Tremores, ofegância e tentativas de fuga podem indicar crise: veja como preparar um refúgio, abafar ruídos e proteger cães e gatos dos fogos
O brilho no céu e o barulho nas ruas podem ser parte da tradição para muita gente, mas, para cães e gatos, o período de festas costuma ser sinônimo de medo. Em datas como Natal e Réveillon, os fogos de artifício e rojões se tornam um gatilho comum para crises de ansiedade e reações físicas intensas e, em situações extremas, podem levar a acidentes, fugas e até emergências veterinárias.
“O pets têm a audição muito mais sensível que a nossa. O barulho dos fogos é imprevisível, alto e repentino, o que ativa o instinto de sobrevivência do animal. O corpo entra em ‘modo de fuga’, liberando hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol”, alerta Luiz Gênova, CEO da APet – Plano de Saúde PET.
A seguir, reunimos um guia completo, com sinais de alerta e medidas práticas para reduzir o impacto dos fogos e atravessar o período com mais segurança.
Por que fogos afetam tanto os animais?
Enquanto humanos conseguem antecipar o horário das comemorações e racionalizar o que está acontecendo, muitos pets interpretam o som como ameaça real. O problema, segundo especialistas, é o “combo” do barulho: ele é alto, repentino e irregular. Isso desorganiza o animal.
“O barulho dos fogos é imprevisível, alto e repentino, o que ativa o instinto de sobrevivência do animal”, reforça Gênova. Nesses momentos, é comum que o pet tente fugir, se esconder ou se defender, mesmo dentro de casa.
Sinais de medo e estresse: o que observar
Nem sempre o sofrimento aparece de forma “óbvia”. Alguns animais ficam agitados; outros, paralisados. Luiz Gênova lista sinais típicos que merecem atenção: “Tremores, respiração ofegante, salivação excessiva, esconder-se, destruição de objetos, perda de controle urinário ou intestinal, podem ser alguns sinais de alerta”.
Também é comum ver:
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vocalização excessiva (latidos e miados fora do padrão);
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tentativa insistente de sair pela porta/janela;
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comportamento de “grude” (não desgrudar do tutor) ou isolamento total;
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pupilas dilatadas e corpo rígido;
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recusa de comida e água.
Quem tende a sofrer mais?
Alguns perfis são mais vulneráveis, embora qualquer pet possa desenvolver medo mesmo sem histórico anterior. “Filhotes, idosos, animais resgatados, cães de pequeno porte e raças mais sensíveis ao som costumam sofrer mais. Mas qualquer animal pode desenvolver medo, mesmo que nunca tenha apresentado antes”, diz o CEO da APet.
Quando vira risco real: por que não é “drama”
O estresse intenso não é apenas emocional: ele pode provocar alterações no corpo e desencadear quadros graves, especialmente em animais já sensíveis. “O estresse intenso pode causar taquicardia, crises convulsivas, problemas gastrointestinais e até infarto em casos extremos. Além disso, o trauma pode evoluir para fobia sonora permanente”, alerta Gênova.
Ou seja: além do sofrimento imediato, existe risco de que o medo se consolide e reapareça em outras situações com barulhos (chuva forte, trovões, obras e até motocicletas).
Antes dos fogos: prevenção é o que mais funciona
A melhor estratégia é se preparar antes do “boom”. Mesmo que sua cidade tenha restrições, é comum haver fogos em bairros e ruas.
1) Reforce a segurança contra fugas
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verifique portões, telas, trancas e frestas;
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mantenha o pet dentro de casa, com acesso limitado a áreas externas;
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use identificação: plaquinha com telefone e, se possível, microchip;
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evite passeios próximos ao horário mais provável de fogos.
2) Planeje um “refúgio”
A ideia é dar ao animal um lugar previsível, confortável e com menos estímulos.
“Criar um espaço aconchegante e silencioso onde o pet possa se refugiar”, orienta Gênova.
Vale montar uma “toca” com caminha, cobertor, brinquedo favorito e água em um cômodo mais interno. Para alguns pets, caixa de transporte aberta (sem trancar) funciona bem como abrigo.
3) Faça abafamento sonoro
“Ligar uma música relaxante ou TV em volume moderado para abafar os ruídos externos”, recomenda Genova.
Playlists calmas, ruído branco e TV podem ajudar a “diluir” o impacto do estampido, sem colocar o volume alto demais.
Durante os fogos: o que fazer (e o que evitar)
Feche a casa e reduza estímulos externos
“Fechar as portas e janelas para evitar que o som dos fogos fique muito alto ou que o pet fuja”, diz Gênova.
Mantenha cortinas fechadas para diminuir clarões. Se houver quintal, redobre a atenção: muitos acidentes acontecem em tentativas de fuga.
Mantenha uma presença calma
Falar com voz baixa, agir de forma normal e oferecer apoio costuma funcionar melhor do que “forçar” contato. Se o pet quer ficar perto, acolha; se quer se esconder, respeite.
Nunca castigue
Broncas e punição só aumentam a associação negativa com o momento e podem piorar o quadro.
Evite “soluções caseiras” e automedicação
Medicamentos calmantes ou sedativos só devem ser usados com orientação veterinária. O uso inadequado pode ser perigoso, mascarar sintomas e aumentar riscos.
Teleorientação e ajuda profissional: quando acionar
Se o pet apresenta sinais intensos, histórico de pânico, convulsões, problemas cardíacos ou gastrointestinais, vale buscar orientação veterinária antes do Réveillon e ter um plano de ação.
“Se tiver um plano de saúde, acionar a tele consulta como uma ótima alternativa para tirar dúvidas”, sugere o CEO da APet Saúde.
Em situações de crise (queda, ferimentos, convulsão, falta de ar, desmaio, vômitos persistentes), a recomendação é procurar atendimento presencial de urgência.
Depois da festa: como “desarmar” o medo
Passado o barulho, mantenha o ambiente calmo e reintroduza a rotina aos poucos. Observe se o pet volta ao normal nas horas seguintes. Se ele permanece apático, sem comer, assustado com qualquer ruído ou apresenta comportamentos novos (como destruir objetos ou urinar fora do lugar), vale agendar avaliação: isso pode indicar que o episódio deixou um trauma importante.
Recado final: proteção é para o pet e para a família
Ao atravessar as festas com planejamento, o tutor reduz risco de fugas, acidentes e crises, além de ajudar o animal a não transformar aquele medo em fobia duradoura. Como resume Luiz Gênova: “Lembre-se sempre de proteger seu pet e toda família”.
