Europ Assistance Brasil

EXPO ABGR 2025: Desafios e perspectivas do Novo Marco Legal dos Seguros

Luiz Otavio Artilheiro, presidente da ABGR / Foto: Universo do Seguro
Luiz Otavio Artilheiro, presidente da ABGR / Foto: Universo do Seguro

Nos dias 12 e 13 de agosto, o WTC, em São Paulo, recebeu a EXPO ABGR 2025, um dos mais relevantes encontros de gestores de riscos e especialistas em seguros do país. Com um público estimado entre 2 mil e 3 mil pessoas por dia, o evento bianual promovido pela Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos (ABGR) reuniu líderes do setor para debater, sobretudo, o tema que vem remodelando o mercado: o novo marco legal dos seguros, que entrará em vigor em dezembro de 2025.

À frente da entidade, o presidente Luiz Otavio Artilheiro compartilhou uma análise detalhada sobre os impactos da lei, os ajustes necessários e o papel fundamental da união de todos os elos da cadeia de seguros para garantir uma adaptação eficiente.

Do projeto à realidade: uma mudança estrutural

Segundo Artilheiro, a nova legislação passou, em apenas dois anos, de um projeto em discussão para um marco concreto que exige atenção e ação imediata. “Em 2023 ainda havia um grande receio, principalmente no que se referia aos grandes riscos e ao resseguro. Hoje, percebemos que o mercado já está se adaptando e buscando alternativas para as dificuldades que lá atrás eram apenas previsões”, destacou.

A lei, que redefine parâmetros de prazos, procedimentos e abrangência, traz impactos diretos na operação das seguradoras, resseguradoras, corretores e gestores de riscos. Para o presidente da ABGR, o ponto-chave é que o setor já compreendeu que a adaptação precisa ser conjunta.

Resseguro e grandes riscos: atenção redobrada

O resseguro aparece como um dos pontos mais sensíveis. Como a maioria dos associados da ABGR atua com grandes riscos, a transferência de responsabilidades via resseguro e retrocessão é prática essencial. “O mercado entende que continuará sendo possível transferir riscos, mas isso demandará um esforço coletivo e muito cuidado na colocação das apólices”, reforçou Artilheiro.

Outro aspecto citado foi a necessidade de tratamento regulatório específico para grandes riscos, diferenciando-os dos seguros massificados. Ele não descarta a possibilidade de complementações normativas por parte da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para assegurar a efetividade dessa separação.

Corretores: de vendedores a consultores de riscos

Uma mudança de postura será inevitável para os corretores de seguros. O novo marco legal exigirá que eles assumam um papel mais consultivo e estratégico. “Além de vender, o corretor precisará estudar profundamente a lei e orientar o cliente na adaptação às novas regras. Serão, cada vez mais, consultores de risco”, afirmou.

No caso dos grandes brokers, já habituados a operar em mercados internacionais, o desafio será alinhar as práticas globais à nova legislação brasileira, garantindo que a transferência internacional de riscos esteja compatível com as exigências internas.

Principais desafios: prazos e segurança jurídica

Entre os obstáculos, Artilheiro citou os prazos mais rígidos para regulação de sinistros como um dos maiores desafios, exigindo eficiência e comprometimento das companhias. Ainda assim, o presidente vê a mudança como positiva a médio e longo prazo. “A tendência é que, após o período de adaptação, tenhamos mais segurança jurídica e um relacionamento mais sólido entre as companhias”, avaliou.

EXPO ABGR 2025: negócios, networking e conhecimento

O evento, que reuniu representantes de setores como aviação e energia, além de seguradoras, resseguradoras e brokers, não apenas fomentou debates, mas também movimentou cifras expressivas. “Falamos certamente de milhões de dólares em negócios, considerando que a feira é formada por empresas que lidam com riscos complexos”, afirmou Artilheiro.

Para ele, o diferencial da EXPO ABGR está no fato de os temas serem escolhidos diretamente pelos risk managers, garantindo relevância e aplicação prática. “Queremos que todos saiam daqui com mais conhecimento, mais contatos e mais negócios para levar às suas empresas”, concluiu.

Olhar para o futuro

Se em 2023 havia apreensão, em 2025 predomina o otimismo cauteloso. Artilheiro acredita que, na próxima edição da EXPO ABGR, em 2027, o setor poderá avaliar os efeitos da lei com base em um ano de aplicação prática — e, possivelmente, celebrar uma evolução no ambiente de negócios e na proteção contra riscos.

Total
0
Shares
Anterior
Empresários brasileiros debatem em Curitiba soluções para seguir competindo no mercado internacional

Empresários brasileiros debatem em Curitiba soluções para seguir competindo no mercado internacional

5º Seminário de Negócios Internacionais reuniu cerca de 1800 participantes e

Próximo
Nova Lei de Seguros traz mais segurança jurídica e previsibilidade para grandes riscos, afirma Superintendente da Susep
Alessandro Octaviani, superintendente da Susep / Foto: Divulgação

Nova Lei de Seguros traz mais segurança jurídica e previsibilidade para grandes riscos, afirma Superintendente da Susep

Superintendente da Susep destaca que nova lei de seguros estabelece

Veja também