IODE-PMEs aponta novo recuo, após queda em dezembro; Comércio se destaca com desempenho positivo sustentado pelo atacado
O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a movimentação financeira média das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras registrou nova retração em janeiro (-1,5%) na comparação anual, após -0,9% em dezembro. Os dados mostram quedas consecutivas nos últimos quatro meses e evidenciam perda de fôlego do mercado em relação ao desempenho observado até o terceiro trimestre de 2024.
Figura 1: IODE-PMEs (Número índice – base: média 2023=100)
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, explica que apesar da resiliência do mercado de trabalho — com desemprego em níveis baixos e rendimentos reais elevados —, o cenário macroeconômico começa a impactar de forma mais significativa os negócios das pequenas e médias empresas. A desaceleração tem se espalhado entre os principais setores, com Indústria e Serviços apresentando resultados mais negativos.
“O aumento das expectativas inflacionárias e a elevação das taxas de juros afetam negativamente a evolução do consumo. Além disso, a Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE aponta perda de confiança nos últimos meses, reflexo tanto da piora da situação atual, quanto da percepção financeira futura, que reforça um panorama mais desafiador para o consumo das famílias no curto prazo”, afirma.
O Comércio foi o único setor com desempenho positivo em janeiro de 2025 – avanço de 7,8% no faturamento real em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento foi sustentado pelo segmento atacadista. As atividades de ‘comércio de fios e fibras beneficiados’, ‘comércio de resinas e elastômeros’ e ‘comércio de suprimentos para informática’ se destacam. No entanto, há sinais de alerta para o setor, como a queda na margem nos últimos dois meses, de -1,6% ao mês em relação a novembro de 2024, e a recente perda de fôlego do segmento varejista dentro deste segmento (-2,1% YoY em janeiro de 2025).
No setor de Serviços, os dados do IODE-PMEs mostram um faturamento 2,7% menor em janeiro, após retração de 1,9% em dezembro de 2024, concentrada nos segmentos de ‘alojamento e alimentação’, ‘educação’ e ‘atividades jurídicas, contábeis e de auditoria’. ‘Informação e comunicação’ e ‘atividades financeiras’ cresceram e evitaram um pior desempenho do mercado.
Já as PMEs da Indústria apresentaram perda de 3,4% no faturamento no período, após queda de 5,4% em dezembro. Dos 23 subsegmentos monitorados pelo IODE-PMEs, dez apresentaram retração no faturamento real em janeiro, com ênfase para as atividades de ‘confecção de artigos do vestuário e acessórios’ e ‘metalurgia’. Registraram avanço ‘impressão e reprodução de gravações’, ‘fabricação de móveis’ e ‘fabricação de produtos têxteis’.
As PMEs de Infraestrutura também apresentaram queda: 6,8% YoY em janeiro de 2025, mesmo depois de resultados positivos no quarto trimestre de 2024 (+9,7% YoY). Beraldi lembra que as taxas de juros e a menor confiança dos consumidores impactam a evolução das atividades da construção civil, que recuaram 8,5% YoY em janeiro.
Segundo o economista, os números acendem um sinal de alerta para o ano. “Os empreendedores enfrentam um cenário econômico adverso de pressões de custos, altas taxas de juros e menor propensão das famílias ao consumo, mas esses fatores não devem restringir o crescimento. A expansão tende a ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia, puxada por segmentos mais dependentes da renda do que do crédito”, complementa.
Sobre o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs)
Compreendendo a relevância das PMEs no desempenho econômico do nosso país, a Omie desenvolveu o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que acompanha as atividades econômicas das pequenas e médias empresas brasileiras. A pesquisa da scale-up Omie é um tipo de apuração inédita entre as empresas do segmento, atuando como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, além de oferecer uma análise segmentada setorialmente do mercado de PMEs no Brasil. Para elaborar os índices, a Omie analisa dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 170 mil clientes, cobrindo 736 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) – considerando filtros de representatividade estatística. Os dados são deflacionados com base nas aberturas do IGP-M (FGV), tendo como base o índice vigente no último mês de análise, com o objetivo de expurgar o efeito meramente inflacionário na série temporal, permitindo que se observe a evolução das movimentações financeiras em termos reais.