Operação é inédita na Laqus e ocorreu junto a uma IDTech
A Laqus, fintech que facilita o acesso ao mercado de capitais para empresas e primeira Depositária Central de Valores Mobiliários a concorrer com a B3, realizou uma operação inédita nesta semana ao emitir a primeira nota comercial conversível em quotas societárias. A operação ocorreu no investimento da Cedro na Minds Digital, IDTech especializada em identificação de clientes e prevenção de fraude por meio de biometria de voz.
Em linhas gerais, notas comerciais são títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais. Quem os compra pode, por exemplo, emprestar dinheiro para uma empresa para expandir as operações ou, até mesmo fazer, qualquer outro grande investimento. A operação é acessível a quaisquer empresas não-financeiras enquadradas como sociedade anônima (S/A) ou limitadas (LTDA), de capital fechado ou aberto. E elas podem emitir esses títulos no mercado.
O resultado é que se amplia o mercado para empresas limitadas, que antes não tinham acesso a um instrumento como esse, já que a nota comercial é um instrumento de dívida que antes era praticamente acessado pelas S/As por meio de debêntures. O diferencial nessa operação da Laqus é que o investidor usou o instrumento de uma forma bastante inteligente, aproveitando a convertibilidade em quotas da empresa. Ou seja, é um título de dívida que pode ser convertido em quotas da empresa, conforme negociação entre credor e tomador, que pode incluir valuation, prazos e outros aspectos.
“É uma operação interessante porque é possível emprestar dinheiro para companhias que estão começando, como startups. O investidor fica de fora do quadro social da startup e figura como credor da empresa, tecnicamente. A operação com a nota comercial conversível estipula momentos no futuro em que o credor da dívida entrará para o quadro societário. Em linhas gerais, esse instrumento garante a participação societária na empresa (equity), dando proteção como investidor”, explica Rodrigo Amato, fundador e CEO da Laqus.
A proteção do investidor é uma das vantagens do instrumento, pois ele não ingressa imediatamente na sociedade, adiando esse momento até que algumas etapas já tenham sido vencidas pela empresa. Ou seja, é possível entrar na empresa se ela estiver crescendo e performando bem.
“Foi o primeiro investimento que fizemos usando como estrutura a Nota Comercial, como uma alternativa aos tradicionais modelos com conversibilidade que sempre usamos, como debêntures ou mútuos conversíveis”, conta Alessandro Machado, sócio diretor da Cedro Capital.
A nota comercial, por si só, tem sido um importante instrumento utilizado pela Laqus. Apenas nos últimos quatro meses, foram R$ 1,2 bilhão em notas comerciais privadas depositadas, num total de 72 operações. Dentre essas emissões, 21 foram empresas que pela primeira vez acessaram recursos via mercado de capitais, o que mostra a capacidade do instrumento de facilitar o acesso de empresas de médio e até de pequeno porte a estes recursos, o que antes era concentrado em grandes empresas. Também como sinal de desenvolvimento da indústria, para os fundos de investimento o instrumento representa mais segurança e liquidez, dada a grande flexibilidade de uso e possibilidade de negociação no mercado secundário.
Além de operar junto a empresas, o ecossistema Laqus tem se mostrado como uma opção para bancos de vários portes, mas especialmente os médios, que também optam por utilizar o instrumento com o objetivo de ganhar competitividade com clientes do segmento Middle Market (faturamento entre R$ 30 milhões e 300 milhões) e, por consequência, aumentar seu market share (participação de mercado). A companhia hoje já opera com diversos bancos, gestoras de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), escrituradores e custodiantes do mercado.
No portfólio de clientes que utilizam o ecossistema Laqus estão companhias de prestígio, como Burger King, EcoAgro, Natura, CMAA e, mais recentemente, Adeste, GS INima, Nova Agri, Agro Amazônia e Frigol. Por meio de softwares da fintech, monitoram suas obrigações como emissor de títulos de dívidas privadas, entre outras operações do mercado como financiamento bancário e operações de hedge.