúde suplementar, a partir de análises e debates desenvolvidos por alguns dos maiores especialistas do País na área de saúde.
O conteúdo apresenta uma visão abrangente sobre como experiências internacionais podem inspirar o desenvolvimento de uma gestão digital mais eficiente, conectada e centrada no paciente no contexto brasileiro.
Dentre os exemplos destacados estão:
- Estônia, com uma plataforma nacional de dados baseada em blockchain, que garante segurança e controle ao cidadão;
- Reino Unido, com o uso de APIs abertas para promover um ecossistema de inovação em saúde;
- Finlândia, que oferece ao cidadão acesso digital a históricos médicos e prescrições;
- Índia, que desenvolveu uma arquitetura federada adaptada às desigualdades regionais.
Conforme destaca o estudo, o Brasil já possui iniciativas relevantes em andamento. Entre elas, o ConecteSUS, plataforma do Ministério da Saúde que centraliza informações de saúde como vacinas e exames, e a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que viabiliza a troca segura de dados entre serviços públicos. A criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) e o avanço da Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2028 (ESD28) também reforçam o compromisso com a transformação digital. Além disso, o relatório menciona um projeto-piloto em Minas Gerais, que utiliza tecnologia blockchain para integração de dados entre o governo estadual e uma operadora privada.
Essas experiências reforçam o potencial do Open Health para trazer ganhos reais ao setor brasileiro, como redução de burocracias, diagnósticos mais precisos, portabilidade entre planos sem carência, personalização do cuidado e estímulo à inovação tecnológica.
No entanto, o estudo ressalta que o sucesso dessa transformação depende da superação de desafios estruturais e regulatórios, como a interoperabilidade entre sistemas heterogêneos, a garantia de segurança e privacidade dos dados (conforme a LGPD), a resistência institucional à digitalização e as barreiras da exclusão digital em regiões com infraestrutura precária.
“O Open Health representa uma oportunidade estratégica, mas exige soluções que respeitem a realidade brasileira. As experiências internacionais devem ser vistas como inspiração, não como modelos prontos para replicação”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.